Capítulo 17

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Uma voz doce bem perto de mim chama por meu nome. Tento abrir os olhos mas não consigo, meu corpo inteiro dói quando tento me mexer. Uma dor angustiante na minha virilha me faz gemer baixinho, faço uma careta. Quando finalmente consigo abrir os olhos, o clarão da janela me deixa cega. Ao me acostumar com a claridade vejo uma mulher sentada ao meu lado.

Sinto uma raiva enorme.

— O que você está fazendo aqui?

— Bom dia, Laura. Parece que seremos ótimas amigas nos próximos três dias. Não é legal?

Ela sorri meiga. Era só o que me faltava, uma guarda costas.

Me sento devagar.

— Aí! Merda, aquele filho de uma p... — me calo.

— Fica tranquila, não sou sua inimiga. Infelizmente passamos pela mesma situação, também sou prisioneira do Carlos, mas isso já faz alguns anos.

Engulo em seco confusa e desacreditada.

— Eu não confio em você. Saia do meu quarto. — seus olhos parecem implorar para eu deixá-la ficar, porém essa mulher não me traz segurança alguma.

— Por favor, a gente pode...

— Sai daqui, AGORA! — grito.

Paula me olha uma última vez antes de se retirar com a expressão triste. Se eles pensam que me engana estão fodidos. Não sou tão otária assim. Amiga? Vê se pode. Sai de ré sua cobra.

Coloco a mão na minha vagina sentindo ela extremamente dolorida. Devagar consigo chegar ao banheiro e me olhar no espelho. Não tenho muitas lembranças depois desse ocorrido, mas eu não me importo com mais nada. Aquele monstro está me destruindo.

Meus cabelos bagunçados, estuprada e sem esperanças alguma de conseguir fugir daqui. Ótimo! E ainda por cima uma informante no meu pé, sei lá o que eles querem descobrir. Afinal só pode ser isso, não é? Ela se aproxima de mim, recolhe informações não sei de quê e conta tudo para Thomas.

Típico.

Ligo a torneira quente da banheira para tomar um banho e tentar amenizar essa dor que estou sentindo. Foram longos minutos até que alguém batesse na porta, dou de ombros, dessa maneira a pessoa desiste. Eu quero paz. Quero ficar sozinha.

Meu deus. Novamente me pergunto, o que eu fiz para merecer isso? Aonde está o meu anjo da guarda a essas horas?

Vou chorar porque essa é a única coisa que posso fazer.

Ao terminar meu banho de rosas, visto um roupão e coloco uma roupa qualquer. Um short de tecido mole e um blusão. Foram as únicas peças confortáveis que encontrei. Dou amém por Thomas ter ido viajar, assim eu tenho um pouco de sossego. Parece que os dias passam mais rápidos quando ele não está por perto.
Minha barriga ronca de fome, saio do quarto para ir em direção a cozinha, mas acabo encontrando Paula no corredor.

Reviro os olhos.

— Laura, sei que está desconfiada de mim. Eu não quero te fazer mal.

— Não me diga. Acredito.

— Eu juro, só quero ser sua amiga.

Vou andando enquanto ela me segue e não para de falar. Isso já está me estressando. Paro no meio do caminho.

— Eu devo ter cara de idiota, né? Olha bem para mim, eu não quero e não preciso de ninguém. Agora me deixa em paz, caralho!

— Você tem todos os motivos para estar irritada, eu devo imaginar o que aquele miserável fez com você. Está andando torto. Ele te estuprou não foi?

Minha Liberdade (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora