Capítulo 3.

248 34 46
                                    

   O ambiente se estabeleceu com a presença de nós duas, o silêncio estava preste a começar a comer nossas bocas.

~ Quero que saiba de uma coisa, você não é meu cachorro para me seguir o dia inteiro.  Eu a chamo quando necessitar.

A mulher soltou do nada, assim fazendo-me erguer as sombrancelhas fracamente.

- Tudo bem. Zulema, também tem a questão de..

~ Quem te deu a permissão de me chamar de Zulema?

Meus músculos se contraiu após suas palavras.

Meu Deus, vou chamar a mulher do que? chefinha?

- Me desculpe senhorita, como posso me referir a você?

Perguntei cruzando o nosso olhares pela segunda vez ao dia, assim sentindo um porcento da sua energia pesada. Como vou lidar com essa mulher? Deus, me guie!

~ Não me refere.

Soltou grotesco com sua cara fechada e braços cruzados. Realmente, ela estava apenas com sua presença porque nem papéis ou uma bolsa ela carregava.

- Certo. Uma coisa que eu fazia todos os dias era passar na residência do senhor Jafar para ajudá-lo se arrumar antes de vir pra cá. Você deseja que isso continue?

~ Não.

- Tá bom..

Eu estava animada para conhecer quem eu iria trabalhar mas essa animação foi para o ralo. Seu Jafar tinha um humor único, apesar da sua expressão facial fechada, ele era totalmente ao contrário.

Seu olhar ainda estava em mim e começando a me sentir um pouco desconfortável, comecei arrumar minhas coisas sem pressa.

~ Retire todos os pertences, até móveis dentro da sala do Jafar. Quero ela limpa antes de eu entrar.

Disse Zulema se levantando da cadeira, assim se dirigindo para a porta com suas mãos dentro do seu bolso.

Mas antes de se retirar, comentou.

~ Não te conheço, não sei da onde você veio e como você age. Apenas saiba que naquelas duas você não deve confiar. Fica esperta.

Ela estava se referindo a Alicia e Najwa?

Apenas a mulher saiu da minha visão, me deixando solitária naquela enorme sala.

Bom, eu possuía muita coisa para fazer.

O relógio mostrava ser 9:23 da manhã.

Meus pulmões estavam necessitando de mais ar, de uma atenção a mais. Estava carregando caixas e móveis para o depósito sozinha, a querida não queria nada que era de seu pai em sua nova sala.

Com poucas coisas sobrando naquela sala, me deparei com um foto dele  com suas filhas. Fazia anos dessa foto...

As três era idênticas — não que hoje não são — mas possuíam a mesma tonalidade de cabelo, o mesmo rostinho angelical e sinceramente, eu não sabia quem era quem naquele momento.

Eu só queria saber mais sobre elas, pareciam esconder tanta coisa...

11:45 e eu tinha terminado, um moço que trabalhava no andar debaixo acabou por me ajudar nas últimas coisas. Eu estava morta, eu precisava de água!!

Meu corpo se encostou na pia do banheiro do andar em que me encontrava e observei meu cansaço só de fazer tudo aquilo.

Começando a passar água em meu rosto, não me preocupei em manchar a maquiagem. Isso era de menos, apenas se retocava mais tarde.

Retocando novamente meu gloss sabor morango, neguei com a cabeça com vontade de passar minha língua entre os lábios e comer o mesmo. Poxa, o gostinho era tão bom!

Após pronta, segui caminhando para o departamento de uniformes da empresa. Meu blazer acabou rasgando com as empurradas de móveis e como deveria ficar bem apresentada, preciso trocar rápidamente.

— Oi, senhora Terezinha. Pode me trazer um Blazer A5, última versão. Por favor?

Não deixei de dar um sorrisinho a mesma, para amolecer seu coração.

Dona Tereza, mais conhecida como Terezinha, possuía uma expressão fofa, seus olhos são fofos, seu cabelinho é fofo! mas ela era ao contrário disso.

Não sei se foras sempre assim na sua longa jornada da vida ou está rabugenta por conta da idade. 94 anos é para poucos!

— Blazer A4 está em falta.

Er...

— Eu preciso do A5, senhora.

— Então por que não me disse antes?

Soltei uma risada fraca. Além de chata é surda.

Seu corpo se retirou da cadeira atrás do balcão com nenhuma pressa, assim se dirigindo para as colunas de prateleiras amadeiradas. O local era grande o possível para caber as inúmeros uniformes dos funcionários da Versace. Cada cargo possuía um modelito, feito com muita dedicação e lógica.

Enquanto observava a senhora efetuar a procura em seu tempo de tartaruga, passei a olhar meu telefone para checar a agenda de hoje. Ok, após pegar um blazer novo, iremos direto ao refeitório almoçar.

Tirinrin.

Caixa de mensagem: 1 mensagem presente. •

Passando o dedo para abrir, percebo que me colocaram em um grupo no WhatsApp.

Abrindo as informações do grupo, percebo que apenas 6 números desconhecidos estavam nele. O único número salvo que eu tinha era de Evelyn, hum..

Mas os ícons dos contatos eram de conhecidos.

Grupo com os TanNanNan. Saquei.

+34 12021972  ~ Z.
Quero um arquiteto qualificado para a montagem do meu escritório. Peça para me encontrar as 19:30 no café Stigma.
                                                         
+34 130422103 ~ Njw.
Você retirou todos os móveis do papai, possui vários assuntos presentes. Vai resolver tudo sentada no chão??

+34 140523114 ~ Sierra.
Você não pode ir com minha cara mas  pode ficar com meu escritório. Antes de entrar, tem que fazer uma faxininha, faz meses que não entro lá haha.

Elas se bicam até on-line, incrível.

— Ei!

Acabo me desligando do telefone após escutar a voz de Teresa.

— Oh, desculpa. Muito obrigada.

Pego o plástico em sua mão com o blazer dentro e o coloco no balcão, enquanto retirou o meu antigo e coloco o novo. Logo Teresa recolhe o uniforme antigo e põe em uma baú grande para enviar ao apartamento de reciclagem da Versace.

— Tenha um bom dia, Teresa!

Sua feição fechada permaneceu e suspirei fundo após virar as costas e caminhar sem pressa para o refeitório da empresa. No caminho dele possuía um grande corredor extenso e com poucas luzes, nunca entendi a falta de claridade nesse lugar.

Infelizmente não tinha como eu evitar de passar nesse corredor e a noite piorava a falta de luz.

Um arrepio subiu pela minha espinha, fazendo meu corpo se tremer levemente por milésimos após ter ficado em frente ao corredor.

— Você é o espelho, que repleta a imagem do senhor..

Cantarolando, enquanto caminhava, duas pares de mão seguraram minha cintura.

Eu fiquei uns 20 minutos esperando a veia lerda pegar a peça de roupa, nisso eu saí de lá as 12:20. E meu horário de almoço terminava as 13h.

Não tenho muito tempo.

Observando as mãos, adivinhei apenas pelo perfume quem era a pessoa.

— Yolanda!

Stigma.Onde histórias criam vida. Descubra agora