dia 01.

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20/05;

Louis estava mais preocupado do que nunca. O ser que ele mais se importava no mundo havia mudado demais nas últimas duas semanas. panqueca agora vivia deitada pelos cantos, não queria passear e não pulava mais em suas pernas quando ele estava comendo algo que ela se interessava no cheiro, e o medo de ela estar doente ou pior, de perdê-la, estava apertando sua garganta e tirando seu sossego.

— Vamos, Pan... Come só um pouco. – Sentado no chão, às sete da manhã, ele tentava dar uma fatia de pão de forma para a cadela, que apenas mexia os olhos e suspirava baixo, deitada no piso frio. Seus olhos marejaram e ele decidiu levá-la no veterinário, pois estava passando dos limites.

Pegou a cachorra no colo e alcançou as chaves de seu carro em cima do balcão, dando passos largos e rápidos até o veículo. Colocou o pequeno animal no banco do carona e entrou do seu lado apressadamente. Ligou o carro e começou a dirigir sem pensar muito, dirigindo em direção a uma clínica veterinária que achou nas redondezas enquanto pesquisava na Internet no dia anterior, quando a situação de sua companheira começou a realmente se agravar.

Estacionou na frente do local dez minutos depois e desceu do conversível, levando Panqueca com cuidado nos braços. Entrou no veterinário e preencheu rapidamente a ficha de primeira consulta, sendo chamado em tempo recorde. O local estava vazio, provavelmente por causa do horário, e Louis simpatizou com o doutor logo de cara, assim que ajeitou a cachorra na maca acolchoada.

— Então, o que está acontecendo com a mocinha? – O homem moreno e sorridente perguntou, enquanto fazia carinho no pelo sedoso. Louis descreveu todos os sintomas: Panqueca dormia o dia todo, não comia direito, não brincava e parecia sempre sem energia. O veterinário franziu o cenho e anotou algumas coisas no receituário em sua mão. – Eu tenho um palpite do que seja, mas teremos que fazer um exame.

— É grave, doutor? – A voz saiu embargada e seus olhos começavam a marejar.

— Creio que não... Preciso do resultado do exame para que eu possa afirmar com certeza. – O homem respondeu e escreveu mais coisas na folha de papel, arrancando-a do bloquinho e entregando para a enfermeira ao seu lado. Ela leu e se retirou por um momento, voltando com uma aparelhagem grande. Louis se sentou em uma cadeira perto e algumas lágrimas desceram pelas suas bochechas, que ele tratou de secar rápido. Estava com muito medo de perder o único ser que ainda o fazia se sentir pertencente a algo e confortável em algum lugar.

O doutor pegou um aparelho pequeno que estava conectado a uma tela e começou a passar na pequena barriga de Panqueca, que ficou deitada e imóvel.

— Muito bem! Não é nada grave. – O homem sorriu, virando-se para Louis. – E parabéns, você vai ser vovô!

Hein?!

— Hein?! – Louis exclamou e arregalou os olhos.

Ele estava furioso. Dirigia de volta para casa depois de pagar mais de mil reais pela consulta, pelo exame e comidas diferenciadas para sua cachorra grávida. E, para piorar, ele sabia que quem fez isso com sua princesinha foi, com certeza, aquele insuportável do cachorro do vizinho, também insuportável!

Não eram nem dez da manhã ainda e Louis já estava com dor de cabeça de estresse. Havia ido para aquele local paradisíaco, silencioso e calmo para ficar em paz e colocar sua saúde em dia, mas tudo que conseguira, pelo visto, foram mais problemas e mais estresse. Ele devia ser um ímã de desgraças!

Não conseguia imaginar e conceber a ideia de que sua filhinha, seu bebê, havia feito bebês! Isso era um absurdo e ele culpava inteiramente Harry Styles e Bartolomeu Styles. Ele iria lá olhar na cara daquele irresponsável pela última vez na sua vida (se tivesse sorte) para poder falar poucas e boas bem mal educadas.

