オンゼ Onze

2.8K 405 126
                                    

Bakugou não tinha medo de perguntar aquilo. Nem temia ferir os sentimentos do outro - aquilo poderia magoar alguém, afinal? -, só queria saber se o esverdeado gostava de si. Era algo vergonhoso de se perguntar, mas sentiu a necessidade. Não queria que ele gostasse. Queria que ele só dissesse "não" e pronto.

Mas com o Deku tudo é complicado.

— Sim? Ahn.. digo, você é meu amigo, né? Somos amigos. Gosto dos meus amigos. Gosto de você. É. Isso. — Corou, mexendo as mãos nervosamente enquanto falava.

"Gosto de você."

Talvez aquela frase tivesse grudado na cabeça do loiro. Só talvez.

— Você entendeu o que eu quis dizer..

— Não.. eu não.. — Ele coçou a nuca. — Não entendi.. não.

— Você gosta romanticamente de mim? Diz logo que não pra eu parar de paranóia, vai.

— Paranóia? — Ele pareceu confuso. — Por que isso seria paranóia, Kacchan? Não é legal alguém gostar de você?

— Isso quer dizer que você gosta de mim?

— Não! — Ele desviou o olhar. — Mas por que você acharia preocupante alguém gostar de você?

— Não falei que acharia preocupante! Eu só não gosto que as pessoas gostem de mim. — Depois que falou, percebeu o quanto aquela frase soou idiota.

— Por que?

— Por que.. quer saber? Cala a boca! Vamos buscar as crianças. — Parabéns, Bakugou, mais uma frase idiota. Se sentiu um marido falando pra sua esposa pra irem buscarem seus filhos no colégio. Idiota.

— Claro.. hm, Kacchan, você vai querer ficar com a sua pintura? — Ele pareceu desconfortável em perguntar. Como se quissesse que o loiro dissesse não.

— Por que eu ia querer uma pintura de mim mesmo, caralho? Fica pra você. Admira minha beleza nas horas vagas. — O esverdeado corou com o comentário.

Foram novamente pro carro, colocaram o cinto e foram até a escola sem trocar uma palavra. Katsuki sentia-se estranhamente decepcionado. Não entendeu por quê. Odiava sentimentos. Odiava tentar entendê-los. Odiava que eles não faziam mais sentido.

Murmurou algumas vezes no caminho sobre como odiava sentimentos. Midoriya pareceu notar mas não comentou.

— Eu vou.. vou indo, tá? Eu tinha deixado meu carro aqui, então.. — Ele disse assim que Katsuki estacionou o carro. Mais decepção. Tudo parecia deixá-lo decepcionado.

— Claro, nerd. Vai logo.

Izuku pegou a pintura e saiu do carro.

Bakugou esperou ver Midoriya saindo da escola com Nikko, pra só depois ir buscar Destiny. Não queria vê-lo de novo.

Levou a filha pro carro e colocou o cinto nela no banco de trás, depois indo pra frente e colocando seu cinto. Um pensamento de "Deku de merda" passou pela sua cabeça.

A garotinha contava como fora sua aula no caminho, e isso deixou Bakugou um pouco mais disposto e com menos ódio. Gostava de ver sua filha feliz e animada.

— ..ai eu e o Nikko combinamos de fazer um piquenique sábado! Se você e o tio Izu quiserem, claro..

— Ahn.. — Ele parou o carro. — Quer comer hambúrguer? A gente tá na frente do Mc Donalds.

— Eba! Hambúrguer! Quero nuggets e batata frita também, papi! — Disse, balançando os braços.

Ele comprou o lanche pra ela - e um pra si também, ninguém é de ferro - e eles comeram no caminho pra casa.

Quando finalmente chegaram ao apartamento, Destiny voltou a tocar no assunto que ele havia cortado no carro.

— Então.. piquenique com o Nikko e o tio Izu.. no sábado..?

Saíram do carro e andaram até o elevador, onde ela ficou encarando-o com os olhinhos pidões.

— Claro, meu amor, claro..

Que ótimo. Um piquenique com o Deku. Era tudo que ele queria. Nerd de merda. Vida de merda.

𝐇𝐢𝐝𝐢𝐧𝐠 •立ち往生Onde histórias criam vida. Descubra agora