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Sukuna só foi capaz de vê-lo em seus sonhos, mas sabia que ele era seu companheiro destinado. Uma presença como nenhuma outra, embora não pudesse ver seu rosto. Ele, o Rei demônio, ficou tão cativado por aquele sentimento, por aquela pessoa desconhecida.

Por tanto tempo na solidão, mesmo cercado por servos que juravam fidelidade, ele realmente não tinha ninguém além de seu irmão mais novo, mas sabia que em algum momento Yuuji se cansaria de estar lá e iria embora, deixando-o novamente naquela infinita Solidão.

Sukuna ansiava pelo trono do Rei Demônio por muito tempo, ele fez um esforço para chegar lá matando seus outros irmãos no processo, então ordenou seu pai a renunciar, mas tudo fazia parte do jogo do velho Rei, seus filhos eram apenas suas peças de xadrez.

Quando Sukuna percebeu isso, ele matou todos os seus irmãos, exceto Yuuji, que na época tinha apenas um ano de idade e era filho da concubina mais favorecida depois de sua falecida mãe. Ele estava com tanta sede de sangue que poderia matar até um bebê, mas não faria algo assim com a mulher que cuidou dele depois que sua mãe morreu.

Naquela época, Sukuna já era forte o suficiente para enfrentar seu próprio pai. Ele se sentia tão furioso, até consigo mesmo. O tempo todo acreditou que era o favorito, mas seu pai realmente só queria se livrar de seus filhos.

Com todo o ódio que Sukuna havia desenvolvido contra ele, o espancou em um duelo até a morte, provocando seu pai moribundo, e nem mesmo sentiu um pouco de pena dele, tinha tanto rancor. Rancor de matá-lo completamente.

Mas depois de assumir o trono, Sukuna sentiu que não era aquilo que ele realmente imaginava e nem era o que ele queria, foi por isso que lutou tanto? Por que ele matou seus irmãos e seu pai?

Foi uma simples estupidez, ele se deixou cegar por querer tomar o poder.

Ele não conseguiu reparar o irreparável, depois de se tornar Rei, largou todas as amantes de seu pai, deu a elas o suficiente para viverem com conforto pelo resto de suas vidas, era o mínimo que podia fazer.

A melancolia se tornou insuportável depois de alguns anos, ele estava tentando preencher seu vazio com Ômegas, embora odiasse o cheiro enjoativo que exalavam. Tinha muita gente querendo estar em sua cama, mas no final do dia ele se sentia solitário novamente, e ao invés de perder seu tempo procurando um jeito de não se sentir assim, apenas se dedicava aos seus assuntos de governo como Rei e fingia que tudo estava sob controle.

Às vezes ele fugia para descansar um pouco de tudo isso, havia um lugar especial que gostava de ir. Era fora de suas terras, entre o Clã Zenin e o Clã Fushiguro, aquele lugar ficava em frente a um lago que nem lembrava como o havia encontrado, só lembrava que Yuuji também gostava de ir lá.

Mas um dia, quando ele fugiu de seus deveres, naquela grama verde, um anjo estava dormindo. Parecia que havia caído do céu, seu cheiro doce intoxicava Sukuna. O Alpha sabia que era ele, seu destinado, era a primeira vez que não sentia repulsa pelo cheiro de um Ômega. Depois de todas as coisas ruins que fez, ele ainda merecia isso?

Por que um Ômega estava sozinho em um lugar como aquele?

Ao se aproximar, percebeu que era apenas um menino de não mais que 12 anos, nunca ousaria, ele e Yuuji provavelmente tinham a mesma idade. Talvez o menino tenha fugido como ele de seus deveres.

Ele não saiu de lá até que o pequeno Ômega acordou e foi embora.

Sukuna realmente não se importava em esperar, seriam apenas alguns anos. Mas como poderia se aproximar? O Ômega provavelmente correria com medo de vê-lo, muitas histórias ruins foram contadas sobre ele. Estava muito temeroso, mesmo que se aproximasse com boas intenções, tudo seria mal interpretado.

Pensou que talvez devesse apenas ameaçar sua família para se casar com ele, eles não poderiam recusar. Mas quando disse isso a Yuuji, recebeu uma repreensão dele.

Talvez ele tivesse razão, deveria dar algo em troca, foi assim que o pai conseguiu suas concubinas.

A partir daquele dia, enviou alguns servos e guardas para investigar, ele descobriu que era do ramo principal do Clã Fushiguro. Sem esperar, Sukuna fez um acordo com eles, prometeu dar riqueza e proteção ao Clã, e eles sem hesitação aceitaram o compromisso. Foi mais fácil do que imaginava.

Assunto resolvido.

[...]

O Alpha observou Megumi nas sombras por alguns anos, Sukuna não gostava de chamar isso de assédio, como disse Yuuji, ele apenas cuidava de seu pequeno Ômega — agora de dezoito anos — para que ninguém o tirasse dele.

Ele o viu crescer à medida que ficava mais bonito com o passar dos anos, Sukuna não tinha dúvidas de que na realidade o Ômega era um ser celestial, sempre parecendo inalcançável.

Ele também o viu se tornar uma pessoa forte, mesmo tão forte quanto um Alpha, e tinha orgulho disso, seu Ômega não era uma pessoa fraca como muitos. Não tinha dúvidas de que no futuro iria lutar contra ele.

O tempo para Sukuna parecia se tornar muito lento, a espera o deixou desesperado. Mas a espera acabou.

Até fez seu palácio menos sombrio para que Megumi não se sentisse desconfortável, ele fez muitos arranjos para quando o Ômega morasse lá.

— Você realmente vai? — Yuuji apareceu na frente dele quando se preparava para ir ao Clã Fushiguro. — Ele vai te odiar, Sukuna. É isso que você quer?

Seu irmão foi contra sua decisão, tentou desde o início fazê-lo mudar de ideia, o aconselhando que era melhor se aproximar e ganhar sua confiança, mas o Alpha tinha razão em dizer que o Ômega ainda o rejeitaria. Ele preferia consertar tudo depois, se perdesse aquela oportunidade, perderia seu companheiro, naquela vida, havia pouca chance de encontrá-lo.

— Yuuji, não importa o que você diga. Megumi Fushiguro será meu marido, então não vou te dar ouvidos. Passe alguns dias com aquele Alpha de cabelos brancos que você está encontrando e não se intrometa — o beta olhou para ele indignado e saiu, se recusava a comparecer ao casamento.

Sukuna observou enquanto o outro fechava a porta de correr. É claro que ele não entendia, Yuuji encontrou alguém sem a necessidade de procurar, nem seu irmão mais novo era temido como si, ele se certificou de que ninguém o conhecesse fora de suas terras.

Com um suspiro, Sukuna deixou seu palácio com alguns de seus guardas e seguiram para o Clã Fushiguro, onde a cerimônia seria realizada. O Alpha sentia-se extremamente nervoso, algo muito estranho nele, já que sua aura sempre foi segura e imponente.

O Rei demônio se permitiu cair diante daquele Ômega, sem a intenção de ser sustentado.

「 Selfish 」Onde histórias criam vida. Descubra agora