Dançando Entre Água e Fogo

Capítulo I. Submisso

Depois da formatura em Hogwarts, Cissy e Severus haviam se tornado ainda mais próximos do que já eram.

Talvez porque por muito tempo Snape tivesse sido para Cissy um confidente ou talvez porque simplesmente eles fossem bastante parecidos.

Afinal, mentes brilhantes pensam coisas semelhantes.

E entre conversas acaloradas sobre suas vidas sexuais, Severus lhe havia confidenciado que a sua estava indo de mal a pior.

Ele não sentia mais desejos, vontades...

Não havia homem ou mulher que lhe enchesse os olhos havia muito tempo.

E como uma boa amiga, Cissy percebera de imediato o que faltava.

Estímulo, sal, açúcar...

E tempero apimentado. Muito tempero apimentado.

Sabia exatamente como ajudá-lo.

Seu sorriso malicioso nunca dera em Snape tanto medo.

O que ela planejava, afinal, ele não demoraria a descobrir.

— Um clube? — Ele piscou. — De sadomasoquismo, você diz?

— Dominação — corrigiu ela. — Mas o sadomasoquismo também parte dessa premissa. — Levantou-se equilibrada em seus saltos, e Snape acompanhou-a em seu encalço pelo vasto corredor da mansão em que vivia. — A questão, Severus, é que tudo se resume a um papel. É encenação e ao mesmo tempo não é, é natural, entende?

Snape piscou.

— Não, acho que não. — Respondeu sinceramente, a seguindo pela extensão mal iluminada até um quarto em que a porta foi aberta com um gesto de varinha.

Narcissa foi entrando, sem rodeios, e Snape a seguiu, correndo os olhos pela sala de maneira rápida, e os arregalando com as primeiras impressões.

Precisou olhar de novo com mais calma.

— Salazar! O que vem a ser isso, Cissy? — Ele disse, tentando parecer horrorizado, mas denunciado por uma nota de interesse em sua voz que fez com que o sorriso condescendente da moçoila brincasse em seus lábios convidativos.

Haviam, espalhados pela sala, objetos muito esquisitos, que Snape teve dificuldade em reconhecer e identificar quais eram as suas funções.

Penduradas na parede ao norte, havia uma infinidade de coleiras, de diversas cores, com diversos apetrechos e moldadas dos mais variados materiais.

Uma, em especial, com alguns respingos pontiagudos feitos de metal, chamaram-lhe a atenção. Ele permitiu-se tocá-la, sentir a textura...

Feita de couro.

Realmente de arrepiar.

Caminhando os olhos vagarosamente pela sala, seus pés o acompanhavam em ritmo igual, conduzindo-o pelo assoalho.

Mais para frente, haviam instrumentos curiosos espalhados.

Algumas gaiolas, verticais e horizontais, e outros objetos pendurados na parede com um formato peniano que pareciam conter um espaço e auréolas, mas que ele não soube imaginar para que serviam.

Arregalou os olhos, tocando-os também.

Plástico, metal... Nova variedade de materiais.

Cissy assistiu, acompanhando com os olhos as descobertas do amigo e analisou em silêncio os seus objetos de maior interesse, traçando em surdina um perfil mental que a levaria a concluir quais eram os maiores interesses do rapaz e suas tendências.