Mais uma vez

Doze

E eu só queria te lembrar
que aquele tempo eu não podia fazer mais por nós
eu estava errado e você não tem que me perdoar

- Céu azul, Charlie Brown Jr.

Hugo

Nunca pensei que fazer terapia fosse uma coisa tão boa. Sério, sem brincadeira. Agora eu preciso arranjar uma maneira de agradecer a Mônica por ter aberto meus olhos.

Acabei tendo que ir no psiquiatra, com o diagnóstico de ansiedade e tendo que tomar um remédio toda noite, além de fazer exercícios. Não gostei nada dessa parte, nada mesmo.

Recuperei meu ritmo de trabalho e até consegui lidar com a Sara todos os dias sem surtar. Pelo que fiquei sabendo, o buraco com ela é muito mais em baixo do que a minha simples ansiedade.

E não, ainda não consegui me decidir sobre Sofya. Abandonar uma amiga querida a própria sorte ou acabar com as nossas vidas de uma vez? Por quanto tempo essa farsa duraria? No momento, estou indo pela segunda via e não gosto nada disso. Mas acho que não tenho outra opção.

Juliana solta um berro frustrado assim que entro na casa do Seu Gabriel, seguido por um baque surto de alguém caindo.

A risada estridente da minha irmã me alcança enquanto caminho pela sala até o corredor da cozinha.

- Hahaha, seu idiota! - Me deparo com uma cena um tanto quanto... bem, normal, se você levar em conta a minha família.

Minha família. Falar isso me deixa feliz.

- O quê está acontecendo aqui? Vocês dois estão brigando de novo? - Pergunto, ajudando Caleb a se levantar de onde ele estava caído, coberto de molho de tomate. Juliana está com farinha até os cotovelos e ri da situação enquanto enrola uma bola de massa entre as mãos.

Caleb se equilibra o suficiente para apontar para minha irmã.

- Ela me jogou uma lata de massa de tomate na cara!

Juliana joga a massa no balcão.

- Não senhor! - Ela abana a mão, nos sujando de farinha também - Quem começou isso foi ele, Hugo! Caleb derrubou refrigerante no livro de receitas da Tia Clarisse!