"Dar um tempo é adiar a decisão de ir ou ficar. Só maltrata a gente."
"Nós demos um tempo", foi o que eu disse aos curiosos de plantão que solicitaram um relatório de como estávamos. Pois é,eu menti. Só se dá um tempo quando se esgotam as tentativas e a gente tenta preservar intacta a lembrança daquele amor. Eu me dei conta de que dia após dia me agarrava a um bom momento,em que qualquer faísca de carinho me acendia a esperança de um recomeço, assim como transbordava em mim a frustração com uma mera gota de desavença. Uma mágoa que no início não resistia até o final do dia passou a me tirar o sono. Dar um tempo é um claro pedido de socorro ao Universo para que tenha compaixão e alinhe nossos caminhos novamente lado a lado.Mas o tempo não espera a gente se recuperar.
Dar um tempo é resistir ao fim, mas é preciso haver um desfecho para que possamos nos reinventar. É imaturidade achar que podemos voltar a ser o que éramos. Não só não podemos como não devemos. Temos que procurar evoluir, nos redimir por nossos erros, consertar nossas falhas. Do passado só nos serve o aprendizado. Que façamos por onde sermos melhores e despertarmos o mesmo em alguém, mas que não tentemos nos manter iguais, ainda que o igual seja bom. "Bom", depois de um tempo, não é o suficiente pra ninguém. Dar um tempo é dizer nas entrelinhas que é preciso descobrir como lidar com a própria vida antes de incluir mais alguém.
Quando se dá um tempo é porque já se perdeu a paciência, a capacidade de se colocar no lugar do outro, e não há mais nada pra dar. A gente prefere acreditar que o tempo cura, que vai levara dor embora assim como a trouxe. Mas se todo desafeto é consequência, precisamos de um espelho pra nos enxergar, e não do relógio pra sarar. O tempo se esgota, mas o amor não tem prazo de validade. Se não podemos garantir um "pra sempre", quem dirá que uma pausa repentina que não deixa o disco arranhado. É ingenuidade acreditar que assim não vai machucar tanto, que perder aos poucos é melhor do que sair da nossa vida de uma vez. Dar um tempo, mas reprimir as tentativas, é puro desperdício. Às vezes, é um ato de covardia de quem não sabe como se despedir.
Em alguns casos, pode ser libertador, pois te dá a oportunidade de repensar as suas escolhas, pôr a cabeça no lugar do coração e se perguntar para onde está indo. Se a força de vontade for latente e recíproca, o tempo vai passar, mas o amor vai permanecer intocável. Já em outros, é um capricho em que se espera que algo surpreendente aconteça sem que seja preciso se esforçar para isso. Como se fosse responsabilidade do destino alinhar seu fuso horário ao do outro. Quando os ponteiros só marcam as mágoas a gente precisa ajustar o passo para que o caminho faça sentido.
Dar um tempo é adiar a decisão de ir ou de ficar. Só maltrata agente. Dói; e o pior é que não sabemos quando a próxima foto,mensagem ou ligação vai nos fazer voltar ao tempo em que éramos felizes. Só se dá um tempo quando muito já foi dado a alguém que não soube aproveitar. Pensando bem, eu não menti coisa nenhuma. Eu dei um tempo pra me enganar.
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500 Dias sem você
Teen FictionTodo mundo tem alguém para quem não consegue dizer não. Aquela pessoa que, não importa o tempo que passar, ainda dá uma pontada certeira no peito que te desnorteia. Aquela pessoa que ao menor sinal de reaproximação já te deixa com a boca seca e o co...