Obcecado

Sonho

3.0 - WILL

Talvez o melhor a ser feito fosse dizer que eu já estava cansado e precisava voltar para casa. - Você parece ser o tipo de cara que gosta que a mulher mande. - Ele afirmou com um gesto de mão. Sem que eu pudesse dar minha palavra, ele continuou. - Que gosta de agradar. Que pergunta se ela gozou no final da transa. - Calma... Não deveria? Tentei me lembrar se eu perguntava isso a Becky. - Não necessariamente. - Respondi, ríspido. Tomei outra golada. Por que caralhos estávamos ali especulando sobre minha vida sexual? Ele estava interessado? O que ele queria que eu dissesse? - Ai, sei lá. Will... Não consigo te ver dominando... com vontade... sabe? Tipo, sei lá... Uma coisa mais selvagem! - Delilah falava em pausas longas e dramáticas, quase como um pedido. - Acho que eu também não. Você me parece fazer o tipo fofinho. - James comentou, com um sorriso genuíno. Me senti como um dos personagens de Ursinhos Carinhosos. Honestamente, não sei porquê eu passava essa impressão a eles. O sexo com Becky poderia ser bem apimentado... às vezes. Ok, nós nunca fizemos nada muito fora do comum, mas era gostoso. Eu gostava, ela também. - Depende do momento, do clima e tal. - Tentei me "defender", como se isso fosse me fazer mais interessante. 

Depois de algum tempo, James precisou ir embora. De repente, a festa parecia ter tido fim. Delilah e seus amigos ainda estavam bêbados, se divertindo pelo condomínio, mas eu já estava cansado e queria mais uma ducha morna do que outro shot. Ela insistiu que eu ficasse mais um pouquinho, porém me deixou ir sem muito drama, como era de seu feitio. No banho, só conseguia pensar nele. Em suas palavras sinceras. Que eu não fazia o tipo dele. Não pude deixar de ficar incomodado com a minha própria reação, atípica. Se fosse Delilah falando que eu não era seu tipo, não teria me causado tanta estranheza, curiosidade, mágoa, talvez. Não sei ao certo que sentimento é. Então por que ele? Por que James havia me deixado assim? Tão incomodado por não ser desejado? - Isso é ridículo. - Pensei em voz alta enquanto agarrava o frasco de shampoo. A chuveirada foi boa para cortar um pouco o efeito do álcool. Depois de secar o corpo e os cabelos, coloquei uma samba-canção confortável para dormir. 

Nesta noite, tive dois sonhos: o primeiro com Becky e o segundo com James. O primeiro foi bem rápido, escuro e confuso. Eu sabia que estava com Becky, mas não conseguia decifrar onde estávamos ou o que ela me dizia. O segundo foi bem claro. Era James conversando comigo, estávamos rindo e animados, tomando vinho. Havia mais gente, mas não chegava a ser uma festa. Um cocktail ou comemoração privada, talvez. O lugar, imagino que fosse o apartamento dele, pois tinha alguns pôsteres com fotos suas de alguns trabalhos como modelo. Era enorme e muito sofisticado. Em determinado momento, ele me levou para um cômodo em que ficamos sozinhos, não lembro do quê falávamos. Até que James me lançou um olhar romântico e eu percebi que ele queria me beijar. Sem pestanejar, ele o fez, me pegando totalmente desprevenido. Durante alguns segundos, eu realmente não sabia o que fazer. Antes que ele pudesse se afastar e pedir desculpas, eu coloquei minha mão em sua nuca e o puxei para perto, reivindicando aquele beijo, aquela boca na minha, ambas manchadas de vinho tinto. Ele se surpreendeu e isso me deixou ainda mais entusiasmado. Eu estava no controle. Eu o fiz engolir suas palavras. Não era mais tão fofinho, não é? Pensei, enquanto sentia sua língua quente explorar minha boca, com o gosto do vinho que acabáramos de tomar. Nossas respirações foram ficando mais fortes e o beijo mais violento, como se ambos quiséssemos muito aquilo. Foi diferente com tudo que já tive com Becky ou qualquer outra mulher. Ele era voraz, me respondia na mesma intensidade, me desafiava. Eu acordei com meu coração palpitando e ele não era o único. Olhei para cueca úmida e senti vontade de me esconder de vergonha. Eu precisava esquecer esse homem.