— Ai, aoo... — segurei o pulso dele mais uma vez, desviando daquele pano maldito com um soro do diabo que fazia o corte na minha boca arder mais que os pecados no inferno.— Molly fica quieta! Não vou terminar nunca desse jeito. — exclamou Dean, mais uma vez molhando o pano na solução com água e o remédio desgraçado.
— Não é com você né? Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
— Isso é pra estancar o sangue, se você não parar quieta só vai piorar. — se livrou do meu agarre e colocou o pano de vez.
— DESGRAÇA!!! — gritei, abanando o local que ardia mil vezes mais.
— Eu posso fazer um dicionário com todos os palavrões que você soltou aqui, onde arrumou essa boca suja? — ele não estava nenhum pouco delicado. Nunca foi.
— No bueiro, procurando minha dignidade. — fechei os olhos esperando que ele colocasse mais uma vez, mas como não aconteceu, voltei a abrir, encontrando um par de olhos azuis me estudando com perturbação. —Que é?
Olhei para trás, deparando com meu reflexo deplorável, mas o sangue já tinha sumido, ficando apenas um fino corte no canto da boca, fora isso nada de errado para ele me encarar daquele jeito.
— O que fez com a Molly que eu conhecia?
— Hein? — virei novamente, ficando de frente pra ele, que mudou totalmente sua postura para o carrancudo de antes.
— Nada. Vai me contar o que aconteceu ou não?
— Não, é humilhante.
— Você queria minha ajuda, não é possível que fosse apenas um copo de água e alguém para limpar seu sangue. No que se meteu dessa vez? — desviei o olhar para a parede atrás dele. Precisava mesmo da sua ajuda, e mais humilhante do que estar sentada em uma pia de banheiro enquanto o próprio Dean Massari limpava minha bagunça, não poderia ser.
— Há sete meses atrás eu peguei dinheiro emprestado com um agiota para alguém, na verdade eu me envolvi com ele ainda na faculdade, descobri que só trabalhava para uma outra pessoa, na mesma época eu fui despejada do apartamento que morava e tive que...
— Pela quinta vez presumo.
— Isso, foi a quinta, mas ontem foi mais sério porque levaram todos os meus moveis, maldito Epaminondas. — grunhi seu nome com os olhos semicerrados. — Continuando. Tive que me mudar e acabei usando isso pra me afastar desse cara, mas hoje ele me encontrou e cobrou o que eu estava devendo a ele.
— E por isso te bateu? — deduziu. Balancei a cabeça que não, com o pior ainda por vir.
— Antonela me levou para visitar um flat aqui perto e até já assinou o contrato. Depois me arrumou o dinheiro do depósito calção, eu só precisava depositar em juízo, mas me encontraram no meio do caminho eu menti, dizendo que não tinha o dinheiro, um comparsa chegou e me revistou, apanhei desse outro cara que apontou uma arma na minha cabeça.
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E Se Ele Não Cair? - Disponível Na Amazon
RomanceE se o que era para ter sido um clichê, não tivesse tido um fim? E se o mocinho, não fosse tão mocinho assim? Molly queria voltar para casa, mas já não sabia o que era um lar. Sentia que ainda tinha sonhos, mas não sabia por onde começar. Ela não l...