Capítulo IV

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Para Eduardo, a data do aniversário de Nina era sempre um dia de sentimentos ambíguos. Há oito anos havia perdido a esposa no parto da filha. Juliana teve uma gravidez de risco devido à hipertensão que se desenvolveu durante a gestação e que se agravou durante a cesariana.

Eles se conheceram aos dezoito anos, quando começaram a frequentar a mesma faculdade, em Ouro Preto. Moravam em repúblicas próximas e se envolveram desde que se viram pela primeira vez. A atração sexual era palpável, mas ambos desejavam a liberdade. A vida naquela cidade e as sensações que experimentavam ali eram tentadoras demais para assumirem um relacionamento. Eram como amigos amantes. Tinham cumplicidade e carinho muito grande um pelo outro, dormiam juntos quase todas as noites, mas não tinha nenhum compromisso.

Juliana engravidou inesperadamente. Foi então que ele decidiu oficializar o namoro. Tinham muito em comum e concordaram que poderiam dar certo como um casal convencional.

Logo no início da gravidez, ela apresentou graves problemas de saúde, necessitando de repouso e cuidados especiais. Vindo de uma tradicional família mineira, ele logo resolveu se casar, dando a ela toda segurança e carinho que ela pudesse precisar.

Nunca havia se imaginado casado, era avesso a relacionamentos. Quando entrou na faculdade, tinha certeza que seria um eternamente um solteirão convicto. O que viveu ao lado de Juliana foi o mais próximo do que acreditava ser o amor.

Ficaram casados por apenas cinco meses e logo ficou viúvo. Não teve tempo de curtir o casamento e nem mesmo de descobrir o significado daquela palavra. Quando a Nina nasceu, ficou na incubadora por dois dias. Eduardo transferiu sua faculdade para Belo Horizonte e foi morar na casa de seus pais até que ela completasse seis anos. Dona Beatriz, sua mãe, e seu irmão Marcelo ajudaram na criação da filha.

Dedicou sua vida à sua filha e aos estudos até se formar. Começou a trabalhar com seu pai, Sr. Arthur Mendonça, um conceituado empresário no ramo de mineração. Sua vida se resumia a trabalhar, cuidar de Nina, praticar esportes e eventualmente sair com alguns amigos.

Era um homem reservado. A perda de Juliana e a chegada de Nina foi uma grande reviravolta em sua vida.

Cecília, a madrinha de Nina, era uma mulher linda. Seus pais eram amigos da sua família. Foram criados praticamente juntos. Eram muito unidos e Ciça sempre o visitava quando ele morava em Ouro Preto.

Chegaram a ficar algumas vezes na adolescência. Ao longo dos últimos cinco anos, desde que Eduardo se formou, desenvolveram uma relação familiar para ele, eram "amigos amantes". Tinham um pacto de não deixar que Nina descobrisse o relacionamento deles. Depois que perdera Juliana voltou a sustentar o título de solteirão convicto, porém hoje se tornara um dos melhores partidos do país.

Era um pai dedicado e sempre presente. Na escola da filha, sempre percebia os olhares furtivos das mães. Até mesmo as casadas jogavam charme para ele. Não poderia ser considerado um mulherengo. Durante três anos não tocou em uma só mulher, até sua formatura. Não que não sentisse desejo, no começo foi até fácil resistir, entrou em depressão e, quando conseguiu superar, só tinha um objetivo na vida: ser o melhor pai do mundo.

Em sua formatura, Cecília estava linda em seu vestido vermelho, que tinha um generoso decote nos seios. Naquele dia, ela fez com que ele perdesse a cabeça, acabou a beijando na frente de seus pais.

Desde o dia do beijo em público, fizeram um pacto de um relacionamento secreto. Já haviam se passado cinco anos. Era uma relação tranquila, não haviam sentimentos nem cobranças. Encontravam-se uma ou duas vezes por mês. Ele se sentia bem ao lado de Cecilia, era uma boa amante, entretanto nos últimos tempos sentia a necessidade de conhecer e tocar uma mulher diferente.

Não Pare de Sonhar + Acordei! E Agora?! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora