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REINO DE BUSAN

As cortinas daquele escritório espaçoso se mexiam de acordo com a intensidade do vento frio que adentrava as enormes janelas. O inverno acabara de chegar, dando lugar a frequentes ventanias fortes e menos chuvas.

Jungkook gesticulou algo para o servo e o homem imediatamente caminhou até a janela para fechá-la e arrumar as cortinas, alinhando-as perfeitamente. 

Sentado naquela cadeira há horas, Jeon suspirou. Apertou a base da pena nos dedos nervosos e afagou a própria testa, afundando-a pela quinta vez no tinteiro e começando, também pela quinta vez, aquela carta.

Pôde-se ouvir duas batidas altas na porta, e Jungkook não pensou duas vezes antes de liberar a entrada.

– Ainda nessa carta, Jeon?

– Preciso respondê-los o quanto antes, mas parece que todas as minhas palavras sumiram de minha mente e não consigo pensar em nada. – Suspirou frustrado.

– Acredito que deveria descansar um pouco. O Clã enviou esta mensagem não fazem duas horas, creio que não há necessidade de ser tão rápido para responder algo. – Ele aconselhou.

– Seria uma boa ideia se esta não fosse a terceira carta em duas semanas. – Levantou o papel. – Estão me cobrando quanto ao casamento e ao futuro herdeiro do trono. Infelizmente não posso fingir que não recebi, como das últimas vezes. Esta foi entregue pelo próprio mensageiro.

– Acredito que já tenhamos conversado sobre isso. – Ele relembrou.

– Certamente, e eu não vou me casar com alguém que mal conheço. – Sorriu forçado e o encarou. – Namjoon, entenda, se quero mesmo mudar este país, um dos primeiros passos é mudar esta lei horrível.

– Sabe que só poderá mudar leis quando estiver definitivamente coroado, e para ser coroado-

– Eu tenho de me casar, já sei. – Suspirou. – Escute, meu pai faleceu repentinamente, isso fez com que o Clã ficasse sem saída e eu ficasse no trono de qualquer maneira. Hajun me deixou um trono para fazer a diferença, pois sempre acreditou na minha capacidade. Ele se envergonharia se me submetesse a...tudo isso. – Gesticulou. – Deve haver uma maneira de fazer um acordo. Irei me casar, mas com alguém que eu ame e respeite verdadeiramente. 

Namjoon suspirou e juntou as mãos em frente ao corpo.

– Sabe, todos estamos sendo pressionados quanto a isso. – Comentou de repente. – Servimos a vossa majestade, se afundar, afundaremos todos. Admiro sua força de vontade para fazer a diferença, e admiro mais ainda a confiança do Rei Hajun em ti, Jeon. Porém, também acredito que ele não se orgulharia se perdesse tudo o que foi construído há anos, por diversas gerações, majestade.

– O que está querendo dizer?

– Quero dizer que mesmo que o Clã não tenha tirado o direito de comandar o trono, isso não significa que é definitivamente o rei da Coréia. Está apenas ocupando um lugar, majestade, temporariamente. Podem tirar isso de você a qualquer momento e tudo estará perdido. 

Jungkook permaneceu em silêncio, pensando.

– Poderá fazer a diferença quando quiser, porém, para que isso aconteça, terá de seguir as normas, majestade. Também não estou contente com as regras deste país, porém enquanto não for realmente rei, ainda é obrigado a seguir a lei. 

O moreno deixou o papel sobre a mesa e caminhou até a janela, focando seu olhar na belíssima vista que o objeto proporcionava. Podia ver um pouco da vila, onde pessoas passavam e crianças corriam. Era um dos motivos pelo qual Jeon Hajun havia construído o castelo ali, pois assim como Jungkook, ele amava pessoas.

Tu Cárcel | jikook [abo]Onde histórias criam vida. Descubra agora