Capítulo IX

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Iza teve uma noite longa, como se não bastasse seus problemas, que não eram poucos, ainda tinha criado mais um. Tentava decifrar Eduardo, ele realmente era uma incógnita. Um homem lindo como ele, nunca teve um amor? Provavelmente deveria ser um colecionador de calcinhas.

Não percebeu nenhum indício de sua safadeza. Durante a noite que passaram juntos, ele não avançara o sinal nenhuma vez. Após o fatídico beijo, trocaram carícias e continuaram conversando. Somente ela que esquentara as coisas no dia seguinte. Repensou sobre o que tinha acontecido e decidiu não se culpar. Ele era um homem atraente e ela uma mulher que tinha desejos, muitos desejos.

Sentia-se incrivelmente à vontade ao lado dele. Se analisasse friamente, poderia facilmente se tornar uma amiga-amante como Juliana. Mas provavelmente a lista de mulheres com esse título deveria ser extensa.

Lutou para não pensar em Apolo naquela noite. Deixaria seus devaneios de castigo por tê-la colocado em uma fria. Quando caiu no sono, já estava na hora de acordar. Preparou-se para o dia de trabalho e ajudou Léo a se arrumar. Tomaram café e foi deixá-lo na escola.

No pátio, quando estava se despedindo de Léo, viu um homem muito parecido com o pai de Nina, ele se vestia completamente diferente de Eduardo. Usava um jeans e uma camisa xadrez, seus cabelos eram um pouco mais longos. Ele carregava a mochila da menina, que, quando os viu, correu em direção deles.

- Oi, Iza! Oi, Léo!

- Ei, Nina!

O homem se aproximou sorrindo.

- Tio Marcelo, esse é o Léo e essa é sua mãe.

Marcelo analisou-a de cima a baixo, não se importando com qualquer discrição.

- Muito prazer! Então você é a famosa Iza? Meu irmão está encantado... – deu uma longa pausa, novamente a analisando – com a sua instituição.

- Ah! Prazer, Marcelo – corou ela, envergonhada. "O que mais ele deve ter dito?"

O sinal tocou e eles se despediram. Iza estava atrasada, precisava se preparar para receber os possíveis colaboradores. Ainda no caminho, ligou para Marcos, todas as quintas eles almoçavam juntos na ONG. O projeto da aula de culinária era um sucesso. Um chef de cozinha, amigo de sua mãe, ministrava o curso todas quintas de manhã. Sempre preparavam receitas de família dos alunos, dando um toque diferente. Era uma das aulas prediletas dos seus velhinhos, era também o curso que tinha mais inscritos.

Marcos era arquiteto e estava trabalhando no projeto da nova cozinha. Participava também da revitalização da horta solidária. Sempre passavam as tardes de quinta juntos no projeto e, naquele dia, não precisava de companhia melhor para receber seus convidados.

A ideia de encontrar Eduardo novamente lhe causava borboletas no estômago. Já o amigo estava eufórico para conhecer a materialização de Apolo. Para ele Eduardo era o deus grego de carne e osso.

A manhã passou rapidamente. Quando Marcos chegou, começaram a supervisionar a obra.

- Eu ia cancelar a obra logo cedo, mas o Max ligou agora de manhã e ficou de depositar até o fim da semana os recursos para a finalização da cozinha. Vou precisar de um pouco mais de tempo para conseguir os equipamentos. – disse ela ao amigo.

- Não se preocupe! Vou entrar em contato com algumas empresas que podem ajudar com os equipamentos. Modéstia à parte, isso aqui está maravilhoso.

- Você realmente é bom no que faz. – concordou ela, abraçando-o com carinho.

Flávia, uma das funcionárias da ONG, se aproximou informando da chegada das visitas. Marcos apertou a mão fria da amiga.

- Pronta?

Não Pare de Sonhar + Acordei! E Agora?! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora