Capítulo 5 - O cavalo branco

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O cavalo branco



Como aquela mulher podia me trair estando ao lado do meu quarto, ela não tem o mínimo pudor?

A madrugada era minha amiga enquanto remoia tudo o que se passava em minha vida. A porta se abriu e por um milésimo de segundo pensei ser Addison, contudo era aquela mentirosa de uma figa, Áine.

- O que você quer? - Virei o rosto para que ela não reparasse a dor que tudo aquilo me causava.


- Mer, não fique assim minha menina...- Ela pousou sua mão direita em minha face desmanchada. – Minha nossa, o que aconteceu?


- Você, você mentiu! Ela não me ama, ela me trai, é uma satânica! – Disse aos berros o que de fato havia ocorrido, e ela olhara-me entristecida. Sentou ao meu lado na cama e começou sua defesa.


- Meredith, é verdade... Addison não te ama, ao menos não ainda, mas você pode reverter essa situação. Uma mulher como você tem poderes que até os deuses desconhecem, você tem o poder de sedução.... Vamos menina, arremate esse coração para ti.


- Então quer dizer que toda aquela história que Addison me esperava durante séculos....Era tudo mentira?


- Quê?, Não é assim... Em algumas vidas ela era romântica, mas nesta.... Ela foi ferida por pessoas que considerava como amigos, agora todos tem que pagar... Ela se fechou para o mundo da pior forma, se tornou frio e calculista....Como você pôde ver hoje. Não se importando com ninguém além dela mesma.


- Então porquê essa delinqüente se casou comigo? – A olhei com rancor.


- O seu dote, era o maior de toda a redondeza, você além de bonita, faz parte da família mais rica da Irlanda.


- Que idiota interesseira! – Falei com a mágoa que havia ganhado em forma de presente de casamento de minha esposa.

Ficamos mais um pouco, olhando a lareira destruindo as lenhas. Mudamos de assuntos várias vezes... Ela era uma senhorinha mentirosa, mas nada é perfeito, certo? Quando ela retirou-se eu deitei, não dormi... Tinha poucas horas para maquinar minha doce vingança.

A manhã chegou e com ela o início de meu desprezo. Desci para tomar meu primeiro café como uma senhora Montgomery, na mesa encontrava-se apenas Archer, mais esse ainda! Como se não bastasse uma esposa galinha tenho um cunhado que canta de galo!

- Olá senhor Archer. – Disse curta e seca.
- Não me chame assim, sabe que não é preciso este tratamento formal comigo. Me chame apenas de Archerzinho, ou se você preferir, amor.

Não pude conter meu riso, esse cara tinha as piores cantadas da idade média isso eu tinha certeza!

- E aí, como foi a sua noite de casada? – Esse cara está plantando verde para colher maduro.


- Foi ótima, como eu nunca poderia imaginar, nem em meus melhores sonhos... – Falei com um brilho nos olhos que nem Addison duvidaria que nossa noite havia sido perfeita, eu sempre fui uma excelente mentirosa!


- Hum, quer dizer que essa batalha eu realmente perdi? – Archer fazia um muxoxo fascinante.


- Hahahaha, a batalha sim, mas a guerra só está começando nobre cavaleiro! – Comecei a entrar naquela estranha batalha naval.


- Então caro Archer, o que você faz para se divertir neste imenso castelo? – disse exibindo o meu melhor sorriso do estoque.
- Cavalgar.... – Enrubesci ao lembrar Addison "cavalgando".- Ainda bem que ele não percebeu.


- Temos os melhores cavalos da Irlanda, você sabe? Cavalgar? – Não sei se minha mente está poluída demais para a idade média ou se Archer está sorrindo maliciosamente demais para um homem da idade média, receio que seja a segunda opção...


- Ando à cavalo desde pequenina... É fascinante, faz-me sentir livre, das agonias, das dores, de tudo e de todos.


- Então está decidido! Vamos cavalgar! – Archer levantou e ofereceu sua mão para que eu levantasse.

O jardim da casa era divino, nada se igualava com aquele verde tentador da grama. Foi quando vi, aquele belo....

- Minha nossa, que lindo! Eu montar neste! – Falei contagiante.


- Acalme-se senhora, mais um pouco e sua amada esposa matará o cavalo por ciúmes...


- Qual é o nome dele? – Não estava nem aí para Addison, ela tinha morrido de verdade em todas as vidas para mim.


- Ele não tem nome... É só um cavalo a mais no haras! – Archer esnobava-o. Pobre cavalo.


- Você vai se chamar, branquinho!


- Alguém já lhe disse que você é muito original? – Ele era muito sarcástico.


- Sim! – Aproximei-me de branquinho, apoiei-me nele e tomei impulso, pena que não foi o bastante, perdi o equilíbrio e a força, apenas senti o impacto de minha cabeça com o chão e escutei meu nome sendo clamado, perdi os sentidos por segundos e ao retornar deparei-me em uma cena inusitada, Archer estava....em cima....de mim...

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

De volta ao passado - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora