Capítulo I

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Um mês depois...

Dentro do possível, sua rotina voltava ao normal.

Leo já havia retornado às suas atividades há uma semana. Não foi fácil conviver com a perda do pai e o assédio da imprensa. Iza logo voltou ao trabalho. Ela administrava uma ONG que dava assistência a pessoas da melhor idade.

Desde a morte de sua avó, abraçou este projeto e Noah foi um grande colaborador. Apesar do divórcio eram grandes amigos. Alguns diziam que eles ainda acabariam juntos. Mesmo depois de algumas recaídas, os dois tinham certeza que aquela história de amor já tinha chegado ao fim.

Iza não acreditava mais que um dia encontraria alguém. Quando separou, se aventurou em dois ou três casos, mas nada que a completasse ou despertasse o seu interesse. Optou por sonhar acordada, pensava em situações que gostaria que acontecesse e com um amor para vida toda. Sua alma romântica ainda estava lá, por via das dúvidas era melhor mantê-la somente em seus sonhos.

Desde que Noah se fora, não conseguia mais fantasiar a sua vida imaginária. Geralmente, antes de dormir, sempre criava, em seus pensamentos, uma história com final feliz para sua vida. Às vezes eram histórias longas que continuavam durante várias noites, semanas ou até meses. Com o calor dos últimos acontecimentos, nem se lembrava mais da última vez que havia mergulhado em sua realidade paralela.

Era uma sexta-feira à noite, estava em seu quarto olhando para a velha caixa em cima da poltrona. Há dias travava uma batalha interna entre abrir ou não sua "caixa de pandora". O interfone tocou e, de pijama, foi atender. Era Marcos, seu melhor amigo.

- Oi! - disse abrindo a porta, sabendo que, pela cara do amigo, não seria uma conversa fácil.

Marcos segurava duas garrafas de espumante na mão e revirou os olhos reprovando a aparência da amiga.

- Só depois de tirar esse pijama, vamos! - andou empurrando a amiga para o quarto.

Iza logo acatou a imposição do amigo, enquanto ele colocava uma das garrafas no congelador e pegava as taças. Marcos foi ao encontro dela e se esparramou na cama segurando duas taças.

- O Leo está com sua mãe? - perguntou olhando discretamente para caixa em cima da poltrona.

- Eles foram para Búzios. É semana das crianças, não consegui ir com eles. Tinha muito trabalho.

- Não conseguiu ou não quis?

- Precisava de um tempo para pensar em tudo que aconteceu.

- Amiga, vem cá! - ela se deitou na cama buscando o colo do amigo. - É difícil, eu sei, mas não se cobre, não se julgue e não se culpe por nada. Eu te conheço, e sei exatamente o que está passando na sua cabeça.

- Nem eu sei mais! Está tudo muito confuso. Eu não consigo nem mais viajar pelas minhas histórias no meu universo paralelo.

- Já te disse que não concordo com essa sua fuga, mas respeito. No momento você tem duas alternativas. Encher a cara comigo e sair para dar uma volta ou encher a cara comigo e desbravar essa caixa que já está fazendo parte da decoração desse quarto há um mês. Pode escolher!

- Não estou a fim de sair e nem sei se consigo remexer no passado.

- Estou com você! - disse caminhando, trazendo a caixa para cama.

Iza virou a taça em um único gole e Marcos repetiu o gesto da amiga. Depois de encher as taças novamente, criou coragem e retirou a tampa da caixa. Dentro dela havia cartas, fotos, camisetas, o álbum de casamento e todas as recordações daquele amor.

Não Pare de Sonhar + Acordei! E Agora?! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora