Capitulo III

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Ainda dentro do carro, no estacionamento da escola, Iza conferiu o relógio mais uma vez. Estava atrasada para reunião. Apressada, jogou o celular dentro da bolsa e desceu do carro rapidamente. Caminhando em direção aos elevadores, percebeu uma mensagem apitando e desviou os olhos a procura do celular.

Distraída, continuou caminhando e, de repente, sentiu seu corpo se chocando contra alguém.

- Me desculpe, eu estava distraída. - falou para o homem alto que ainda estava de costas.

Um perfume indescritível invadiu o ambiente. Em câmera lenta, ele virou. Não pôde conter o sorriso quando se deparou com a imagem Eduardo. Ele vestia uma calça preta e camisa social branca. Seus cabelos estavam desalinhados e a barba por fazer.

Acordou assustada, com seu corpo molhado de suor. "Como posso ter sonhado com o pai da amiga de seu filho?" - se condenou. Podia jurar que não estava acordada enquanto sonhava.

Questionou-se como conseguiu guardar tantos detalhes do rosto de Eduardo. Quase sem conseguir respirar, tentou se lembrar do seu sonho e algo a intrigou. Eduardo não usava barba, pelo menos não quando se viram. Lembrou da sombra da barba que se revelava no último "encontro" com Apolo. Percebeu a semelhança entre os olhos negros brilhantes dos dois.

Atônita, não conseguia processar a hipótese de Apolo e Eduardo serem a mesma pessoa. Era impossível sua mente projetar alguém que existisse de verdade. Sentia-se assustada, nunca perdera o controle da sua realidade paralela. Sempre conseguiu conduzir o rumo de seus pensamentos. Tinha certeza que estava dormindo.

Afastou os pensamentos dessa loucura e agradeceu por seu sonho ter sido interrompido. Sonolenta, seguiu pra o banheiro e tomou um banho gelado. Vestiu uma camisola e foi para o quarto do filho. O menino, que ainda dormia, parecia cansado do dia anterior. Curiosa, lembrou-se do aniversário e pegou a agenda que estava na escrivaninha. Encontrou o convite de Nina.

Tentando não pensar naquela desconcertante família, caminhou até a cozinha para preparar o café. Enquanto preparava cereais com leite para o filho, o telefone tocou.

- Alô?!

- Iza? É o Max, tudo bem?

- Oi Max! Precisava mesmo falar com você. Preciso da sua ajuda para resolver algumas coisas. Eu ia te ligar!

- Eu estava dando um tempo para vocês. Como o Léo está?

- Ele está bem, dentro do possível. Mas sentimos falta dele.

- Nós também. - disse ele com uma voz embargada. - Gostaria de me encontrar com você. Podemos jantar na terça?

- Na terça Léo tem o aniversário de uma amiguinha. Vou ver com Marcos se ele pode levá-lo e eu busco.

Agradeceu mentalmente ao amigo por ajudá-la a encontrar a desculpa perfeita para não reencontrar com Eduardo. Estar no mesmo ambiente que ele seria ainda mais desconcertante, levando em consideração o rumo que seus pensamentos tinham tomado.

- Iza? Você está aí?

- Desculpe, não ouvi o que disse.

- Se preferir, podemos almoçar amanhã.

- Tudo bem! Vejo com o Marcos e te ligo ainda hoje.

- Te aguardo. Fica bem e cuida do Leozinho.

- Obrigada, beijo.

Seria bom conversar com Max. Realmente estava pensando em pedir ajuda. Noah era o maior colaborador da ONG. Precisava buscar outros patrocinadores com urgência. Max era o empresário da Jingles, era bem relacionado e com certeza poderia ajudá-la. Precisava também dar entrada em alguns processos burocráticos, e o amigo com certeza poderia auxiliá-la.

Não Pare de Sonhar + Acordei! E Agora?! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora