SEVEN

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oi!! esse é o último :( o próximo é um bônus felizinho e fofinho
com um pulo no tempo desde
esse aqui

é isso, mto obrigadaaa por terem lido ra
e esperado essa att!! votem pfvr e bebam agua!!! 💗💗🌸

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E desde então Jimin não abrira mais cortina nenhuma, os tecidos agora tampando qualquer vestígio de raio solar, olhos felinos e qualquer possível visão para o prédio em frente. 

Não abria mais cortinas, não ansiava para que luzes alheias estivessem ligadas, tampouco janelas ou portas abertas para direcionar o olhar ao passar pelas calçadas; parecia que as semanas anteriores sequer existiam, que as borboletas sequer um dia chegaram a visitar o corpo, que dos lábios pensara que seria tirado o pó. Por treze dias tentara esquecer num mantra quase religioso o vizinho, apagando seu número, as playlists que ele lhe fizera nos dias anteriores e até mesmo colocando os discos do David Bowie que lhe foram emprestados numa caixa marrom de papelão, ao lado da porta de entrada, só para depois de três dias se cansar de direcionar o olhar para lá e apenas decidir jogá-los fora de uma vez. 

Mas não deu certo, a congruência quadrada se acentuava em seu saco de lixo, fazia crescer nele como que uma pedra na garganta quando direcionava o olhar para lá por mais dois dias, até que decidiu guardar os discos em um canto de tralheiras de baixo da pia da cozinha, longe dos olhos e talvez do coração também, que tanto insistia em lhe dar problemas, por mais que Jimin ouvisse músicas altas até esquecer o próprio nome e nunca, nunca mais abrisse as cortinas.

Tentava dizer a si mesmo que nem fora muito o tempo para que caísse logo em paixões, mas a verdade mesmo era que Jimin não sabia mais onde pôr suas mãos, gesto tal encarnado próprio de amantes que foram deixados de lado. Se sentia assim, mesmo que fosse ele mesmo que agora andava mais rápido nas calçadas e ignorava — mais vezes do que queria admitir — uma voz chamando seu nome. 

Verdade mesmo era que Jimin queria ter cartas de amor alheio para queimar na boca do fogão; para quem sabe seus sentimentos se desvanecerem junto do papel queimado, ter o quente apimentado de uma vingança porque, ah, ele era humano também. Mas nem tudo o que a gente quer, é. E ele se conformava com isso. 

Pelo menos foi o que tentou explicar a Hoseok quando, sentado em seu tapete, ele perguntou o porque havia tantos romances do Nicholas Sparks espalhados em seu sofá, e do porquê haver discos antigos de músicas cafonas pegando goteira debaixo do cano um pouco furado da pia. 

— Por que você não abre a cortina? Tá mó calor. 

E aquela foi a gota d'água.  

Jimin não soube se enfiava a cabeça no travesseiro e gritava, se tomava uma em pleno meio dia ou se ria com o amigo, porque de repente tudo era muito engraçado. Estava de coração partido, e era tudo culpa de si mesmo por ter sentido tudo tão rápido e de Min Yoongi. Principalmente de Min Yoongi. 

— Não quero ver ele. Você sabe quem. Ele e o Kira — apontou para o gato que era suposto de estar ao seu lado. Mas não estava. Então suspirou — são dois traidores. 

Hoseok ergueu a sobrancelha e se levantou em direção a pequena varanda — lugar em específico que Jimin apenas visitava agora depois da meia noite —, se apoiou no batente e respirou fundo também, como se soubesse de tudo e todas as coisas do mundo. 

— Ele não tem cara de traidor, Ji. 

— Nem tudo o que parece, é. — respondeu, e as palavras amargaram no momento em que saíram. Talvez se não tivesse visto o que tinha visto na janela há treze dias atrás, talvez a chance da paixão ter simplesmente desaparecido com o tempo eram maiores. Não seria tudo tão dramático e doloroso. 

RETALHOS ALECRIM | YOONMIN Onde histórias criam vida. Descubra agora