Anne
Mais que caralho. Ainda não estou acreditando que meus pais estão aqui, e pior, nessa altura já devem saber da minha mentira. Não sei o que fazer não posso me esconder para sempre, mesmo sendo uma ideia que me agrade bastante.
Gilbert ainda está aqui, mesmo pedindo educadamente que ele vá embora ele me dá nervos. Estou sem celular então não sei as horas, mais sei que já está tarde
--Acho que vou voltar- digo já derrotada- Não adianta ficar aqui adiantando o inevitável
--Não vai me contar o porque está fugindo deles?-Gilbert pergunta
--Não- dou um sorriso irônico- Pode ir embora, eu volto sozinha- ele está ao ponto de se impor, porém sou mais rápida- falo sério. A gente se encontra por aí
Vou embora quem passos largos querendo que tudo isso acabe de uma vez. Quando chego eles estão no sofá, com uma cara nada boa, tem uma bolsa de viagem verde perto da porta. Minha mãe está segurando a bolsa bege com força, como se alguém quisesse rouba-lá
--Parece que anda mentindo mocinha- minha mãe fala quando entro. Respiro fundo tento ter calma- Não estamos nada felizes com isso- Olho para meu pai, rosto passivo, calmo. Ele não tem nada haver com a minha mãe histérica
--E você veio só para me dar bronca?- levanto a sombracelhas, uma mania herdada pelo meu pai
--Estamos aqui para colocar você nos eixos- Ela diz rígida, como seu eu fosse uma criança- mentir para sua própria mãe? Que ridículo Anne
--Ridículo é você vim aqui, na minha faculdade fazer esses discurso patético sobre mentiras - digo no mesmo tom que ela. Meu pai só observa
--Olha como fala comigo mocinha- Ela aponta o dedo para mim- mentindo falando que ia passar o Natal com Diana? Nunca soube que tinha filha mentirosa
--Ultimamente você tá sabendo de pouca coisa- Olho para meu pai, sei que ele está magoado pela minhas palavras, Marília? Ela está furiosa - Está assim só porque declinei seu convite?
--Você mentiu para mim e seu pai. Ele está tão decepcionado
--Não coloque o papai nessa história- cruzo os braços - Eu tenho certeza que ele só veio para você não fazer merda
--Anne- meu pai me repreende, mais não ligo
--E porque você se importa? Não tem ninguém para você encher o saco?- digo irônica - Ah já sei- fingo pensar- a única pessoa que você perturbava já morreu
Marília está incrédula, até mesmo eu estou. Fala sério, a gente não se fala e não se vê faz quase dois anos, ela nem se importava comigo
--Não fale da sua irmã assim- Ela que estava sentada no sofá, já está de pé, apontando dedos para mim
--Agora sei o porque falam que gente ruim demora para morrer- resmungo, mais ela ouve em bom tom
--Ouviu que ela disse Walter?- Ela diz histérica- minha própria filha falando assim da mãe
--Filho de peixe peixinho é
--Filha, não discuta com sua mãe- a voz do meu pai é calma, é uma daquelas vozes de conselhos. E derrepende sinto falta disso, dele.
--Quero dizer que estou muito decepcionada com você filha- Marília diz com a voz cheia de decepção e desgosto-- Ellie nunca faria isso
--É - concordo- Mais ela tá morta. Sendo assim se contente comigo ou suma da minha vida
Minha mãe me olha com desdém, ela olha para Walter depois. Os olhos deles estão em súplica, minha mãe ignora
--Você vai voltar com a gente mocinha- Ela agarra meu braço e não entendo nada - vai pedir transferência e vai morar com a gente- tenho vontade de rir. Sério isso?
--Fala sério Sra.churbert, está brava por conta de uma mentira ?- Acabo rindo- e ainda por cima quer que eu volte com você. Antes o inferno do que isso
-- Eu sua mãe, você não está bem Anne.
--Única pessoa que não tá bem é você
--Ou é isso ou nada. Vou embora e nunca mais irá ver sua mãe- Por um segundo ela parece a Sra. Bennicit de Orgulho e Preconceito. Muito exagerada
Vou até a porta de entrada e abro
--Tchau Marília. Mande lembranças para Matthew
Quando meus pais vão embora já são uma da manhã. Me sinto exausta, vou para meu quarto com passos tão lentos que parece que estou carregando algo pesado. Só espero que Diana não tenha ouvido toda a discussão.
A alguns anos atrás Marília pegava tanto no pé de Ellie sobre estética, que a mesma começou a fazer coisas nada boas. Bulimia era uma delas. As centenas de remédios e chás para emagrecer, ficava dias sem comer e malhava muito. Quando descobrimos já era tarde demais, a anemia não era algo mais tratável.
Tento dormir mais é quase impossível, tudo está horrível. Obrigada mãe
Diana aparece na porta do meu quarto--Está tudo bem?- Ela pergunta preocupada. Sorrio fraco para ela em resposta- Ouvi a discussão toda, me desculpe
--Tudo bem. Já passou- Não sei se quero convencer Diana ou a mim. A morena vem até a mim e me abraça
--Por que não me contou?
--Era só uma desculpa para ela sair do meu pé-.digo indiferente- Aliás como ela soube que era mentira?
--Ela perguntou para minha mãe- Diana responde
--Ah
--Quer que eu fique aqui no Natal? Minha família vai entender
--Não! Claro que não Diana, só quero aproveitar sozinha
--Não sei- Diana olha para mim atentamente- estou achando você muito deprimida esses dias. Não gosto disso, sempre passamos os feriados juntos
--Desculpe, na real eu só quero ficar sozinha um estante
--Tudo bem- Ela se levanta- já vou indo, vai ficar bem?
--Sim
Passo a madrugada em claro. Não consigo pregar o olho, muita informação para processar. A manhã chega e ganho de brinde dois lindo pares de olheiras. Ótimo
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Em Fotografias - SHIBERT
FanfictionAnne cursa antes, amante da pintura e super conservada a ruiva conhece Gilbert blayter, um outro universitário, fascinado por fotografia. Os dois fazem um acordo bobo, que é benéfico para ambos lados, porém não sabiam que intencionalmente acabariam...