Sadta Basgrea a Besta Sagrada

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A primeira pessoa em quem ele mirou, foi a Julia. O desgraçado sabia que ela era muito importante para mim. Eu achei que ele iria acertar, mas de algum jeito, ela desviou - Graças a Deus! - Eles acabaram se separando, e ele decidiu ir atrás do Josué. Estava correndo atrás dele, quando viu Max e mudou a rota. - Merda! - Estava se esgueirando para que Max não o visse, ele estava na cola do meu amigo. Eu estava desesperado, tentando impedi-lo, mas nada resultava.

Esse bicho ficou aguardando algum tempo, até que começou se aproximar do esconderijo, devagar e sem fazer se quer um barulho. Desceu, e observou Max, que estava cansado e de olhos fechados, o vi abrir e ter a visão assombrosa de mim ensanguentado em sua frente. As lágrimas começam a tomar conta dele, vê-lo assim estava me matando. Mas o que mais me torturou, foi ver ele congelado de medo, sendo arrastado com uma força que eu não tinha.
Esse negócio jogou ele na entrada da floresta, onde meus amigos tinham se separado. Posicionou a espada, e com  um golpe certeiro, matou meu amigo.
Meu corpo frio, no chão, estremece todo, sinto náuseas e logo vomito. Sinto o prazer que esse monstro sentiu, ao tirar a vida de Max. Ele fica horas rondando a mata, rastreando meus amigos, e em fim encontra as pegadas do Josué, que acabou indo por um caminho mais lamacento. Essa coisa que estava em mim, encontra o lugar em que Jo se esconde - não é um bom esconderijo, mas acredito que ele não conseguiu achar um melhor - e passo por passo ele se aproxima. Para ele nós somos um jogo, como um labirinto cheio de ratinhos que ele adora caçar. Ouço a respiração um tanto pesada do Jo, e em seguida tenho a visão dele encolhido, atrás de uma grande pilha de madeira. Ele ataca, mas antes de finalizar, vê uma mensagem da Júlia no celular.

"Nós precisamos sair daqui! Vamos nos encontrar na saída da floresta e tenta enviar uma mensagem para o Max, ele não me responde." - Ele encara o Josué, e então apaga ele. Coloca o garoto em um dos ombros e vai para o local combinado. Ao chegar ele amarra o Jô em uma das árvores e aguarda a chegada da Júlia, que pouco tempo depois, está no lugar. Primeiramente ela vê nosso amigo preso, mas depois eu apareço, levantando a espada em direção ao pescoço do menino. Os olhos dela se enchem de lágrimas.

"Júlia... O Max, ele... ele matou o Max!"- Jo direciona seu olhar para trás de mim, mais ao fundo, fazendo Júlia o seguir e encontrando o corpo gélido e sem vida do nosso Max. Ela deixa com que as lágrimas caiam em seu rosto, enquanto volta seu olhar para mim, me olhando profundamente, tentando achar a minha alma.

"Lucas... eu sei que você está ai, eu sei! Seja lá o que tenha acontecido, volta para mim, nós podemos resolver as coisas, podemos te ajudar..."

Pressiono a espada com mais força e a arrasto, cortando aos poucos a pele do pescoço do Josué.

"Tenta se lembrar, por favor! Sou eu, a Júlia, Jujuba, lembra? Esse ai, ele é o Jo. Lembra quando estávamos jogando e você estava com a barra de vida lá em baixo e sofreu um super dano? O Jo que teve a ideia de sairmos com você atrás de outros itens e te ajudamos nas missões."

As coisas que ela diz, as lembranças, me dão força e de algum modo, parece desestabilizar esse bicho. Abaixo a espada e olho para ela emocionado. Observo a arma em minha mão, penso em jogá-la longe, mas meu braço não obedece meu comando e quando vejo, a espada está encravada na árvore e a cabeça do meu querido amigo, no chão. Júlia é banhada com o seu sangue, assim como eu, a vejo em choque e sinto o instinto assassino dele. Tento desesperadamente retomar o controle, mas algo me prende e me joga de volta ao chão, as vozes voltam a me atormentar, até que uma se sobressai.

"Não existe Ele, Demônio ou Bicho. Esse monstro? É você! É o seu lado obscuro, consumido pela dor."

Impossível! Eu nunca senti isso, esse lado.

"Você é tão tolo! Nunca esteve mais do que duas vezes naquela caverna. A primeira vez que tocou na espada, foi o suficiente para infectá-lo, já seria o bastante para consumir cada canto do seu cérebro. Só precisávamos de um hospedeiro e você nos serviu muito bem. Mas somos muito teatrais, então uma chacina com espada, parecia bastante medieval e de certa forma, elegante.
Agora, só precisamos que algumas pessoas toquem nos corpos e depois tenham contato com outras pessoas, para proliferar o vírus e tomarmos conta de tudo."

Era tudo uma ilusão? Eu era um hospedeiro? O que é isso que me infectou?
Enquanto essa coisa dialogava comigo, ao mesmo tempo ela ou eu... aterrorizava a Júlia.
Ela estava com as mãos amarradas e vários cortes pelo corpo. A espada se aproxima do pescoço dela e encosta fazendo um corte um tanto quanto profundo, retiro a espada lentamente do local, a seguro com as duas mãos, e levo novamente ao pescoço de Júlia.

Estar dentro de mim sem poder fazer nada, me deixa angustiado, desesperado, são tantas coisas que se passam na minha cabeça e tudo está em câmera lenta, até que solto um grito estridente e forte.

"NÃO!!" - E nesse momento, meus braços me obedecem e param, eu estou de volta ao controle. - "Júlia, me perdoa! Eu não queria fazer nada disso, não sei o que está acontecendo." - Falo em quanto solto ela. - "Me perdoa..." - A abraço, chorando ao ponto de soluçar. Então começo a sentir meu corpo tremer, minha visão embaça e escurece aos poucos.

"Você não pode se livrar tão fácil assim. Nós estamos na sua cabeça e já tomamos conta dela."

Eu acho que simplesmente fiquei louco. O vírus me alucinou e agora eu feri a todas as pessoas que amo. No final de tudo, eu apenas estava doente e não percebi. Pego a espada novamente e me afasto de Julia. Minha visão estava escurecida quase por completo, então aproveito meus últimos momentos de lucidez e digo. - "Eu te amo, Júlia. Me perdoa por tudo isso." Seguro a espada com as duas mãos, miro no meu peito e a encravo. Toda a vida do meu corpo se esvai, tudo fica escuro e frio. Esse é o fim. Mas espero que ela fique bem, eu a abracei, a contaminei... Por favor, achem a cura!

FIM.

Coração E EspadaOnde histórias criam vida. Descubra agora