Capítulo IV - A Rotina

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Por: Thaminy Liz

-Thaminy! – fui meio que despertada do meu transi – Thaminy, será que você poderia ao menos fingir que estar prestando atenção na aula? – Olhei diretamente para a professora.


- Me desculpe...- pensei um pouco e pedi – Será que eu poderia ir ao banheiro?


- Está se sentindo bem? – para evitar perguntas e prolongações simplesmente menti fazendo que sim. – Tudo bem então, pode ir.


Lavei meu rosto. “Nossa eu estou pior que o normal”, pensei. As olheiras estavam bem fundas e escuras. Achei que vir para a escola hoje iria ajudar, mas me enganei. Devia ter seguido o conselho do meu pai e ter ficado em casa. Fauls, dons sobre-humanos, Nicolie... Tudo girava muito em minha cabeça. Senti meu estomago resmungar, é, eu também não tomei café da manhã. Prendi meu cabelo em um rabo alto, sequei meu rosto.


Andei até o fim do corredor fui ao bebedouro. Bebi um pouco d’água, sem muita vontade, era mais para ajudar a engolir o nó em minha garganta. Virei – desejei não ter o feito. Sussurrei:


- Danilo... – o olhei suplicante.


- Oi, – ele sorriu, parecia mais maligno que o normal, senti uma pontinha de medo – Como está a sua amiguinha acidentada?


- Ah, qual é o seu problema? Deixa a Nicolie em paz! – parei por um momento – Como sabe dela?

- As notícias correm! – ele se aproximou – Tá precisando de um abraço? Eu sei, é difícil perder um amigo. – ele abriu os braços. O nó na garganta subiu a toda potencia. Eu não quero perder a minha amiga. Esbarrei correndo em Danilo e voltei para o banheiro. Chorando sentei no chão perto dos lavatórios.


Tentei a manhã inteira não pensar na possibilidade de perder Nicolie, mas parece que ver a dor das outras pessoas é prazeroso para Danilo, ele não respeita o momento de ninguém, enquanto não se sentir vingado ele não iria parar. Sim, eu tenho ciência de tudo isso, mas ao pensar na chance de nunca mais ver o sorriso de Nick a tristeza tomou conta de mim. Estava tentando ser forte desde ontem à noite até agora... As tentativas foram todas vãs, claro. Anthony passou a noite no hospital me informava a todo tempo se algo havia mudado, mas nada aocnteceu. Anthony disse que ela parece estar em um sono profundo, a respiração é fraca... Droga! Alguém vem vindo e eu aqui chorando. Levantei o mais rápido que pude, e comecei lavar o rosto.

Alguém entrou, me conhecia.


- Liz? Está tudo bem? – era Camile, uma das minhas amigas da escola. A olhei sequei o rosto, ela percebeu que estava chorando, pois veio e me abraçou sem dizer uma palavra.


- Eu só naõ quero perder a Nicolie...


-Shhh... Nada vai acontecer Liz. Tudo vai acabar bem. – a abracei forte, era isso que eu precisava alguém neutro nessa história, que não soubesse de muita coisa, estivesse disposta a me fazer companhia sem ficar me questionando. Camile era ótima nisso. Sabia o momento certo de falar.


Liguei para casa, Anthony foi me buscar na escola. Camile se ofereceu para ir comigo, mas eu disse que já estava bem melhor e que se precisasse eu ligaria para ela sem hesitar. Não queria incomodar ninguém. Ela ficou comigo até Anthony chegar.


Anthony queria ir comigo para casa, implorei até que o convenci de me levar direto para o hospital. Dizem que pessoas em coma te escutam, não queria que Nicolie achasse que eu a havia abandonado. Chegando à sala de espera, vi Cléo, percebi em suas olheiras que eu não tinha sido a única a ter insônia na noite anterior.

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