dia 07.

56 14 11
                                    

Louis acordou extremamente disposto na manhã de quarta-feira. Mais um dia ensolarado ajudava-o a elevar seu humor matinal e, após optar por tomar um chá de café da manhã, decidiu regar e cuidar das plantas de seu pequeno jardim emprestado. Muitas espécies que adoravam a luz constante do sol e o clima úmido da beira-mar estavam dispostas em vários vasos coloridos e até diretamente no gramado. Pegou sua câmera Polaroid em cima da mesa de jardim e tirou uma foto instantânea das flores coloridas, balançando assim que ela saiu e sorrindo com o resultado.

Ele gostava muito daquela parte da casa, o cheiro de terra molhada e grama nova misturavam-se harmonicamente, trazendo a ele um sentimento confortável de jardim que sempre faltou em seu apartamento de cidade grande. Louis lembrava muito de seus anos de criança quando sentia essa essência toda tão natural, de dias de inocência e preocupações restritas a comida de vó, brincar com seus amigos e rir de qualquer programa infantil que estivesse passando na televisão.

Entretido em regar igualmente todos os locais de terra de cada planta, sua visão periférica foi a primeira a perceber que Harry estava sentado na cadeira branca localizada na varanda externa. Queria muito olhar e ver o que o garoto estava fazendo ali, mas sabia que era possível percebe-lo dali. Então, olhando ao redor, avistou uma samambaia grande o suficiente para que o encobrisse. Agachado, andou até atrás da planta e afastou um pouco os galhos, apenas o suficiente para que conseguisse visualizar o que Styles estava fazendo.

O mais novo escrevia furiosamente nas páginas de um caderno marrom pequeno, alheio completamente de seus arredores. O lápis ia de um lado para o outro dando voltas, às vezes riscando certas partes e às vezes indo de encontro com os dentes alinhados de Harry, que mordia nervoso a ponta de cima, enquanto pensava. Louis achava uma cena bonita, os cenhos do garoto franzidos e as ideias aparentemente fluindo com certa constância.

Mas, em uma pausa, Harry sentiu uma observação na encolha e virou a cabeça rapidamente na direção de Louis, uma mecha de seu cabelo caindo no meio de sua testa. Achou o mais velho agachado no meio da samambaia e estranhou o jeito que ele levantou de maneira apressada. Os olhos azuis arregalados se conectaram aos verdes e eles ficaram assim por alguns momentos, a barriga de Louis criando borboletas selvagens e desgovernadas.

Harry deu um sorriso de lado e Tomlinson pigarreou, correndo para dentro de casa e fechando a porta rapidamente, apoiando as costas na madeira e respirando ofegante. Seu coração retumbava dentro de suas costelas e, fechando os olhos, desceu lentamente até sentar no chão. Ele estava evitando o vizinho porque aqueles sentimentos estranhos o irritavam extremamente e não queria lidar com aquilo agora.

Panqueca veio correndo da sala e subiu em cima de suas pernas, lambendo sua bochecha carinhosamente para receber um carinho na barriga. O ponteiro dos minutos do relógio dava voltas apressadas, mas Louis continuava na mesma posição, vendo o dia passar enquanto seu coração e seu cérebro travavam uma batalha árdua dentro de si mesmo para ver quem controlaria os próximos movimentos do garoto.

- Eu acho que ele é legal, Pan. - Ele finalmente disse, abraçando a cadela em seu colo, que o respondeu com um latido. - Irritantemente legal.

Levantando-se, afastou levemente as cortinas e pôde ver o sol começando seu percurso de se pôr e Harry abrindo a porta da frente com Bartô em suas canelas. Correu para alcançar a guia de Panqueca e, após rapidamente assegurar que estava presa na cadela, abriu sua própria porta e andou até a areia, alcançando Harry como se fosse por acaso.

Os dois se mantiveram calados enquanto caminhavam lado a lado, os cachorros mais próximos do que os donos. O calor que emanava do corpo alto e esguio Styles se projetava até o braço do menor, quase aquecendo-o por dentro. Em momentos oportunos, Louis o espiava pelo canto de seu olho, a luz final solar lançando raios alaranjados pelos fios cor de mel de Harry, transformando-o em uma pintura renascentista que, com certeza, havia demorado anos de aprimoramento para ficar pronta.

Mas o silêncio continuava pairando entre eles. Um silêncio bom, de calmaria. Algo que Louis era pouco familiar, por usa vida ser sempre movimentada e Harry não ter muito contato, pelo silêncio que ele encarava todo dia estar longe de um conforto.

Os dois voltaram para suas respectivas residências, trocando sorrisos tímidos e despedidas rápidas, as pernas tomadas pela areia fina e a penumbra da noite acariciando seus sentimentos recém aparecidos.

E, em cada quarto, mais uma vez com o cantar das ondas subindo e entrando pelas janelas abertas, Louis e Harry adormeceram ansiando para descobrir como o próximo dia iria surpreendê-los.

when the ocean resembles your eyes [l.s.]Onde histórias criam vida. Descubra agora