A Realidade

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Abro os meus olhos, que ao retirar os óculos, imediatamente recebem a claridade da luz do sol. Sento em minha cama e espero alguns segundos para levantar e andar devagar em direção ao console. Desligo-o e abro as cortinas, sentindo o sol esquentar minha pele, me proporcionado energia e vitaminaMinha casa está um completo silêncio, como sempre, tudo o que era de se esperar, já que eu moro sozinho. Tomo meu café da manhã e vou para fora, pois precisava fazer compras, e toda  vez que precisava sair para algo, por menor que fosse, era uma luta... meu estado chegou a um nível, que me arrastar para os lugares era o o único jeito. Fiz oque precisava, voltei para casa e então liguei o console e o óculos, entrei no saguão e coloquei para atualizar - aquele jogo estava implorando pelas atualizações - enquanto isso acontecia, fui imprimir novas partes do mapa do jogo, para sempre ficar ciente dos lugares onde haviam as melhores missões e recompensas, e para marcar novas áreas as quais eu tinha descoberto ("descoberto", pois esses lugares já estavam ali e outros jogadores já os haviam encontrado, mas para mim eram novos). Após marcar os últimos pontos de missões e exploração, fui deitar e realmente descansar um pouco, tive uma boa quantia de trabalho entregue hoje - consigo trabalhar de casa, já que mexo com alguns tipos de designers e marketing digital.

Até enquanto estou dormindo minha mente se mantém no jogo, com o mapa e as ruas gravadas na memória. Muitas vezes me pego pensando em como o mapa e alguns detalhes do jogo são parecidos com a realidade. Quem sabe seja minha cabeça tentando transformar o jogo em um lugar mais parecido com o meu lar e onde eu moro. Me levanto rapidamente, fazendo com que a minha pressão caia, escurecendo minha visão e me deixando tonto.

Estou correndo pelas ruas, até a floricultura favorita dela, apesar de nunca ter vindo aqui, mostrei tudo por foto, e ela se apaixonou pela estrutura e a decoração do lugar. Compro suas flores favoritas (eram lindos lírios), em seguida vou para o mercado,  pego um vinho e compro alguns pães e carne de porco - comidas na qual sempre comíamos as sextas à noite -, volto a todo vapor para casa, tempero a carne apimentada, do jeito que ela gostava. Estava todo suado, me direciono ao banheiro e entro no chuveiro, tomando um banho um tanto demorado, enquanto a carne assa. Logo, encontro-me em frente ao guarda-roupas, e sem saber oque vestir, olho para o relógio em meu pulso, ainda me restava tempo. Me indigno comigo, como pude esquecer isso? Olho novamente para o armário, tomado pela raiva, e lembro da roupa que combinávamos de usar, roupas de época, assim como as do jogo. Adentro a cozinha e verifico a carne, estava pronta. Coloco tudo dentro de uma cesta, junto a uma toalha de piquenique. Saio de casa e tranco a porta, indo para a direção da floresta. Passo um tempo caminhando, até que encontro nosso lugar. Deposito a cesta no chão, abrindo-a e monto "nossa" refeição, acendo as velas para iluminar melhor ao meu redor. Sinto meu coração bater forte, meus olhos arderem e molharem, a medida que distribuo as coisas na toalha.

Respiro profundamente. Nosso sonho era fazer disso algo real, no qual pudéssemos nos tocar, sentir os lábios um do outro, e ficarmos bêbados até mal conseguirmos ficar em pé.

Dou uma risada anasalada e declaro: - "Irei fazer isso todos os meses e anos, até o dia em que eu possa estar com você!" - Ergo um pouco a taça, e a viro, bebendo tudo em um gole, como sempre fazíamos...

Como meu pão com carne de porco, acabo com toda a comida, recolho tudo e vou tomando o vinho na garrafa pelo caminho de volta. Tenho dificuldade para destrancar a porta e quase caio durante o caminho, deixo a cesta e a garrafa vazia em cima da mesa e vou para o quarto me jogar na cama. Eu estava muito ferrado, havia dormido cedo ontem, e tinha um compromisso com meus amigos do jogo. Me levanto rápido, tomo meu banho, me higienizo e coloco uma roupa quente - fazia frio - e enquanto tomo meu café, mando uma mensagem para os meus amigos no nosso grupo, pedindo desculpas e explicando o porquê de não ter comparecido ao nosso encontro.

Coração E EspadaOnde histórias criam vida. Descubra agora