Ser Livre

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Suzan já estava pronta para tirar seu sono de beleza. Ela colocou uma camisola escura, pois preto era sua cor favorita. Desde pequena, Suzan sempre adorou as trevas. Até que ela foi interrompida pela chegada do mordomo, Nico.
Nico era um homem muito magro e com um nariz muito grande. Seus olhos pareciam sem vida, mas Suzan sabia que eles tinham presenciado muita coisa.
- Madame Blanco... - Começou a dizer Nico. - Já estava indo dormir?
Suzan assentiu.
- Sim, por que?
Nico foi até a porta do quarto da madame e checou se não tinha ninguém ouvindo. Logo depois ele se aproximou da mulher.
- Eu estou com medo, madame.
Suzan arqueou as sombrancelhas.
- Medo do que?
- Você sabe do que! E se Bianca descobrir que fomos nós que matamos o senhor Blanco? Eu não quero ir para a cadeia!
Suzan se aproximou dele e deu um beijo no seu rosto.
- Calma, Nico... Aquela songa monga não vai descobrir nada. Eu sei que ela anda desconfiada, mas logo eu vou tirá-la do meu caminho...
- E como você pretende fazer isso?
Suzan sorriu.
- Quero que você dê um jeito de contratar um motorista para trabalhar aqui na mansão. E a recomendação é que ele seja muito forte e másculo.
- Não consigo entender - comentou Nico.
Suzan sorriu.
- É por isso que eu sou o cérebro da dupla, meu bem. Em breve você vai saber o por que disso. Só faça o que eu mandei.
- Está bem, madame - disse Nico, se afastando dela. Ele ia sair do quarto, até que Suzan disse:
- E não se esqueça. A mais bela sempre será eu.

Laura arrumou a cama com a ajuda dos irmãos. Ela queria que tudo ficasse perfeitamente ajeitado para que Daniel ficasse bem.
- Obrigado, Laurinha - disse Daniel, dando um abraço nela. - Você está sempre ajudando nossa família.
- Eu te amo, meu irmão - disse Laura. - Senti muita falta. Às vezes Pablo e Murilo podem ser insuportáveis. Mas você sempre me entendeu, desde criança...
Ela olhou para o lado.
- Meu pai quer que eu me case com um homem rico. De preferência o Jorginho, o neto daquele floricultor amigo de papai. Mas eu detesto Jorginho! Ele é tão bruto e machista!
Daniel assentiu.
- Papai não é acostumado a ter filhas mulheres. Ele teve quatro filhos, e só uma deles nasceu mulher.
Laura suspirou.
- Às vezes eu queria fugir. Ir para bem longe. Sinto que aqui não é o meu lugar.
- Eu entendo, minha bela - disse Daniel, se sentando ao lado de Laura na cama. - Mas você precisa ficar aqui ajudando nossa floricultura a crescer. A Flores Vivas é muito famosa por render ótimas flores!
- Eu sei, Dani - disse Laura. - Mas eu não gosto de me sentir presa.
Daniel abraçou Laura e os dois caíram na cama juntos.

No dia seguinte, Bianca acordou bem cedo e foi para a praça municipal da cidade. Ela adorava ir para lá observar os pássaros. Pássaros eram seus animais preferidos. Ela tinha ligado para Mônica, que veio ao seu encontro.
- Oi, Bianca!
- Oi, Mô! Como estão os preparativos para a festa?
Mônica suspirou. Ela rodopiou balançando seu vestido rosa.
- Está indo tudo perfeitamente bem! Minhas tias de outra cidade vieram organizá-la. Eu sinto que essa festa vai nos revelar muita coisa!
Bianca suspirou.
Mônica de repente se sentiu culpada.
- Ai, desculpa, Bianca... Você sofrendo pelo luto de seu pai e eu falando em festa...
Bianca sorriu.
- Desencana. Você merece se divertir. - Ela deu um suspiro. - Mas é que é difícil viver sem meu pai. Ele sempre esteve ao meu lado, sempre.
Mônica suspirou e se sentou com ela em um banco.
- Eu acho que nunca sofri a perda de ninguém. Minha mãe morreu quando eu nasci, eu nem tive a oportunidade de conhecê-la.
Bianca deu um abraço em Mônica.
- Rosalinda era uma ótima mulher. Sempre foi uma esposa muito dedicada.
- Espero nunca perder meu pai - disse Mônica, fazendo o sinal da cruz.
Bianca sorriu. O que as duas não sabiam era que estavam sendo observadas.

Depois de um passeio com Mônica, Bianca chegou em casa e se deparou com um homem na sua sala. Era um rapaz alto e forte, tinha cabelos e olhos castanhos. Ele estava usando um terno.
Suzan desceu das escadas da mansão e se aproximou de Bianca.
- Bianca, quero que conheça o Kevin. Ele vai ser o novo motorista da mansão.
Bianca se aproximou dele e lhe estendeu a mão.
- Prazer, Kevin.
Kevin sorriu e apertou a mão da jovem.
- É um prazer, senhorita Blanco. Se me permite, você é uma das jovens mais lindas que já conheci.
Suzan ficou de cara fechada após o comentário do motorista.
Bianca sorriu com o elogio.

  Em uma pequena casa no centro da cidade, morava uma mulher de caráter duvidoso. O nome dela era Wanda, e ela morava sozinha após a morte de seu marido.
Todos conheciam ela como a Bruxa Negra. Existiam suspeitas que ela praticava bruxaria em sua casa. Essas suspeitas tomaram fundamento quando bebês começaram a morrer misteriosamente.
Ninguém gostava de Wanda. E ela não gostava de ninguém.
- Eles que se fodam - ela sempre dizia, fumando um cigarro.
Mas naquele dia foi diferente. Ver aquelas duas jovens passeando na praça lhe fez relembrar antigas recordações.
- Ela precisa saber a verdade - disse Wanda para si mesma.

Madrugada

- Acorda, Bela Adormecida! - Disse Rita, puxando o cobertor e deixando Mônica exposta.
- Ai, que frio! - Reclamou Mônica, se levantando da cama. Ela conferiu o despertador. - Sabe que horas são agora, Rita? Três da manhã! Me deixa dormir!
Rita suspirou.
- É que eu queria fofocar um pouco...
- A essa hora? Espere de manhã!
Rita bateu o pé e voltou para a cama.
- Não tem graça dormir na sua casa! Você só dorme! Espero que um dia você adormeça para sempre e nunca mais acorde!
Mônica riu.
- Só se eu fosse almadiçoada...


No dia seguinte, Daniel foi para a floricultura e começou a ajudar sua família no trabalho. Cuidar de flores era muito bom. Daniel adorava mexer na terra.
Laura o estava ajudando, até que se deu conta que tinha esquecido uma caixa cheia de rosas em sua casa.
- Dani, esqueci uma coisa. Já vou buscar. Enquanto isso fique no meu lugar.
- Está bem - disse Daniel.
Laura saiu da floricultura e atravessou a rua correndo até sua casa. Ela não se deu conta que tinha um carro se aproximando dela em alta velocidade.
- Cuidado, Laura! - Gritou Daniel, saindo da floricultura.
Laura viu o carro que estava vindo em direção a ela e ficou paralisada.

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