Quando Osamu abriu a porta e viu minha cara de choro, a primeira coisa que ele fez foi me dar um abraço apertado. Ele passava a mão em minha cabeça como tentativa de parar minhas lágrimas. Osamu me deu uma blusa de frio, mas o clima já não me incomodava mais. Eu estava desalentada. As vezes eu não controlava minha intensidade e acabava tendo atitudes por impulso.- O que você ta fazendo aqui fora nesse frio, hein? - ele me puxou pra dentro.
Diferente daquela vez a casa se encontrava vazia e em completo silêncio. Parecia uma metáfora dos meus sentimentos agora. Ele me levou pra dentro de casa, e eu me sentei em uma cadeira enquanto Osamu permanecia em pé na minha frente. Eu não o encarava. Eu estava tentando me acalmar, se eu começasse a falar o que tinha rolado possivelmente eu desabaria de novo. Eu apenas fiquei em silêncio limpando meu rosto.
- Foi o Suna... - disse após alguns minutos.
- O que ele fez?
- Ele... - comecei a chorar de novo tampando meu rosto.
- Ei, ei - Osamu se ajoelhou e passou a mão em meu rosto. - Tá tudo bem, relaxa. Vou pegar uma água pra você, tudo bem? - ele sorriu.
Assenti e o esperei. Me sentia despedaçada por dentro. Por que? Osamu me trouxe um copo de água. Eu consegui organizar meus pensamentos para que uma nova crise de choro não me atrapalhasse de novo. Ainda não me sentia preparada pra falar sobre. Eu devia estar horrível. Meus olhos estavam muito inchados e eu até pressentia uma dor de cabeça. Depois de um tempo, expliquei para Osamu o ocorrido e ele ficou pensativo. Acho que não queria falar alguma bobeira pra não me deixar pior do que eu já estava. Osamu relembrou a fala de Kita, e que o fato do Suna ser complexo era verdade. Mas o jeito que nós lidamos com a situação foi errada.
- Suna pode ser inseguro assim como você, [S/N]. Ele já teve relacionamentos passados que não foram muito bons. Você deveria ter ficado e conversado com ele. Mas tudo bem, ficamos frustrados quando algo não acontece do jeito que a gente quer.
As palavras de Osamu faziam sentido. Mas eu precisava de um tempo. Confesso que que me sentia um pouco culpada pela minha atitude. Eu agi por impulso.
- Suna pode sim gostar de você, mas ele tem medo também. Vocês dois por mais que achem que estão se entregando um ao outro, não estão. Suna é intenso. - Osamu concluiu.
- É, você tem razão. - funguei.
Eu encarei Osamu que já estava de pé. Eu mexi no bolso do meu short procurando meu celular. Minha mãe estava preocupada.
Eu me levantei e disse que precisava ir. Não queria roubar muito tempo dele. Então pedi que me acompanhasse apenas até a porta da sua casa.
Tirei a blusa de frio e entreguei pra Osamu, mas ele me impediu. Disse que eu podia ficar com ela. Eu apenas sorri e agradeci por ter me recebido.- Obrigada, de verdade.
- Não precisa agradecer. - ele me encarou.
- Eu pedi um...
Meus olhos se arregalaram assim que senti os lábios de Osamu sobre os meus. Ele desceu a mão até minha cintura, mas eu não retribuí, eu o empurrei de leve.
- Eu... não posso fazer isso, me desculpa. - me afastei de Osamu.
- Mil desculpas, [S/N] - ele disse passando a mão no cabelo nervoso. - Eu...
- Tá tudo bem, Osamu. Eu pedi um uber, ele já deve estar chegando. - quebrei o contato visual.
- Tem certeza que não quer carona? - ele disse mudando o assunto.
- Não, obrigada. E obrigada de novo por ter me escutado.
Ele deu um sorriso rápido e se despediu assim que o uber chegou. Acenei um tchau pra Osamu e ele retribuiu. Abri a janela do carro sentindo o vento gelado bater em meu rosto. Por que Osamu tinha feito aquilo? Eu não queria mais conflitos, estava desgastada.
Relembrava das conversas com o Osamu e parando pra pensar, Suna não era muito diferente de mim. Talvez ele estivesse mesmo inseguro ou ainda não sabia como reconhecer os sentimentos.
Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi ir pro quarto da minha mãe. Ela já estava em sono profundo, mas eu me deitei ao lado dela mesmo assim. Não demorou muito para que eu dormisse. Eu fechei os olhos tentando não pensar em Suna e no meu dia conflituoso. Meu melhor amigo tinha sumido, Osamu tinha me beijado, meio que briguei com Kita. Amanhã seria o que? Uma bomba caíria na minha cabeça?
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Notas da autora ~
[S/N] todo capítulo assim:
Tradução: "Por que você está em silêncio?" O que está em sua mente?"
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Wishes
Fanfiction[S/N] presenciava mais uma mudança em sua vida, mas não só no sentido de mudar de casas, e estados, apesar dela não ter muitas expectativas para a cidade que agora fazia parte, ela não tinha ideia de que lá vivenciaria momentos únicos, na companhia...