Uma Moça Simples

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Bianca nunca gostou de Suzan. Desde o dia em que ela entrou na sua família, meses após a morte da mãe dela.
A morena lembrava muito bem. Ela estava brincando em seu quarto quando seu pai a chamou para o grande salão.

Flashback de Bianca ON

- Pai, por que me chamou? - Perguntou Bianca, descendo as escadas da mansão.
Tiago estava com um sorriso no rosto, acompanhado de uma linda mulher. Suzan tinha cabelos negros que iam até a cintura, e tinha um olhar provocante.
- Filha, quero que conheça Suzan Grimm.
Suzan se aproximou de Bianca e sorriu.
- Muito prazer, Bianca. Eu sou amiga do seu pai.
Bianca ficou um pouco desconfiada, mas mesmo assim deu um abraço na mulher.
- Suzan vai trabalhar comigo como secretária da empresa - disse Tiago, colocando a mão no ombro de Suzan. - Quero que a trate muito bem...
- Está bem, papai! - Disse Bianca, sorrindo.

Fim do Flashback

Bianca estava no quarto de Fernando, com uma expressão confiante.
- Do que você está falando? - Perguntou Fernando. - Você está querendo dizer que sua madrasta matou seu pai?
Bianca suspirou e se sentou na cama.
- Eu sempre achei muito estranho que Suzan passou de secretária da empresa Six para uma das mais importantes funcionárias tão depressa. E isso só aconteceu porque ela se casou com meu pai.
Fernando balançou a cabeça.
- Você está falando como meu pai. Ele também sempre achou isso muito estranho.
- E seu pai tem razão - afirmou Bianca. - Tenho certeza que Suzan fez algo com meu pai naquela viagem para Londres de iate.
Fernando tocou no joelho de Bianca e disse:
- Seja lá o que você for fazer, pode contar comigo. Crescemos juntos e prometemos um ao outro que sempre estaremos juntos.
Bianca sorriu e deu um abraço em Fernando.
- Obrigada, Feh!

Não muito longe dali, os habitantes do Bairro José Alencar caminhavam pelas ruas. Eles eram um povo trabalhador e bem diferente das seis famílias ricas de São Paulo.
Entre eles habitava em uma pequena casa a jovem Cida. Cida era uma linda jovem que trabalhava vendendo cocadas na praça para o povo.
- Olha a cocada, minha gente! - Disse ela, vendendo seu produto. - A cocada são cinco reais! Já com a água de coco são 10 reais!
Rita enxugou o suor do seu rosto. Ela nunca teve medo de pegar no batente. Desde pequena aprendeu a sobreviver.
Depois de um dia exaustivo, ela decidiu descansar um pouco no banco da praça. Enquanto tomava uma água de coco que sobrou, ela recebeu uma ligação.
- Alô? - Disse Cida, após pegar o celular.
- Cida, vem para casa agora! Sua mãe tá passando mal! - Disse uma voz ao telefone, preocupada.
- Calma, dona Iraci! Já tô indo! - Disse Cida, se levantando e indo pegar o ônibus para ir para casa.

Anoiteceu em São Paulo.

À noite, Bianca não teve outra escolha além de voltar para a mansão. Só de pensar em encarar sua madrasta novamente, Bianca sentia muito desgosto.
Fernando estacionou seu carro em frente à mansão dos Blanco. Bianca desceu do carro e Fernando também.
- Obrigada por me trazer, Feh - disse Bianca, dando um beijo no rosto de Fernando. - Você é um grande amigo.
- Que isso... - disse Fernando, sorrindo. - Estou sempre disposto a ajudar.
Bianca se afastou do carro do primo e voltou para a mansão. Acabou dando de cara com madrasta ao lado de Mário.
Mário... Bianca nunca gostou daquele homem. Tiago sempre desabafava com ela dizendo que ele estava de olho na presidência da empresa. Rita também sempre lhe dizia que tinha uma péssima relação com o pai.
Suzan arregalou os olhos ao ver a enteada, mas logo voltou ao normal.
- Oi, Bianca. Pensei que não vinha mais...
- Eu precisava de um tempo - disse Bianca, examinando o grande salão. - É difícil para mim olhar para essa casa e não me lembrar do meu pai...
Mário se aproximou de Bianca e colocou a mão no seu ombro.
- Sei como se sente, Bianca. Quando eu perdi Angelina, também foi horrível. Ter que criar Rita sozinho... Mas Tiago e os outros me ajudaram bastante.
- Meu pai sempre foi muito bondoso - disse Bianca.
Mário encarou Suzan.
- Bom, Suzan, já vou indo. Quero que pense na proposta que lhe fiz, ok?
- Está bem, Mário.
Mário saiu da mansão e Bianca encarou Suzan com um olhar frio.
- O que ele queria?
Suzan sorriu e ordenou que Nico servisse o jantar.
- Mário veio falar sobre negócios. Ele me disse que com a morte de Tiago, a empresa precisaria de um novo dono.
Bianca balançou a cabeça, sem acreditar no que ela disse.
- O corpo de meu pai nem esfriou e ele já quer assumir o posto de presidente da empresa?
Suzan se aproximou de Bianca e colocou a mão no seu ombro.
- Mário não quer a empresa. Ele apenas me disse que votaria em mim para ser presidente.
Bianca arregalou os olhos.
- Você? Presidente da empresa?
Suzan sorriu.
- Eu sou a esposa do dono. Nada mais justo.
E além do mais, você nunca se interessou pela Six.
Bianca assentiu.
- Era isso que você queria, né? Assumir a empresa...
Suzan arqueou as sombrancelhas.
- O que quis dizer com isso?
Bianca apenas se afastou dela e foi para seu quarto. Chegando lá, ela deitou na cama e começou a chorar novamente.
Mas de uma coisa ela tinha certeza. Ela ia descobrir o que realmente aconteceu naquele iate.

Cida chegou em casa desesperada. As palavras de Iraci não saíam de sua cabeça. Ela entrou na casa e foi para o quarto, onde encontrou sua mãe na cama.
- Mãe! - Chamou Cida, se aproximando dela. - Está tudo bem?
Carminda, mãe de Cida, deu um suspiro.
- Pois é, Cida, chegou minha hora.
Cida suspirou. Sua mãe tinha contraído uma leucemia grave. A jovem e sua tia Iraci, irmã de Carminda, sempre procuraram ajudá-la em tudo o que fosse preciso. Cida começou a vender cocadas na rua para ajudar a mãe.
- Não fala isso, mãe - disse a jovem. - Você é forte e tem muita vida pela frente...
Carminda balançou a cabeça.
- Não, Maria Aparecida. Já vivi tudo o que tinha para viver. Essa doença me pegou de jeito e agora chegou minha hora.
Ela encarou Iraci.
- Mas antes disso... Iraci, entregue a carta para ela.
Iraci saiu do quarto e voltou minutos depois, com uma carta na mão. Ela entregou para Cida.
- Que carta é essa? - Perguntou Cida, sem entender.
- Essa carta é do seu pai. Ele mandava cartas para mim antes de ser descoberto por sua esposa. Depois ele não mandou mais.
- Como assim? - Perguntou Cida. - Você disse que não sabia quem era meu pai.
Carminda suspirou.
- Maria Aparecida, você é filha de Marcelo Romano. Você é uma membra da família Romano, uma das famílias mais ricas de São Paulo.
Cida entrou em choque.

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