The Spirit - Rin Yamaoka

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Aconteceu de novo. Nada parecia deixá-la contente. Mesmo os matando em tão pouco tempo, não foi o suficiente... Não foi um espetáculo.

O ser, o monstro, conhecido como A Entidade, estava insatisfeita.

O espírito se contorcia em sintonia à cacofonia dos estilhaços de vidro, enquanto os grunhidos familiar da besta de diversos tentáculos começaram a emergir do vazio, com nenhum sobrevivente para saciá-la, Rin estava indefesa.

v o c ê é u m a f a l h a

Lembranças dos valentões que a atacavam na rua rodeavam na mente de Rin, mas tudo que ela podia fazer era aguentar calada.

o n d e e s t á s u a f ú r i a ?

A entidade se expôs através da escuridão por meio de diversos braços longos, obscuros e afiados, empurrando e cortando a pequena assassina, como se isso fosse apenas um passatempo. O espírito estava acostumada com esse tipo de incômodo, é algo que ela sofre e irá sofrer todo dia, mesmo que ela não seja a única a passar por isso, Rin é uma das que mais enfurece a entidade, já que ao tentar preservar sua escassa humanidade, ela hesita em matar os sobreviventes.

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Se ela ainda estivesse no mundo onde as aparências importam, seria meio vergonhoso ser desse jeito, mas aqui ninguém iria julgar ela. Ela poderia apenas enganchar ou matar quem fizesse. Mas isso está começando a perturbar, a sede de sangue não desaparece, assim, sua própria dor é a que faz continuar adiante, a agonia é o que excita sua fúria, uma fusão resultando nela conseguir fazer seu trabalho mais rápido que a maioria.

O maior problema... é que ela não consegue entender a si mesma, os estilhaços parecem ter se aprofundado para uma eternidade e a presença deles sempre é tão chamativa. Seus dedos pontudos e finos, arranhados devido às tentativas falhas de remover os retalhos. Parece um sonho inalcançável, ter seu corpo limpo, mesmo que despedaçado, sem os fragmentos que perfuram sua pele e criam uma cadeia de dor.

Para piorar tudo isso, o último sobrevivente ia definitivamente terminar o último gerador, além de ser uma pessoa familiar para o espirito, já que sua empatia irradiante era um artefato ultra raro nesse mundo. Os outros assassinos consideram tal como "o sobrevivente guarda-costas", por sempre estar protegendo e curando os outros, era tão compassivo... e meio estúpido na verdade, estupidamente atrativo. Mas agora tem ninguém restando para ser salvo, em algum momento Rin encontraria a última pessoa viva, assim poderia acabar com a sede por sangue que corria por suas veias. Esticar seus dedos para usar o seu poder contraí alguns estilhaços de sua palma, isso apenas complementava em sua raiva.

Ela queria conseguir falar direito ainda, para começar a xingar em pequenos tons, desesperada por alguma ação, algum movimento, a voz quebrada dela soa mais patética quando ela está brava, triste, ou quando ela colapsa e solta um grito estridente, até a respiração dela está começando a incomodar. Desde que foi morta por seu pai, ela não conseguiu superar sua dor, e os estilhaços grudados em seu ombro ainda tornavam a memória ainda mais vívida.

Por que ela tem que viver com o sofrimento? Está presente toda hora, escondido ou não, desde os dias que não dormia para trabalhar e conseguir um salário extra, desde o dia que viu sua mãe e a si mesma serem massacradas por alguém que tanto amavam. A dor é aguda, precisa, desconcertante. Talvez o único jeito de aliviar-se seria esquecer de quem ela era, abandonar seu eu passado... Assim ela desapareceria de uma vez por todas.

Enquanto ela falava para si mesma para esquecer a angústia que andarilhava pelo seu corpo, uma voz gentil surge por trás dela; tão gentil, que podia comparar com a de uma mãe falando com sua filha. Rin Yamaoka gira e em nanossegundos prepara sua espada. Mas a fonte da voz era quem a mesma procurava, tremendo, com uma caixa vermelha em suas mãos.

Unidos Pela Névoa [DBD X Leitor(a)]Onde histórias criam vida. Descubra agora