Medo.

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Medo: Uma sensação desagradável desencadeada pela percepção de perigo, real ou imaginário.

  O vento fazia um barulho assustador na janela de madeira, fazendo Jisung se acomodar ainda mais no cobertor, enquanto deixava apenas os olhos do lado de fora, observando qualquer movimento. Além do som estridente que lhe atormentava, o relógio localizado na parede parecia fazer um barulho ainda mais alto, enquanto os minutos passavam. Tic, tac, tic, tac.

Mas como todos os dias, ele parou, as três horas da madrugada. Naquele internato, que Han poderia jurar que a presença de Deus sempre lhe faltara. Mesmo sendo repleto por freiras e irmãs, o lugar não parecia a casa de Deus como todos diziam. Ou seria Jisung o único a pensar dessa forma?

Fazia um mês, que estava ali, e ficaria por mais dois. Um mês foi mais do quê suficiente para perceber o quê aquele lugar guardava. Algo sombrio e obscuro, que Jisung queria distância, mas parece que não era ele que procurava. E sim, ele que estava sendo procurado.

Perseguido, a palavra certa.

O silêncio do relógio que parou as três da madrugada em certo, e os raios ainda se fazendo presentes, lhe davam um certo medo. Se colocou inteiro para dentro da coberta, que pensava lhe trazer alguma proteção. Cobriu os ouvidos com o travesseiro e fechou os olhos com força. O coração sempre acelerava rápido.

Então, ouviu. Um cantar. Sussurros. Risos. Macabro. Assustador.

- Jisunggie... Não ouse se esconder, no fim vou te encontrar e no então, pior será. - Não seguia um ritmo fixo. Um riso foi o suficiente para fazer o corpo começar a tremer. Se encolheu ainda mais na cama. Mas foi em vão. Sentiu a coberta ser retirada do seu corpo, dando uma sensação desproteção. Ainda com o travesseiro cobrindo a vista e tampando mesmo que falho, os ouvidos, não queria ver, o quê fosse que estivesse ali, pela sensação lhe encarando. - Han Jisung.
 
  A voz foi tão alta, que pareceu ser de alguém, deitado ao seu lado, abriu os olhos pelo susto e mesmo que um pingo, de curiosidade. Afrouxando o aperto com o travesseiro, o sentiu sendo puxado com força de sua mão. Não tinha mais nada. Se apavorou por estar tão desprotegido. Ainda na cama, com as mãos cobrindo os olhos, sentiu a mesma tremer, como se a tivessem chacoalhando. Não aguentou mais, se levantou a olhando. Parecia ter vida própria.

Olhando bem, sentiu as perna fraquejarem ao ver a porta sendo aberta, mas como? Sempre a trancava. Mas lá estava, abrindo aos poucos, o ranger parecia também, como tudo naquela madrugada, ser mais alto. Não se atreveria a ir correr para aquele corredor escuro, e não gritaria por ajuda, não queria ter que rezar por horas, e ainda ouvir sussurros referentes a si.

Se afastou da porta, mas o cantar pareceu ser mais alto.

- Jisunggie... Você está desprotegido, o que irá fazer? - Falava, uma voz grossa e nada melodiosa. - Eu vou aí, te ajudar, e assim em paz ficará. - Negou com a cabeça, sem conseguir organizar uma palavra para sair de sua boca. E, encostou as costas na parede, não tinha mais para onde ir.

O que seja que for aquilo, parou os passos, parecia estar perto, parecia já estar dentro do quarto. Mas ouviu um chiado alto, como se a coisa que lhe atormentava gritasse. Olhando para a porta aberta, enquanto se sentava no chão, com as duas mãos no ouvido, se desesperando pelo barulho que só aumentava, viu apenas uma cabeça, nunca pensaria aquilo como um humano, de boca aberta e o olhos totalmente brancos, onde se esticava pelo pescoço pálido, e pairava a sua frente.

- Onde está você? Eu vim aqui te proteger. - O zumbido parou assim que as palavras foram ditas. Pressuspôs que a coisa fosse cega, tirando as mãos do ouvido e colocando na boca, enquanto se tremia sentindo as lágrimas molharem suas mãos.

birthmark • MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora