Capítulo 8.

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Meus olhos ardiam pela claridade do notebook em meus olhos, as horas acabavam por passar tão rápido que não notamos o tempo se ir. Minha atenção estava a mil no afazer que Zulema tinha me dado logo quando pus meus pés na empresa de manhã por volta das sete e meia.

E você pode pensar que era algo de organizar várias planilhas com o catálogo novo chegando adiante, uma nova e refrescante moda veraniana que tinha escrúpulos suficiente para atingir o espaço de cada um no armário. Ou pelo menos daqueles que tem condições. Mas não, o meu objetivo era encontrar a bendita mesa perfeita aos olhos da minha chefe, que me descreveu até os detalhes da madeira rústica pintada na sua preferida cor. Não muito difícil de adivinhar.

Preto.

Apenas descreveu detalhes da madeira, cor e que queria uma mesa. E disse apenas em uma frase curta e rápida.

E estipulava um valor a ser gasto, não tão caro com uma qualidade mediana e nem muito barato chegando a ser plastificado o produto. Eu tinha esse limite, porém nada além importasse se ia combinar com os recentes quadros transferido para - ainda em construção- sua sala. Durante essas horas passadas, notei uma a duas vezes a figura de semblante sério e seu coturno levantar e perder uns bons minutos a admirar aquela arte abstrata que havia na parede atrás de sua mesa provisória. Não era do meu costume, confesso. Porém tinha algo belo no ato, apreciava e sentia o que tanto o artista queria passar para o apreciador. Um sentimento, um coração quebrado, uma perda ou uma mensagem sobre o futuro da cultura. A paisagem era o X da questão, pois compreender te fazia perder pelo menos um neurônio.

Através do celular, percebi que a hora do almoço não estava muito longe. E a foto de Tete no papel de parede me deu motivação a voltar para a tela do computador, onde antes falhei miseravelmente na pesquisa do imóvel precioso.

Uma cadeira confortante poderia entrar na listinha de Zulema, porque um exercício de alongamento a cada meia hora não estava dando conta. Por pouco tempo irei me fundir a cadeira, e por assim me livrarei da minha dor de cabeça diária chamada Zulema Zahir.

Por um momento pensei que me encontrava sozinha no cômodo, mas por um leve passar dos olhos percebo a morena se aconchegando no sofá que ilustrava no canto da sala. Um pé no chão e outro no recanto, mãos entrelaçadas atrás da cabeça e o suspirar um tanto pesado. A visão que eu tinha é o perfil da mulher muito bem acentuado, nariz desenhado pelo nosso Deus, com certeza o senhor gastou milhões de anos apenas para desenha-lo. E os lábios finos sem nenhum batom de acompanhamento. Como pode alguém ser tão silencioso, notório a impermeabilidade inexistente de sua postura. Sempre em alerta, como se houvesse algum perigo em sua volta.

Caixas havia sido posta com a nova coleção na porta da sala, Nimri realmente precisava da confirmação de sua irmã para deportar para os produtores. Tudo tinha que passar por ela, e essa não era a parte mais fácil da situação.

Logo consigo sentir o perfume se alastrar o ambiente e sem nenhuma sombra de dúvida percebo quem havia chegado. A ruiva que tirava a sua inspiração em strippers. Najwa Nimri.

- Zulema, menos de 20 minutos da entrega. Cadê a sua aprovação ? - a ruiva entrou naquela sala sem bater, estava estressada pelo descaso da resposta de sua irmã.

~ Você gostou?

Zulema perguntou suave enquanto se mantida deitada e com suas pálpebras fechadas, descansando um pouco após ter tido uma manhã um pouco cansativa com decisões importantes.

- Se eu não havia gostado não estaria aqui para receber sua resposta. - Najwa disse em um tom sério, observando a imagem da irmã jogada no sofá de couro. - Me faça o favor de olhar?

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