Embaralhado

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Estava correndo por entre as árvores da floresta. - o que acabara de acontecer? - Minha visão estava embaçada e minha mente rodava como um pião. Sentia minhas mãos arderem, como se as tivesse colocado no fogo. Continuo correndo, até que tropeço em algo, batendo minha cabeça com força no chão.

O dia havia começado bem, com um clima leve. Então decidi que iria pegar um pouco de sol. Abro as janelas para iluminar o quarto, e faço o mesmo com as portas de vidro que dão em uma pequena sacada, pego minha bandeja de comida e sento em um pufe. Relaxo enquanto termino meu café, respiro profundamente sentindo o ar entrar pelos meus pulmões. Sentia que hoje seria um dia de mudança e que algo estava para acontecer. 

Mantenho tudo aberto, portas e janelas, deito na cama e coloco meu óculos de realidade virtual. Sempre que faço o login, admiro as imagens que passam na área de carregamento, e existe uma em específico que me atraí. É uma cachoeira na qual já estive, e resolvi que hoje voltaria lá, pois já fazia um bom tempo que não a visitava, e era o local onde havia conhecido Beatriz. Estava orgulhoso de mim por conseguir tomar coragem para voltar naquele lugar.

Apareço em minha casa, deitado na cama, me arrumo rápido e sigo para a cachoeira.
Depois de tomar um bom banho, me sento em algumas pedras e observo a beleza do lugar, olhando as quedas da água, vejo que existe uma espécie de entrada para dentro da cachoeira. Pego minhas roupas e vou em direção a entrada, caminho devagar, analiso o local e me visto enquanto olho para o fundo escuro da caverna.
Meus olhos se acostumaram com o breu do lugar, então vou cada vez mais adentrando, enquanto me guio pelas paredes, até que minha visão começa a ser clareada por uma luz, que parece vir de algo do outro lado de uma porta. Me aproximo a passos leves percorrendo o trecho até a entrada, que dá em um salão estranhamente redondo com gravuras nas paredes, retratando cinco pessoas de raças diferentes: um Elfo Maligno, um Anão Desordeiro, uma Ninfa Sentinela, um Humano Saqueador e por fim, um Feiticeiro Celestial. Quando termino de ver as imagens e ler os nomes, sinto um peso se instaurar na sala e o ar ficar frio. Algo passa pelas minhas costas, fazendo meus pelos arrepiarem. Seguro minha espada firmemente por puro extinto. Foi então que algo na mesa de centro se revelou, encravada, assim como a espada de Arthur, estava Sadta Basgrea, a espada sagrada!
Ando em direção a ela, estico meu braço, e com minha  mão quase a tocando surge uma sombra imensa, que toma a sala em uma escuridão assombrosa, mas que logo se dissipa revelando um espectro de armadura que logo ganha massa. Era como se algo estivesse instalado em minha mente, que me faz lembrar da canção do bardo.

"Estava encravada a espada, na mesa dos cinco. Incubido de proteger a espada, um guerreiro vagueia pela sala, preso naquele mesmo lugar, ano após ano. Todos que ousaram desafiá-lo, morreram ao fio da sua espada. Um guerreiro habilidoso, que com sua sabedoria em batalha, liderou exércitos e dizimou seus inimigos. Foi escolhido pelos deuses, para ser o protetor da espada, e assim ele o fez. Não era imortal, mas também não era mortal. Diz a lenda, que apenas quem derrotá-lo em um duelo, poderá se apossar da espada."

Se eu estava ferrado?! Essa palavra era pouco para descrever a minha situação. Ouço um assoviar, e logo a ponta de uma espada se encontra em meu pescoço.

"O que o trás aqui?" - Uma voz estrondosa e arrepiante ecoa pelo salão.

"Nada! Estava apenas curioso, nunca havia visto essa entrada na cachoeira! Foi tudo um mero acaso."

"Nada nessa vida é um acaso! Lute comigo! Se me derrotar em combate poderá se apossar da espada e ela lhe concederá um desejo!"

No momento em que ouço sobre o desejo que seria capaz de fazer, me interesso pela espada. Imagino o quão maravilhoso seria se pudesse vê-la novamente... mas então cai a ficha de que isso não seria possível, não do jeito que eu gostaria.

Empunho minha espada, me preparando para lutar. A tensão no ar é palpável, assim como o desejo. Dou a primeira investida, e o vejo apenas desviar do meu ataque com a espada. Escuto o som dos ferros se chocando e arrastando um no outro, viro rapidamente desferindo mais um golpe, tentando acertar a parte exposta da armadura, mas prontamente ele se defende novamente.

Esse cara vai apenas se defender?! Não virá para cima nunca?!

Apenas um momento em meus pensamentos, e vejo ele vindo em minha direção, como se seus pés mal tocassem o chão. Recebo seu golpe firme, que me leva a alguns bons passos para trás, minha barra de vida desce, olho para a dele e continua cheia, ele está intacto.

Coração E EspadaOnde histórias criam vida. Descubra agora