Flor do real

6K 401 544
                                    

(A mesma regra de sempre: se estiver em itálico ou é pensamento, ou é passado, ou é ênfase. Foi aqui que pediram mimos?)

**

As batidas na porta ficavam mais fortes a cada minuto que se estendia. Sarah se mexia na cama pensando se tratar de um sonho. Uma voz distante ecoava na mente, ficando cada vez mais alta.

"Dona Sarah? Dona Sarah?!" - Victor dizia aumentando o tom já impaciente no largo corredor do hotel.

A loira gemia rolando no enorme colchão de um lado para o outro, puxando o travesseiro mais próximo para cobrir os olhos. A voz não se calava.

"Dona Sarah, a senhorita está atrasada!" - Victor aumentava o tom enquanto passava os dedos na testa que suava frio.

Os olhos de Sarah abriram instantaneamente e ela se levantou em um movimento veloz, olhando assustada pela janela que já mostrava o céu amanhecendo. Puta que pariu. A loira pensou enquanto a mente tentava raciocinar tudo que já deveria ter feito até aquela hora. O Big Brother mexia com o senso de tempo e ela acabou se esquecendo de olhar o relógio e deixar um alarme pronto para não ter que passar por isso.

"É... oi, Victor!!!" - a brasiliense falava alto ainda correndo pelo quarto e tentando agir o mais rápido que conseguia, revirando a mala procurando por qualquer peça de roupa minimamente apresentável. "É, pera!!! Eu já tô acabando, desculpa!" - a voz saía aflita enquanto a canceriana tentava escovar os dentes ao mesmo tempo em que amarrava o cadarço do tênis.

"Ai, porra..." - a loira exclamou com o choque do pé descalço contra o pé da cama. Colocou o outro sapato e seguiu até o banheiro, jogando uma água gelada no rosto. Se encarou por alguns segundos no espelho. Os olhos estavam inchados e vermelhos. A prova de que a noite tinha sido péssima. "Meu Deus, mas nem milagre pra resolver isso hoje..." - disse levando os dedos até os olhos. Terminou de amarrar os cadarços e colocou um moletom no corpo de maneira desajeitada. Correu até a porta alcançando a maçaneta e parou. "Desodorante, inferno..." - falou sussurrando voltando até a mala de novo a procura do frasco que trouxera do programa.

"Dona Sarah, nós já tínhamos que estar no caminho para o estúdio!" - a voz de Victor ficava cada vez mais dura.

"Achei, merda!" - Sarah exclamou ao encontrar o antitranspirante na mala, puxando o objeto rapidamente. Levantou o moletom e passou o desodorante nas axilas quando parou subitamente encarando a mala revirada. Um ponto brilhante no meio das roupas chamou a atenção dela. Soltou o frasco no chão e olhou curiosa para o objeto, puxando-o para fora. O coração bateu forte no peito pela primeira vez naquele dia.

"Se eu sair..." - Juliette dizia visivelmente emocionada.

"Amor, para com isso... você não vai sair." - a voz de Sarah a cortou tentando afastar aquele medo da mente das duas.

"Me escute... se eu sair, quero que fique com isso." - a morena continuou revelando um colar de prata com um pingente simples entre os dedos.

Sarah olhou para a jóia e cerrou as sobrancelhas, evidenciando a dúvida que tinha. "S?" - a brasiliense perguntou.

Juliette assentiu com a cabeça de maneira saudosa enquanto também olhava o colar. "Mainha quem me deu, antes de eu vir pra cá. S de sinceridade, sabedoria e sensatez... as coisas que eu precisaria ter aqui." - disse sorrindo com algumas lágrimas nos olhos.

A brasiliense a olhava e quase conseguia sentir a falta que a mãe de Juliette fazia para a paraibana. Era um sentimento bonito de cumplicidade que elas tinham. A maneira como ela falava da mãe, como todos os planos e todas as memórias a faziam mais forte, fazia Sarah se sentir mais forte também.

Tudo é questão de jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora