Entrei em casa aos tropeços, com o coração pulsando mais rápido que o normal e me apoiei na primeira parede que apareceu em meu caminho. Quem quer que fosse aquele cavalheiro, não entendia que era proibido conversar comigo enquanto eu estava no piano, visitantes deveriam apenas seguir seu caminho sem interrupções desnecessárias.
Onde já se viu, ainda pedindo para que eu esperasse. Com essas roupas, eu jamais pararia para uma conversa, nem que fosse apenas para explicá-lo os bons modos dos jardins formais e foi uma experiência terrível ser vista por alguém tão bonito usando esses trapos. Suspirei descontente e comecei a caminhar para o segundo andar, a biblioteca agora parecia um lugar mais seguro, mesmo que para isso eu precisasse encarar Jasmine que estava sentada como uma princesa na sala de estar. Alguns sacrifícios valem a pena.
Comecei com meus pequenos passos e de maneira mais silenciosa que conseguia, para que ela não se desse o luxo de parar sua divertida conversa inútil sobre tecidos e vestidos, mas tudo foi por água abaixo quando Heitor correu e abraçou minhas pernas.
"Tia Elle." - a voz infantil me derreteu e puxei o garotinho para meus braços.
"Olá pequeno, o que faz atrás de mim?"
"Eu queria brincar. Podemos fazer isso juntos?" - o rostinho tranquilo e os olhos pidões quase me convenceram a aceitar, se a voz irritante da mãe dele não tivesse me lembrado o verdadeiro motivo de estar lá dentro.
"Desça do colo dela agora Heitor, vai sujar sua roupa."
"Mas mamãe, eu quero brincar com a tia Elle, por favor." - o garotinho usou as perninhas gordas para ir até a mãe e foi repreendido por um olhar.
"Ela tem um compromisso, o pretendente com quem a tia Elle irá se casar vai chegar em poucos minutos e ela tem que se arrumar, não é irmãzinha?" - o tom de desgosto me fez abrir um sorriso falso e concordar com a cabeça, antes de virar as costas para ela e subir as escadas para o meu quarto. Queria ter o poder de decidir quem é minha família.
Entrei nos meus aposentos e me deparei com a matriarca da família sentada na minha cama e me esperando com a expressão fechada de sempre. Essas duas não poderiam me deixar em paz apenas por um dia?
"Use isso. Seu futuro marido está chegando em instantes e eu quero você ao menos apresentável." - confirmei com a cabeça e caminhei até minha penteadeira, vendo meu reflexo pelo espelho que havia lá. - "Cuidado para não estourar esse vidro. Te chamarei quando for a hora de descer."
"Ok." - respondi assim que ela saiu e me contentei em apenas suspirar e encarar meu reflexo. Os olhos de cores diferentes eram hipnotizantes até para mim mesma e por mais que sempre usasse as palavras da minha mãe para se referir a mim mesma, eu não acreditava verdadeiramente que fosse verdade.
Eu amo meu rosto e meus olhos e acho eles bonitos. Mas apenas um doido teria coragem de ir contra a opinião de uma mãe e não estava disposta a apanhar, e por isso elas nunca saberiam que na verdade eu me acho sim, mais bonita que elas. Assumir isso de outras maneiras também me traria riscos grandes, nunca se sabe quem pode ler ou ouvir e minha vontade é apenas viver tranquilamente.
Joguei meus cabelos para trás do ombro e procurei minha caixinha de jóias escondida, papai sempre me dava brincos e colares novos, mas eu nunca poderia usá-los dentro de casa sem que a velha os tomasse de mim. Peguei uns dos menores brincos, era de ouro com uma pequena pedra transparente e brilhante e uma pérola embaixo, e passei pelos meus furos na orelha, os deixando fixos e observei mais uma vez meu reflexo.
"São tão bonitos... Combinam comigo." - coloquei uma das mechas escuras do meu cabelo para trás da orelha e usei um grampo para fixá-la, deixando o restante solto e caindo pelas minhas costas.
Caminhei de volta para a cama e observei o tecido azul sobre meus lençóis e uma expressão de desgosto surgiu no meu rosto. Aquele vestido era pior do que os que eu costumava usar há anos atrás, e de fato, por mais feia que aquelas duas me achassem, eu não me apresentaria usando algo que eu considerava antiquado e feio. Levei a peça até o guarda roupa que tinha ali e a pendurei em um cabide qualquer, voltando a difícil tarefa de buscar algo não tão ruim dentro daqueles trapos usados.
Eu poderia odiá-las por isso, me forçar a vestir roupas velhas e usadas, e sabia que papai jamais iria interferir na criação das filhas, a menos que fosse algo realmente importante como educação e bons modos. Roupas não era um assunto que o agradava e Caroline tinha um senso de moda impecável de acordo com ele, as filhas e suas necessidades femininas ficavam em suas mãos.
Peguei minha peça favorita e a coloquei na cama, o rosa claro já estava começando a desbotar, mas ainda era um vestido bonito, o único que eu mesma tive a chance de escolher e que fora usado apenas por mim. Não havia detalhes chamativos e sua manga terminava nos meus cotovelos antes de se abrir em um caimento leve, não havia muitas camadas, nem era rodado como o de uma princesa, era simples e belo, e mesmo após anos, ainda se ajustava perfeitamente ao meu corpo.
Não cedi a tentação de ficar descalça e calcei os sapatos de salto baixo, mesmo que fosse oficialmente meu noivo, não queria que sua reação fosse de completo desgosto ao me ver e acreditar que minhas palavras foram reais demais. Beleza é uma tentação e o principal atrativo, talvez tenha sido o motivo pelo qual Oikawa se casou com ela ao invés de mim.
Sentei-me na cama e esperei pacientemente para que as batidas na porta viessem, por mais que não fosse do meu interesse a beleza do Duque, ainda me sentia curiosa como um gato e não conseguia parar de especular como seria seus traços. Papai disse que ele era alto e que se portava como um rei, praticamente impecável aos olhos dele e me recordar disso aguçava ainda mais minha curiosidade e ansiedade pelo momento.
Agucei meus ouvidos quando alguns passos começaram a se aproximar da minha porta e fiquei de pé no minuto que a primeira batida ressoou.
"Desça, ele chegou."
Um bônus para vcs! Pq eu estou muito gentil e ansiosa com o decorrer da história que preciso de alguém para comentar sobre kkkkkkk. Obg a todos por lerem e deixarem seus feedbacks, isso me ajuda e me anima demais, vcs n fazem ideia.
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Fragilidade - Sakusa Kiyoomi x Female OC
FanfictionSakusa Kiyoomi assumiu um posto maior do que deveria na sua idade. Estava se tornando um Duque, do ducado mais importante de toda Inglaterra e ninguém concordava com tal posição. A Rainha estava louca em por um homem como ele em tal cargo, e nem ao...