Capítulo II - A Partida

68 5 0
                                    

Por: Nicolie

Era noite, eu estava andando ao lado das casas escurecidas pela falta de luz, mesmo da lua agora escondida por trás das nuvens negras que causavam arrepios só de olhar.

  A que ponto o medo de escuro pode chegar?  Pensei.  Ao de você começar a ver formas nas sombras como uma criança de seis anos? Acho que sim. Se for, eu cheguei a esse ponto.

  A noite sempre foi minha parte favorita do dia, até agora. Foi sempre nela que eu conseguia pensar e ficar em silêncio. Como eu poderia ter medo ?

  Escutei barulho de folhas do outro lado da rua, o que fez os pelos de meus braços se eriçarem. Isso não era bom sinal. Aumentei meus passos e senti que havia ficado mais frio.

     - Isso é coisa da sua cabeça – Disse para mim mesma.

     SHHHHHHHHH

     Outro barulho. 

  Desta vez parei instantaneamente como se eu tivesse sido congelada pelo medo. Minha respiração ficou mais pesada e meus olhos estavam arregalados.

   Imaginei ter visto pelo canto de meus olhos algo se mexendo. Não foi nada; é apenas sua imaginação; deve ter sido um gato. Supus não muito confiante a essas idéias.

 A curiosidade estava me consumindo e fui obrigada a olhar para o lado.

Nada.

 Voltei a andar, mas não deixei minha visão periférica de lado. Se algo acontecesse (o que eu não queria nem um pouco), eu já estava pronta para correr.

 O mais estranho é que quando você está com medo, por mais assustador ou mais insignificante seja, uma parte de você espera que ele aconteça.

 Tentei esquecer o acontecimento, mas a adrenalina correndo em minhas veias e a sensação de estar sendo observada não ajudavam em nada, pelo contrário só dificultava.

 Comecei a cantarolar Tell Me It's Ok[1] tentando disfarçar minha covardia. Não adiantou.

Me arrependi de ter dispensado a compainha de Anthony. Eu daria tudo pra poder voltar no tempo e ter aceito sua proposta. Seria tão bom ter alguém aqui agora, nem que fosse só para saber que haveria um conhecido ao meu lado.

  Tantas vezes já andei por essas ruas, poderia chegar em casa de olhos vendados. Por que parecia tão complicado, e longo?

 Se Liz estivesse aqui, teria dito “Nick pare com isso, já te disse que medo, fome, frio, paixão, tudo é psicológico... Você tem a imaginação muito fértil”, eu podia ver até sua expressão. Ah... Por que ela não estava aqui? Eu aturaria as histórias de sua mãe e seu perfeccionismo só para escutar sua voz. Tentei afastar meu medo e minhas preocupações, pensar sobre os novos alunos, Anthony, uma manhã ensolarada. Estava tão concentrada que podia ver a luz do sol sobre meus olhos e ficava cada vez mais forte, e mais, e mais, quando percebi estava de olhos fechados e andando no meio do asfalto, e ainda havia a luz do meu “sonho” só que não era do sol, - bom, só se o sol viesse em sua direção à uma velocidade de 80km/h-, era um carro, um grande carro, não consegui me mexer, sabia que não conseguiria sair incólume.

Brilho da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora