3 - Minha classificação é quantas estrelas?

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Para a minha surpresa, os pontos de Taizou mudaram para 4 quando olhei de novo. Abri a aba de informações adicionais junto com a nossa conversa e vi que tinha algo novo: [Não tentando iniciar uma conversa forçada e tratando o alvo como qualquer outro estudante aumentou um pouco sua boa vontade.]

... Isso foi fácil? Pensando nisso, meus conhecidos eram todos acima dos 20 pontos. Chegar no nível de "eu conheço você e podemos nos cumprimentar" era bastante fácil, então os pontos iniciais não eram difíceis de alcançar. Quanto mais alto os pontos, mais difícil seria, não?

Era o mesmo que subir de níveis, a quantidade de xp necessária era maior que a anterior. Hmm. Fazia sentido. Relacionamentos tinham uma espécie de curva onde era fácil de começar, difícil de manter e ainda mais difícil melhorar. Todavia, o começo era mesmo bem tranquilo.

Um pensamento surgiu em minha cabeça, irritantemente sussurrando em minha orelha.

Como eu tinha acesso a essas informações, poderia tentar me dar bem com ele, certo? Não era pedir muito, né? Apenas conhecidos ou amigos, só isso. Próximos o suficiente para poder passar um tempo junto sem que fosse estranho. Dizendo "oi". Se cumprimentando no trem. Trocando algumas palavras de vez em quando.

Meu coração palpitou desconfortavelmente. Não queria que alguém percebesse que gosto de garotos. Não queria ser encarado. Se me der bem com ele, provavelmente baixaria a guarda. Se isso acontecesse, nosso relacionamento rolaria ladeira abaixo no mesmo instante e minha vida no colégio seria arruinada. Nós todos éramos adolescentes — somos muito incoerentes. Você poderia fazer piada sobre ser gay, poderia falar sobre um cara bonito de um jeito pejorativo, mas e se você realmente quisesse dizer aquilo? E se você fosse mesmo gay? Isso era estranho. As pessoas não eram assim. Já vi essa história.

Valia mesmo a pena?

Pensei sobre sentar no lugar vazio em frente a ele na biblioteca, local onde o avistava às vezes. Cumprimentando-o rapidamente e depois voltando para meu livro. Ouvindo um grunhido baixo em resposta. Ganhando uma resposta. Sendo tolerado perto dele, ao contrário de qualquer outro estudante.

Estava em um devaneio. É, até que isso me parece valer a pena. Já que eu tinha o simulador, poderia usá-lo ao máximo, hehe.

Não estou trapaceando ou coisa do tipo...

Afinal, quem resistia a tentação de poder se aproximar de seu... admitidamente, crush?

A situação era tão irrealista que as sirenes vermelhas de alerta na minha cabeça estavam ficando cada vez mais apagadas. Olhei para o nada, imaginando lindos cenários num mundo ideal onde tudo funcionava do jeito que eu queria e tudo era ótimo.

Uma voz monótona anunciou o nome da estação. Saí de meu devaneio quando Taizou se levantou, rapidamente guardei meu telefone e peguei minha mochila e jaqueta.

Considerei por um momento andar ao seu lado — íamos na mesma direção, afinal —, mas logo me repreendi, descartando tal pensamento. Eu tinha acabado de ganhar um ponto por não ter tentando puxar conversa com ele. Se eu forçasse uma situação, aquela pontuação voltaria ao que era antes. Desacelerei propositalmente, me curvando para amarrar os cadarços e me atrapalhando com a jaqueta, com isso ganharia tempo.

Levantei somente quando me alonguei, dando ao trem tempo suficiente para parar e abrir as portas. Se eu andasse mais devagar do que o normal, haveria uma distância natural entre mim e Taizou, distante o suficiente pra não ser estranho.

Sim, esse era um bom jeito de começar.

Na janela de Taizou, a barrinha subiu outro número.

Finalmente, em minha sala de aula, relaxei com meus amigos enquanto esperava a aula começar.

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