Capítulo 1

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Tenham uma boa leitura.
E não esqueçam de deixar a estrelinha caso tenham gostado do capítulo.

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Hoje eu acordei sentindo-me muito mal. Eu sabia que não deveria ter bebido tanto na noite passada, mas eu sempre consigo extrapolar meus limites independentemente do quanto eu vá ficar arrasada depois. Acontece que eu só fiz isso para me sentir melhor, mas isso não aconteceu. Agora mesmo estou pior do que antes, pois meus pensamentos estão todas presas nele. Do quanto meu ex namorado foi capaz de me fazer de idiota todo esse tempo.

Fito o teto enquanto deixo lágrimas rolarem pelo meu rosto. Não imaginei que eu fosse passar por isso tão cedo, principalmente porquê ele me parecia o homem dos sonhos. Mas me enganei, rosto bonito não define caráter. E agora me pergunto como ele teve coragem de me trair com àquela loira falsificada.

Passamos anos de nossas vidas juntos, criando planos para o futuro e agora tudo se perdeu, tudo se foi para o ralo. Estou tentando seguir a minha vida como a mulher forte que eu sempre fui, minha mãe sempre me disse que homem nenhum merece nossas lágrimas, no mais, não consigo evitá-las deixar escorrer pelas minhas bochechas.

Respiro fundo criando forças para me levantar, minha cabeça começa a girar, meu estômago embrulha. Volto a deitar novamente.

- Me lembre de nunca mais beber tanto assim, Laura. - digo para mim mesma, levando minha mão até a cabeça.

Que enxaqueca horrível.

Os minutos foram passando, até que alguém bate na porta. Escuto a voz da minha mãe vindo do lado de fora. Ela entra sem ao menos eu autorizar. Não me importo.

- Trouxe isso para você, vai te fazer bem. - mamãe me entrega um copo com água e um comprimido. Me sento. - Como se sente?

Tomo o remédio e faço uma careta. Minha cabeça dói tanto que parece que vai explodir, ainda bem que hoje é domingo e não vou trabalhar, caso contrário, seria claramente demitida.

- Se está me perguntando em relação ao Miguel, saiba que estou muito bem. - ela estreita os olhos não acreditando, óbvio.

Mas é claro que eu fui sarcástica.

- Eu disse que no fundo esse rapaz não prestava, mas você não acreditou na sua mãe...

- Eu estava apaixonada, mãe! Cega de amores por aquele safado, ordinário. - rosno.

- Às vezes é bom um balde de água fria para aprender em como as pessoas podem ser desonestas, querida. Você vai aprender isso com o passar dos anos, ainda é uma menina ingênua. - reviro os olhos.

Ela fala como se eu não tivesse vinte anos.

- Não sou mais uma criança, estou crescida e sei lidar com as decepções da vida. Não vou ficar aqui me remoendo por causa dele, vou aproveitar e curtir a minha vida de solteira. Agora ninguém me segura. - falo convicta de mim.

Mamãe me olha fazendo não com a cabeça. Eu não ligo. À partir de hoje serei livre, serei um passarinho voando em liberdade. E é assim que eu vou seguir em frente. Não vai ser um coração quebrado que vai me fazer ficar doente nessa cama.

Ela se vai, mas antes deixa um beijo em minha bochecha.

Aqui somos eu, mamãe e papai. Cujos dona Camila e Cláudio, mais conhecidos como Mila e Nino pela comunidade. Não tenho irmão, somos apenas nós três mesmo, embora eu sempre quisesse uma irmã pra me fazer companhia, já que sou completamente sozinha e não tenho muitas amigas.

Finalmente consigo me levantar. Pego uma toalha e vou em direção ao banheiro, que fica do lado do meu quarto. Tomo um longo banho, aproveito para lavar meus cabelos, quem sabe assim consigo me curar dessa ressaca maldita. Ao terminar, visto um short curto e uma blusa curta de alças finas.

Sei que todos vão ficar me olhando e babando em mim, como sempre foi. Algumas horas de academia me fez criar um corpo que a maioria das meninas aqui tenham inveja. Eu sei, a culpa é realmente minha de ser gostosa e gostar de exibir isso para todos. Mas não pensem que sou uma piranha, eu não me envolvo com os caras desse lugar. Eca!

E além do mais, papai me mataria se soubesse que fiquei com algum desses traficantes. Segundo ele, eu deveria me manter bem longe dos mesmos. Embora alguns ainda tentam se aproximar, mandar mensagens e elogiar minhas fotos nas redes sociais. Ainda assim, não me atraiam. Havia algo que papai me escondia, já que nenhum desses rapazes encostam a mão em mim, diferente das outras garotas. Eu nunca entendi porque eu sou tão privilegiada, mas ainda irei descobrir.

Vou tomar café, mas antes pego meu celular no quarto. Mando uma mensagem para Rebeca marcando o horário que deveríamos nos encontrar na subida do morro.

Iríamos para uma festa organizada por ninguém menos que o Chefe da favela. A real é que eu nunca nem vi seu rosto, não faço ideia de como ele seja. Nunca nos encontramos por aí pelas ruas, é que ele vive escondido lá em cima. Afinal, não iria dar as caras assim tão fácil. Realmente não é seguro para ele estar aqui embaixo.

Mas de uma coisa eu tinha certeza, era que esse Chefe deveria ser bem feio. O cara não posta uma foto sua no Instagram, mas vive ostentando com mulheres e mostrando sua mansão localizada em alguma fazenda desse país.

Um arrepio percorre minha espinha. Só de imaginar quantas dessas mulheres foram mortas em suas mãos meu corpo congela. Muitas delas não deveriam nem ter o direito de escolher entre a vida e a morte. Sinto tanto. Às vezes penso que sou uma mulher de sorte, eu jurei ir embora daqui algum dia, fazer faculdade e esquecer desse lugar. Levar meus pais comigo e dar à eles uma vida digna.

Afasto esses pensamentos da minha cabeça.

Mamãe já saiu para trabalhar, papai também. Estou sozinha! Novamente!

O restante do dia passa voando.
São cinco horas da tarde quando começo a me arrumar para a festa mais tarde. Eu sempre gosto de chegar mais cedo para pegar o melhor lugar. Se pensem que é qualquer festa, não é!

É um espaço que apenas convidados poderiam ir. Eu sempre recebia esse convite via whatsApp por um número desconhecido. Não fazia ideia de quem era! Mas enfim...o espaço era fechado e haviam seguranças altamente armados por todos os lados, porém, ninguém tinha medo. Sabíamos que era para a nossa própria segurança caso algum inimigo invadisse o morro.

Se eu tenho medo? Não mesmo! Só de morar na favela corremos o risco de ser baleado há qualquer segundo. Aliás, em qualquer lugar, seja aqui ou na Barra.

Coloco uma saia preta de couro que marca perfeitamente meus quadris, e uma meia que vai até meus joelhos. Visto uma blusa prata de mangas longas sem decote, apesar de gostar de usar roupas decotadas. Deixo meus cabelos ruivos e lisos soltos, cujos caem sobre minha bunda. Pra finalizar, calço um coturno preto.

Então é hoje que eu bebo até cair. Coisa que eu jurei nunca mais fazer, mas é aquela coisa né? Quem jura mente!

Miguel não sabe o que perdeu!

Olho-me uma última vez no espelho me sentindo maravilhosa.

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Minha Liberdade (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora