Jhon POV
O espanto dos homens naquela sala... Realmente me deixou curioso. A grande maioria dos homens que ocupam as cadeiras do Conselho são muito mesquinhos e superficiais. Ligam para posição social que você ocupa, o dinheiro que você tem, as joias que possui, e até mesmo o tamanho da casa em que você mora.
Três ou quatro homens, incluindo meu pai, não colocam dinheiro ou posição social em primeiro lugar. Pelo contrário, valorizam virtudes, tais como honestidade, caridade, a forma como se porta, a forma como você trata o seu semelhante, essas coisas. Homens muito religiosos. Não acho que esteja errado, mas tem certas coisas que ouvi na Igreja, e apenas não consigo acreditar. Meu pai pensa da mesma forma, porém, as virtudes que aquele livro ensina, para ele, faz um pouco de sentido.
Mais uma vez, aquela dúvida: ''Qual a razão dos homens do Conselho, com exceção do meu pai, desprezarem aquele jovem rico, inteligente e educado?''
[ . . . ]
Minha vontade de conversar com Edgar foi imensa porém, trocamos apenas um aceno de cabeça quando ele se sentou na mesa. Quando decidi que iria puxar assunto com ele após o jantar, Edgar vai embora dando uma desculpa que precisa cuidar de seu pai e agradece ao meu pelo convite e se vai.
O jantar já acabou e o ultimo homem foi embora.
Minha mãe subiu para descansar, restando apenas meu pai eu e na sala.
- O que achou do jantar, Jhon? - meu pai pergunta
- Interessante pai, qual motivo da pergunta?
- Você ficou até o final, geralmente teria subido com sua mãe.
- Quero lhe perguntar algo - digo
- É sobre Edgar que você quer saber? E o motivo daquela reação dos homens do Conselho? É por conta disso que ficou até o final?
- Exatamente
- Não tenho o que dizer, Crowley Humboldt é um grande amigo meu - meu pai diz simples
- E então por que aqueles homens ficaram assim? Ele por acaso matou alguém?
- Nunca mais repita isso, Jhon - diz meu pai firme - Não sou amigo de assassinos ou ladrões, vai contra meus princípios.
- Então não consigo pensar em qualquer outro motivo para tal reação - digo - Pai, conta para mim, quero entender, por favor.
- Não tem o que contar - ele diz - Vou dormir, o dia foi agitado.
- Boa noite, pai
-Boa noite, filho.
[ . . . ]
O final de semana passa sem muitas emoções, até que chega a amada segunda feira, dia onde eu volto a trabalhar. Gosto de exercer a minha profissão. Me faz bem, faz com que eu me sinta realizado.
Após colocar o casaco e o chapéu, entro na carruagem e vou e direção a academia de medicina, logo de manhã, estão os enfermos que chegaram a noite e ficara sobre os cuidados de alguns assistentes.
O prédio feito todo em pedra, madeira e aço com poucas janelas, mais lembra um convento, não só pela estrutura, mas também pela constante presença de freiras que rezam pelos doentes.
Inspiro o ar gélido e de mal cheiroso da manhã e Londres, e adentro o local.
Escuro e frio, devido as paredes grossas, com apenas algumas velas e lampiões iluminando o local.
- Bom dia, Senhor Griphen - cumprimenta-me uma das freiras
-Bom dia, irmã - respondo - Alguma novidade nesse final de semana? Algum paciente novo?
- O paciente que estava no leito 4 piorou, temo que não passe de hoje
-Irei conferir, irmã. Caso ele morra, já deixe as coisas separadas, fale com o padre da catedral, o deixando avisado sobre o velório. - olho ao redor, e vejo o sofrimento dos doentes - Obrigado, irmã
Ela me olha, dá um aceno de cabeça e vai resolver seus afazeres.
Fecho os olhos e respiro fundo sinto o cheiro fraco de urina, fezes, morte e mais forte o cheiro de sabão. Escuto também os gemidos de dor de alguns moribundos, o ronco de outros e o barulho da cidade do lado de fora.
-Senhor Griphen! - ouço a mais nova noviça me chamando - Senhor Griphen! Senhor Griphen!
- Sim, irmã?
- O senhor tens um paciente novo. Me pediram para chamar o senhor - diz a noviça ofegante, provavelmente veio correndo. Ela respira fundo e diz mais calma: - É um atendimento a domicílio, porém é meio longe já que a casa fica e uma parte mais afastada da cidade.
- Outro médico não pode ir? Estou trabalhando aqui, tenho um paciente que pode morrer hoje, não posso sair.
- Mas senhor nenhum médico quer ir lá - ela diz de cabeça baixa
- Ora e por que não? - ela hesita - Me responda!
- É a família Humboldt, senhor. A fama deles não é boa... E como o senhor não tem medo...
- Que fama?
- Bruxaria - ela fala a faz o sinal da cruz
_______________________________________________________________
VOCÊ ESTÁ LENDO
Através do tempo
FantasiLondres, 1627 Jhon, rapaz jovem da alta sociedade Londrina, cético e recém formado na academia. Seline e Edgar, irmãos misteriosos, muito bonitos, que possuem má fama. Brasil, dias atuais Jhon, professor em uma universidade de história, encontr...