CAPÍTULO 36 - A MARCA DO DIABO

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ATENÇÃO:

O capítulo a seguir contém cenas de violência explícita. Se isso faz mal a você ou algo semelhante, recomendo que leia somente até a última cena do cap (eu divido o cap por meio do "₩"), e também seria bom ler os últimos parágrafos para q n haja problemas de interpretações futuros.

Qualquer coisa, se vc tbm n quiser fazer isso, pode me mandar uma mensagem no pv e pedir para q eu resuma o q aconteceu no cap. Estou a disposição <3

♕🌸♕

Pelo buraco no teto, já amanhecera.

Os pássaros cantavam lá em cima e a atmosfera carregava certa paz, como a calmaria antes da tempestade.

Sasuke estava deitado sobre o chão imundo onde passara a noite. Olhava para a luz da manhã vinda pela abertura, vislumbrando pequenos vultos ocasionais dos pássaros que voavam àquela hora da manhã.

Ao seu lado, estava Karin; os cabelos vermelhos como fogo espalhados sobre o chão, misturados à sujeira e repletos de nós.

Estavam em silêncio, sem dizer uma só palavra, desde que acordaram.

Se antes a ideia de morrer queimado lhe era inconcebível, agora Sasuke quase podia sentir o cheiro de sua carne em contato com o fogo da fogueira da praça.

Sentia-se em pânico. Ansioso. Com medo da dor e da morte.

Mas, ao mesmo tempo, nunca antes se vira tão calmo quanto estava agora. E essa inconstância somente tornava seus sentimentos mais conflituosos do que já eram.

- Se você realmente é um bruxo - Karin falou, de repente. -, este é o momento perfeito para usar os seus poderes e nos tirar daqui.

Sasuke suspirou; o pulmão já fraco após passar mais uma noite rodeado por poeira e podridão.

- Sim. - concordou. - E o mesmo vale para você.

O silêncio voltou.

Então, quando um novo pássaro sobrevoou o céu azul pela abertura no teto, Karin esticou o braço e tocou o ombro de Sasuke, indicando o vulto com um aceno de cabeça cansado.

- É um estorninho. - disse. E, pelo seu tom de voz, ela parecia sorrir. - Eles estão entre os pássaros mais comuns da Escócia. Sua plumagem é iridescente.

- Parece um corvo idiota para mim. - murmurou.

Karin riu baixinho. Sua risada estava rouca e a garganta parecia bem desgastada.

Ela se aproximou pelo chão, tocando ombro com ombro. Tê-la por perto, diante das coisas que Sasuke descobrira na noite anterior, deixava tudo ainda mais confuso.

- Quando eu era pequena, costumava ir a Brighton em novembro. - ela falou; ambos não desviando o olhar do teto. - Os estorninhos se juntavam lá, milhares deles. Formavam um bando enorme. Chamávamos de "murmúrio". Eles voavam e rodopiavam em uma espécie de nuvem hipnótica, tudo em padrões perfeitamente sincronizados.

- E por quê?

- Para proteger uns aos outros dos falcões. Segurança por maior número, entende?

De repente, lá em cima e ao longe, os gritos do dia anterior retornaram. Estavam distantes, mas se aproximavam. Eram as pessoas iradas, desejosas pelo resultado do julgamento que teriam esse dia.

Ao ouvi-las e se lembrar daquilo pelo qual tivera de passar no outro dia, foi inevitável estremecer. Não queria sair do buraco dos ladrões para se encontrar com a multidão enraivecida, seus alimentos apodrecidos e seus baldes de urina.

SÉCULOS - narusasu. (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora