capítulo 11

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  Resmungo alto quando sou acordada pela a luz da janela. Maldita cortina. Me remexo estranha e percebo algo diferente, e quando abro os olhos de fato lembro da pior forma possível que da noite passada.

  Choro. Filme. Saudades.

Suspiro quando lembro do último item e sem querer me aconchego mais em Gilbert.

- Ei, você tá bem? - Ouço Gilbert perguntar com a voz rouca.

Ah, ele já estava acordado. Me sento na cama envergonhada.

- Estou. Obrigada. - Respondo sem jeito.  - São sete horas, eu posso fazer o café.

- Ainda é muito cedo. Vamos voltar a dormir - Agora ele que resmunga. Ele olha para minha cara de " Como assim meu filho?" e ri. - A gente é amigos. Não tem poblema.

- Ah é claro. E você dorme com suas amigas? - Sugiro sarcástica.

  Ele me puxa pelo braço me fazendo deitar de novo.

- Não. Só com uma em especial.

E assim foi rápido de conhecidos para amigos. E como se a cama tivesse um sonífero eu e ele adormecemos. E quando acordei de novo já eram 10 horas e corri para cozinha fazer um café.

- Pelo visto você não curti o sono mesmo. - Gilbert reclama se sentando em uma banqueta.

- Bom dia para você também. Eu dormi bem e você? - Falo com sarcasmo. Pego o café e sirvo uma xícara para ele.

- Obrigado. - Agradece. - Aliás você me fez lembrar de algo.

- O que? - Pergunto concentrada picando uns morango para a salada de frutas.

- Só queria saber o que deu em você ontem. Pra ficar desse jeito.

- Nada. Acho que só foi uma crise sabe? Todo mundo tem uma.

- Anne...

- Merda! - Exclamo xingando quando me corto com a faca. - Maldição.

Gilbert larga seu café e corre para me ajudar. Ele analisa bem e coloca debaixo da água na pia.

- Aonde tem um curativo? - Ele pergunta com a mão no meu dedo.

- Acho que tem no banheiro. - Sinaliso aonde é e logo ele traz em mãos o curativo colocando no meu dedo. 

- Vamos lá Anne, seja sincera comigo. - Gilbert implora. - Por favor.

Uma parte acha que devo a ele. A outra pede para eu mentir. Mais... estou farta de mentir. Mordo o lábio inferior rendendo.

- Tudo bem. Mais promete que não vai contar para ninguém.

- Promento.

- Tudo bem. - Repito. - Vamos nos sentar.

Vamos lá, vamos lá.

- Eu tinha uma irmã. - Começo. - Ela era mais velha, mais era só dois anos. A gente se dava bem, éramos amigas inseparáveis. Mais tinha um porém, Ellie era obsecada por um corpo perfeito. - Mexo minhas mãos. - Ellie praticava bulimia e bebia chás e remédios, essas coisas. Minha mãe a pressionava tanto... Que um dia ela não aguentou. Ficou dias sem comer e desenvolveu uma forte anemia, e o resto você já sabe...

Gilbert me olha perplexo. Ele segura minhas mãos inquietas e as beija. Meus olhos lacimejam instantâneamente.

- É esse? O motivo de tudo? O lance das fotos, as redes sociais os poucos amigos? - Ele pergunta com um olhar dócil e eu só assinto com a cabeça. - Céus Anne! Sinto muito.

Em Fotografias - SHIBERT Onde histórias criam vida. Descubra agora