𝐇𝐢𝐝𝐢𝐧𝐠 •立ち往生

十七 Jūnana

Depois do acidente nada voltou a ser do mesmo jeito.

Katsuki passou o tempo todo de recuperação de Nikko apoiando Midoriya, mas depois que a criança ficou bem e foi pra casa, Bakugou não falou mais com ele.

Não de verdade.

Apenas coisas fúteis como "A Des quer ir ai brincar com o Nikko, de boa pra você?" ou "Traz o Nikko aqui hoje."

Izuku sabia que o loiro não privaria sua filha da amizade com Nikko, mas sentiu que o seu amigo não era mais tão seu amigo. Pelo menos não parecia querer ser. Se esforçava tanto pra evitar conversar consigo.

Midoriya nunca realmente entendeu o que tinha acontecido no hospital.

Katsuki nunca estivera desesperado daquele jeito. Izuku nunca tinha o visto chorar. Ele nunca tinha o abraçado. Mas naquele dia, claramente precisava senti-lo.

O que demonstrava que ele se importava com Midoriya. E muito. Mas por que depois disso ele não conversou mais com Izuku? Por que agora o evitava?

O esverdeado se irritava tanto com isso. Queria socar seu querido Kacchan.

Sentia como se tivesse sido descartado. Bakugou claramente tinha voltado a ter seus antigos amigos; Mina, Denki. Por que precisaria de si agora?

Izuku pensou que ele se importava depois de chorar tanto nos seus braços por ter pensado que ele tinha morrido.

Mas não parecia se importar ao afastá-lo o máximo possível.

Ligou pro loiro.

— Nikko quer vir aqui?

— Bom dia pra você também. Hoje tá um dia bonito, né? — Izuku se irritou. Nunca se estressava. Mas seu tom de voz claramente transparecia raiva.

Katsuki não havia dito nem sequer um "oi".

— O que foi, Deku?

— To morrendo. Caí da escada e vou morrer logo. — Disse da forma mais irônica que conseguiu. — Só assim pra você vir correndo pra mim, né?

— Você é tão infantil. Vai se fuder.

— Eu? Eu sou infantil? Você chorou igual um bebê nos meus braços e agora praticamente me ignora e eu que sou o infantil? Sinceramente Katsuki, vai a merda. — Desligou a chamada.

Se arrependeu de ter ligado.

— Ei, pai. — Nikko apareceu, olhando pro seu pai que estava sentado no sofá da sala. O garoto antes estava no seu quarto brincando sozinho. — A Des pode vir aqui hoje? Já que é domingo, né.

— Ahn.. hoje não vai dar não, filho. Me desculpa. Quem sabe fim de semana que vem.

— Mas eu sofri um acidente sabe, preciso da minha amiga!

— Você ainda tá usando essa desculpa? Nikko isso foram dois meses atrás, se aquieta. Hoje não vai dar. Não posso ligar pra ele, tá bom?

Nikko franziu o cenho.

— Tá. — Cruzou os braços e voltou pro quarto.

Mal deu tempo de Izuku ficar tranquilo e seu celular tocou. O nome "Kacchan" estava na tela.

— Hm?

— Você não é importante pra mim, nunca foi. Eu não ligo pra você. Eu não sei por que caralhos eu chorei naquele dia. Fodase. Se você morresse eu nem sentiria sua falta. E não me liga de novo se não for pras crianças brincarem. Tchau. Ah e vai tomar no cu.

Ele desligou.

— Que divertido, Kacchan.. estamos nessa de novo. Legal, voltamos a estaca zero. — Revirou os olhos e se deitou no sofá.

Odiava ficar de mal com Katsuki.

Odiava não poder falar com ele.

Odiava o fato de que toda vez que fechava os olhos, lembrava daquele dia no hospital. Lembrava de Bakugou chorando no seu colo. Odiava demais.

Só queria esquecer.

Definitivamente, seria mais fácil.

Mas nada nunca foi fácil na vida de Izuku Midoriya.