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noah

Todos os domingos eram entediantes, mas o de ontem não foi.

Passei o dia com Luísa e com Sina. A cada dia eu ficava mais apegado a elas. Não sei se isso é bom ou ruim, mas de qualquer forma, acho que não vou me arrepender 

Hoje tenho minha consulta com Sina. pretendo contar a ela sobre tudo, exatamente. depois da nossa aproximação, sinto que posso confiar ainda mais nela e que devo ajudá-la. cuidar sozinha de uma criança não se deve ser fácil  

Comecei a me arrumar até que meu celular toca. Número desconhecido. Mas resolvo atender. 

-alô? - digo assim que atendo 

-Noah? Noah, sou eu, seu pai - fico paralisado, eu já tinha o bloqueado e ele voltou com outro número. com certeza me ligou para me fazer mal 

-to sem tempo, Marco. - não tinha coragem de o chamar de pai 

-fazendo o que? nada, né- ele grita do outro lado da linha - só isso que você faz 

-você não tem o direito de falar assim comigo 

-claro que tenho, eu sou seu pai 

-se fosse meu pai, não teria, praticamente, me expulsado de casa. 

-o que você iria ficar fazendo aqui? encostado em mim e na sua mãe? até quando? - sinto meu sangue ferver pelas veias e lágrimas escorrerem pelo meu rosto, Involuntariamente fecho meu punho e cravo as unhas na palma de minha mão- ah não, esqueci que você é fotógrafo. sua irmã que colocou isso na sua cabeça né 

- não coloca ela no meio - falo com a voz embargada 

- volte pra cá, vou te ensinar a virar um homem de verdade - a raiva me consumiu, eu já não sabia o que estava fazendo, cravei mais forte minhas unhas na minha mão e forcei até sair sangue 

- vai pro inferno - desligo a chamada 

Não iria conseguir ir até o consultório naquele estado. Aquilo tinha me machucado tanto, mais uma crise. Não tinha força pra fazer nada, apenas para chorar. Josh e Heyoon estavam na faculdade, só me restava Sina. não queria que ela me visse assim. mas era o jeito 

Pego o celular e disco o número dela. 

-alô, Noah? aconteceu alguma coisa? estou te esperando - ela fala assim que atender, só de ouvir a voz dela me sentia mais seguro 

- Sina - tento engolir o choro mas não dá 

- tô indo pro seu apartamento, me espere- desligo o telefone 

Tento me acalmar até ela chegar. 

Respira, 1, 2, 3, 4

Expira, 1, 2, 3, 4

Pego a foto que havia tirado ontem na casa de Sina e começo a me lembrar da noite passada. Estávamos todos felizes, conversando, rindo e brincando. Já sinto um alívio no peito. 

-Noah!! - Sina abre a porta e corre até mim, seco as lágrimas e ela me envolve com seus braços- o que aconteceu? quer me contar? - ela senta ao meu lado 

Conto tudo a ela que ouvia atentamente. Sina tem o poder de passar confiança pelo olhar. Olhando nos olhos dela me sinto confiante e seguro.

Termino de contar tudo o que havia acontecido e seu olhar cai imediatamente sobre minhas mãos, que estavam machucadas por conta da minha raiva momentânea. Ela segura minhas mãos com força e beija-as. 

-por que fez isso? - fala ainda segurando minhas mãos 

-não sei.

-tudo bem. só me prometa não fazer mais isso 

𝒑𝒉𝒐𝒕𝒐𝒈𝒓𝒂𝒑𝒉𝒊𝒆𝒔 𝒂𝒓𝒆 𝒇𝒐𝒓𝒆𝒗𝒆𝒓 - 𝒏𝒐𝒂𝒓𝒕Onde histórias criam vida. Descubra agora