128° dia

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"As vezes, a gente precisa se reinventar, pois, enquanto permanecermos com as mesmas atitudes, não podemos esperar por um final diferente, quem dirá por um final feliz."


Acreditei durante muito tempo que um amor realmente curasse o outro. Era mais fácil desse jeito, agora eu sei disso. Quando eu sentia que estávamos próximos ao fim, já correspondia com mais interesse às investidas de outras pessoas, saía de casa olhando com mais atenção para quem estivesse ao meu redor. Então o ciclo se repetia e, assim que terminava uma relação, me forçava a sair com outras pessoas. Já dei conselhos desse tipo também:"Você tem que tentar sair pra desopilar. No mínimo, você se diverte." Afinal, havia funcionado pra mim a vida inteira. 

Aprendi duas coisas nessa fase: 1) o placar não zera, só acumula. Qualquer semelhança entre meu presente e meu passado já causava uma guerra numa proporção muito maior do que eu merecia. Eu trazia no peito feridas abertas, nas mãos os planos que nunca se concretizaram, e despejava à queima-roupa na primeira pessoa que tivesse a oportunidade. E foi assim que eu fiz contigo, agora eu sei disso. Não era sua culpa não suprir essas expectativas. Até porque, sinceramente, sequer haviam sido criadas para você ou com você. Era apenas eu impondo minhas vontades a um novo relacionamento devido ao fracasso do antigo. E 2) eu podia até achar que tinha driblado o sofrimento, que mantive meu coração intacto enquanto ocupava minha mente com a nossa história, mas a verdade é que a mágoa estava ali, pronta pra se lançar ao menor sinal de perda.

 Se nem eu priorizei a mim, como poderia achar que outra pessoa pudesse fazê-lo? Ninguém sabia o que eu havia passado e sentido. Só eu tinha o poder de me curar, mas enfrentar a si pode ser um desafio mais assustador do que se imagina. A gente aprendeu a repulsar a solidão, aprendeu que estar só é sinônimo de fracasso. É normal sentirmos medo de não termos outra chance ou deixarmos escapar mais um romance. É normal sentirmos pressa; o tempo não espera que nos recuperemos,como podemos desperdiçá-lo sem tentar outra vez?

 Às vezes, a gente precisa se reinventar, pois, enquanto permanecermos com as mesmas atitudes, não podemos esperar por um final diferente, quem dirá por um final feliz.

500 Dias sem vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora