4 - Eu, o herói!

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[Você tem uma estranha sensação enquanto passa pelo beco...]

Na verdade, eu não tinha, até que essa aba apareceu? Isso era uma ramificação no enredo? Ocorreria algo se eu entrasse no beco? Eu vou trombar com um zumbi e isso se tornará um jogo apocalíptico? Isso seria uma merda, porque eu era tudo menos um lutador.

Parei de andar e me virei para encarar o beco. Desde que eu achava que tudo era surreal, tive uma repentina vontade de explorar. Com passos cuidadosos, me esgueirei no beco até vozes atingirem meus ouvidos. Me escondendo num canto, analisei os arredores.

Taizou estava falando cinicamente com dois caras. Os dois pareciam brutamontes com expressões maliciosas em seu olhar, um deles agarrou o colarinho de Taizou ameaçadoramente. Eu sabia que Taizou treinava e podia proteger a si mesmo, mas ele estava em desvantagem numérica e aqueles caras pareciam estar procurando encrenca, mesmo que fossem apenas estudantes, não adultos. Na nossa idade, dois ou três anos faziam muita diferença.

— Como é minha culpa se sua namorada não consegue manter os olhos para si mesma? — Taizou esbravejou friamente, levando o cara mais alto que estava segurando seu colarinho a cerrar os dentes.

— Seu pequeno bastardo! — Sua voz estava aumentando e eu estremeci, mesmo estando de longe. Suas veias saltadas pareciam perigosas. Essa era uma cena extraída diretamente de um filme de ação.

A hesitação alimentou meu medo e me manteve escondido, mas ainda me sentia dentro de um jogo. Era o mesmo que estar dentro de uma dungeon se preparando para afastar os monstros do NPC que precisava ser mantido vivo. Voltei até a entrada do beco, respirei fundo e depois chamei:

— Taizou? — gritei, esperei por alguns segundos e depois entrei no beco. — Você está aqui? Minha tia está esperando! Aí está você, Taizou, nós...

Deixei minha voz morrer, parando ao virar a esquina e piscando para as três pessoas que me encaravam com surpresa. Limpei minha garganta, nem precisei fingir a estranheza com a situação.

— Uh, ela já chegou... Você não estava no lugar de encontro... Estou atrapalhando algo?

Recuei um pouco, olhando na direção da rua como se alguém que eu conhecesse estivesse ali, então voltei a encará-los. Os dois estalaram a língua e deixaram Taizou ir, saindo na direção oposta. O beco não era muito longe da rua. Se eu conseguisse fazer uma comoção que alertasse os outros, as pessoas logo apareceriam. Além disso, minha tia imaginária chamaria ajuda caso eu não retornasse.

Um plano mais ou menos, porém eu podia atuar de forma convincente em uma cena tão fácil e aqueles caras eram apenas estudantes. Estávamos nos aproximando da época de provas e ninguém queria se meter em problemas durante esse período. A maioria das pessoas eram tigres de papel, apenas fortes quando nenhum problema aparecia.

Arquejei em busca de ar, colocando a mão sobre meu peito.

— Puta merda, deu certo!

Taizou me encarou, talvez reconhecendo o idiota do trem de manhã. Ele franziu a testa, andou na minha direção e me repreendeu:

— Por que você interferiu, seu imbecil?!

Ah, fui chamado.

Minha visão brilhou com o surgimento de uma nova caixinha de escolhas. A realidade desacelerou novamente conforme eu lia as opções e depois voltou ao normal. O simulador me deu tempo para ler as opções, mas não para ponderar sobre elas.

[Por favor, escolha o que dizer.]

"Eu queria te ajudar."

"Não podia ignorar a situação e ir embora."

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