Real Life - Yoonmin

Fake love

Minha visão embaça conforme encaro a tela do computador, minhas orelhas doem pelo uso em excesso dos fones de ouvido e minhas costas estão rígidas e doloridas por ficar sentado tanto tempo.

Ouço um bater de leve na porta do estúdio e então a senha sendo colocada e a porta destrava. Não preciso nem olhar para saber quem é, e finjo não perceber sua presença conforme encaro meus equipamentos mexendo aqui e ali.

Uma mão surge tirando meus fones e a melodia de fundo some, o alívio em minhas orelhas é instantâneo.

Olho para Jimin que me encara com as sobrancelhas levemente franzidas e estende uma sacola plástica, pelo cheiro é algo delicioso que faz meu estômago roncar em silêncio.

- Você está aqui o dia todo, precisa comer. - diz querendo parecer firme, mas sei que está preocupado.

- Não precisava fazer isso. - digo pegando a sacola e colocando de lado, ele fecha a cara pra mim. - mas eu agradeço. - acrescento rapidamente.

Jimin suspira pesadamente e vai para trás de mim logo começando uma massagem relaxante em meus ombros.

Suas mãos parecem mágicas, como toques de fadas, como tudo nele.

- Achei que faríamos algo hoje. Não tivemos tempo no fim de semana e amanhã é... - para de falar, sua voz morrendo.

Geralmente ele faz isso quando percebe que expressou demais seus sentimentos, e tenta se conter, mas para mim isso é bobagem. Acho que Jimin pensa que deveria ser mais como eu, enquanto eu só penso em como gostaria de ser como ele.

Jimin é o tipo de pessoa que aquece qualquer lugar mesmo estando no mais profundo inverno.

Pego sua mão e o puxo para vir até minha frente, o que ele faz enquanto lhe dou espaço empurrando minha cadeira para trás.

Olho no fundo de seus olhos antes de falar:

- Eu não esqueci. - garanto o fazendo apertar o lábio.

- Mas? - arrisca tristemente. O puxo de leve para mim e ele senta no meu colo, as pernas de lado.

- Mas eu preciso terminar isso hoje. - toco seus cabelos loiros em um gesto carinhoso e frágil.

- Amanhã temos um dia cheio. - lembra me analisando de perto.

- Eu sei.

- É nosso aniversário. - sua voz sai manhosa em uma revolta contida.

- Eu sei, mas...

- Você prometeu. - solta baixo e fecha a boca logo em seguida.

Sei que está novamente se segurando, explodindo por dentro e tentando não explodir por fora. Às vezes, me dói o quanto ele se reprime perto de mim, com medo de me magoar, de me afastar.

- Jimin... - digo como um pedido colocando minha mão em seu pescoço e a outra em sua coxa.

Seus olhos ficam em mim, esperando que eu lhe dê algo que o faça se sentir melhor, mas eu não sei se posso fazer isso.

O puxo pra mim selando nossos lábios com ternura, ele não resiste, mas não retribui calorosamente como geralmente faz. Me afasto encostando minha testa na dele.

- Não fique bravo, eu sinto muito. Faremos algo assim que der, prometo. - digo baixo, mais frágil do que gosto de parecer. Só ele me vê assim.

- Não. - diz fechando os olhos conforme passo a mão pela extensão do seu torso. - você nunca terá um tempo só pra nós.