Errou o caminho algumas vezes, perdido em sua ira, e já era quase hora do almoço quando estacionou na porta de casa e desceu do carro, batendo as portas fortemente, com sua Panqueca no colo. Com passos pesados fazendo barulho no chão de pedra, parou em frente à entrada da casa de Styles e deu batidas vigorosas na madeira escura. Se alguém olhasse dentro de seus olhos no momento, com certeza veria as labaredas subindo por trás do azul acinzentado.

E foi exatamente a impressão que Harry teve quando, extremamente confuso, abriu a porta e viu o garoto mais baixo parado ali com o Corgi nos braços e a expressão raivosa.

— Seu vira-lata engravidou minha bebê! – Louis gritou, o rosto ficando vermelho. – Minha bebê, Styles! Você tá entendendo?!

Harry não sabia que resposta dar. Com uma mão apoiada na porta, sua boca entreabriu e seu cenho se franziu.

— Oi?

— Pelo amor de Deus! Não se faça de idiota. – Tomlinson bufou, batendo o pé no chão em um claro sinal de irritação. – Fique longe de mim e mantenha seu cachorro longe da minha princesa!

Terminou de brigar com Harry no mesmo momento que Bartolomeu veio correndo por detrás do dono, latindo e subindo nas pernas de Louis para ficar mais perto de Panqueca. O mais velho deu um grito e se afastou com a cachorra, que também latia de volta para Bartô, o rabo balançando. Parecia finalmente feliz de novo. E isso intrigou Louis.

Recusando-se a ficar mais um segundo ali, girou nos calcanhares e andou freneticamente até sua residência, não dando oportunidade para o vizinho retrucar. Harry apenas ficou parado, a expressão em descrença e sem ter absolutamente nada passando em sua cabeça.

O menor colocou Panqueca no chão, já dentro de casa e correu para fechar todas as cortinas. Não queria ter nenhum tipo de contato com o da casa ao lado. Sim, estava agindo feito uma criança, mas não daria o braço a torcer que talvez Harry não tivesse feito nada de errado mesmo. Queria ter o direito de ficar pelo menos um pouco bravo.

Começou a preparar seu almoço, botando mais energia do que o necessário na preparação de tudo, o resquício da raiva irracional ainda fresco. Assim que tudo estava pronto, pegou o pote de inox de Panqueca e despejou a ração molhada especial para cadelas grávidas e colocou no chão. Ela cheirou e comeu um pouco, mas sua postura ainda era de tristeza e desânimo. E isso refletia em Louis, que também comeu pouco e sentia-se levemente esgotado. Estava com medo de todo aquele estresse repentino piorar seu estado de saúde, agora seria vovô e não podia morrer, deixando os filhotinhos e sua cadela sozinhos. Ou, em um caso pior: sob os cuidados de Harry Styles.

Tomlinson se manteve como um eremita o resto do dia. As vezes ia na janela espiar por detrás das cortinas salmão a movimentação do outro, mas a casa estava quieta até demais. Harry não aparecia por detrás de nenhum dos vidros transparentes, tirando o sono do interior fofoqueiro de Louis. Queria saber se ele estava com raiva, se estava inquieto ou preocupado. Mas nada lhe trazia respostas.

Então, nove horas da noite, depois de quase deixar a marca de seus pés no caminho entre o sofá da sala e a janela ao lado da televisão, ele resolveu subir para se deitar e parar de pensar um pouco. Levou Panqueca escada acima, pois não queria que ela se forçasse muito a subir os degraus e a posicionou na cama. A cachorra estava meio cabisbaixa ainda, soltando umas lamúrias baixas as vezes, mas o dono sabia que ela estava com a saúde perfeita, então tentou não se importar muito. Cobriu o corpo peludo com o edredom e deitou-se ao lado dela.

Mas descobriu que pegar no sono seria uma tarefa mais difícil do que imaginava. Rolando para lá e para cá, seu corpo não descansou até que a madrugada adentrasse seu quarto, dando um fim real aquele dia movimentado.

when the ocean resembles your eyes [l.s.]Onde histórias criam vida. Descubra agora