5.0 - CONFORTO
Encontrei o que buscava. Lá estava, um portfólio gigante, com várias fotos e informações sobre ele: altura, peso, tamanho da cintura, cor do cabelo e dos olhos. Era como se ele dissesse "Esse sou eu, venha me conhecer." Eu sabia muito mais sobre ele do que ele sobre mim. Ou não? Essas eram informações primordiais de qualquer modelo, qualquer pessoa podia achá-lo na internet e saber quem ele era. Eu não sabia quase nada para ser sincero. O que mais você tem aí, então? Qual é o seu segredo, James? Pensava, enquanto rolava o feed de fotos dele. Era reluzente, se destacava de qualquer outro que estivesse na mesma foto. Ele brilhava. Os olhos azuis esverdeados eram cativantes. Em algumas fotos ele era sensual, em outras era brincalhão e terno. Será que todos os modelos eram assim? Joguei por fim, dentro do carrinho, o maior modelo de colchão inflável para solteiro que eles tinham na loja. Algo que já poderia ter feito há muito tempo, o que me fazia desconfiar que o que eu queria mesmo era espiar um pouco mais dele.
À noite, ele já estava na casa de Delilah. Eu os vi de relance, passando para a casa dela. Abri o computador, encontrei o instagram dele e algumas outras redes sociais. Não sabia direito o que procurava, mas o fazia assim mesmo. Nenhuma foto com outro homem, nenhum namorado em anos. Fotos com a família, fotos de viagem, fotos de rotinas na academia e de comida natural. Vegetariano. Amante de animais e da natureza. Fotos com amigos, em festas, na casa de veraneio do irmão mais novo. Alguém bateu na porta e meu coração disparou. De repente, o simples ato de estar vendo as fotos dele parecia um crime. O barulho se repetiu.
- Will? Você está aí? - Era a voz de Delilah. - Já vai... - Respondi, fechando o notebook. Atrás da porta, estava a morena de pijamas, visivelmente chateada. - O James tá lá em casa. Pode nos ajudar? O colchão é muito grande e não está cabendo na minha sala. A gente tem que arrastar os móveis, não quero que ele tenha que procurar um hotel a essa hora, está muito tarde e queria que ele ficasse aqui, sabe? - Ela se apressava nas palavras, frustrada. - Tudo bem. - Concordei e a acompanhei até sua casa.
- Oi, Will! - A voz grave invadiu a sala. Era a primeira vez que o via em tanto tempo. Ele usava um casaco preto de lã, parecia bem confortável. Mas era a primeira vez que o via assim, frágil. Os olhos brilhantes carregados de tristeza. Nada parecido com quem eu conheci na festa de Delilah. James parecia um garoto sem rumo, precisando de alguém que o abraçasse e cuidasse dele. Não esses caras que conhecia em aplicativo. Esses estavam apenas interessados no prazer de seu corpo. - Não vai dar. - Quebrei o silêncio. - Mesmo arrastando os móveis, o colchão ainda é muito grande. Seu apartamento não está como na planta original, sua sala é mais estreita. É menor que a minha. Devem ter mexido para aumentar o quarto. - Delilah bufou de ódio.
- Tudo bem, Delilah. Eu juro. O que não falta por aqui é hotel. - Ele disse, visivelmente cansado. - E se a gente arrastasse o sofá pro corredor? - Delilah insistia. - Ou você pode dormir lá em casa. - Os dois me encararam no mesmo momento. - Quero dizer, a minha cama é grande e eu caibo no meu sofá. É bem tranquilo. - Eu sabia que ele caberia graças a pesquisa de hoje cedo. Delilah concordou em ter o amigo por perto. - Tem certeza? Eu realmente não quero te incomodar, te tirar da sua própria cama. Eu posso dormir no sofá. - A voz envergonhada tentava disfarçar o corpo cansado e o quanto ele apenas queria um lugar para acostar-se e dormir. Eu concordei e juntos subimos até meu apartamento. Fiz um pequeno tour com ele pela casa, quase instantâneo, já que o apartamento era pequeno.
- Não sei como te agradecer, cara. Te juro que é só por essa noite, porque eu realmente estou muito cansado. Amanhã mesmo já vejo passagem de volta pra Alemanha. - Aqueles dizeres pareciam lembrá-lo do motivo pelo qual ele estava ali e sua face pouco a pouco voltou a se entristecer. Eu não sabia como confortar seu luto nem como deixá-lo mais alegre, então apenas assenti com suas palavras e o desejei boa noite. A verdade é que eu não queria que ele ficasse só por aquela noite, queria saber se ele ficaria bem depois que partisse. Depois de Becky, prometi que não tomaria conta da vida de mais ninguém, mas ele era diferente. Eu não tinha nenhum interesse romântico com James, tinha certeza da minha heterossexualidade. Mas era claro que ele não sabia o perigo que corria nas mãos dos homens com quem se envolvia. Ele procurava afeto e só encontrava sexo. Não havia ninguém que pudesse realmente cuidar dele do jeito que merecia. Delilah era uma boa amiga, mas não podia atendê-lo por completo. Se ele voltasse para a Alemanha, não poderia vigiá-lo do jeito que era necessário. Era preciso encontrar um jeito de mantê-lo em Los Angeles por um pouco mais de tempo.

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Obcecado
FanfictionJoe Goldberg leva uma vida de aparências. Depois de precisar fugir de Nova York - por ser um dos principais suspeitos pela morte da ex-namorada Beck - Joe está em Los Angeles, tentando finalmente seguir com sua vida. Seu plano era trabalhar em algum...