Capítulo 7 - Burn

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Liberdade! Liberdade!

Parece que todas as coisas no mundo se limitavam a esse sentimento afinal. Ser livre é algo tão valorizado, que grita da nossa essência e por mais que tentamos nos esconder, uma hora ela se liberta sem mais nem menos. O ser humano não foi feito para ser preso em gaiolas, mas é tão hipócrita que prende todo o resto dentro delas.

Minhas coisas já estavam guardadas e postas no primeiro andar da casa. Não conseguia entender porque eu não estava triste ou com saudades, aquela era a minha casa e eu estava indo embora para não morar ali nunca mais, isso deveria ser algo doloroso. Contudo, as poucas memórias que tenho da minha infância e do meu crescimento, esse lugar nunca está representado.

Eu amo o jardim, amo meu piano, amo o cavalo do papai, que ele sempre me deixa acariciar e cuidar como se fosse meu, amo a biblioteca e gosto das criadas. Meu quarto tem uma visão privilegiada e uma sacada. Existe uma lista enorme de coisas que me agradam aqui, mas o sentimento de ir embora e ficar em paz é tão maior que eu simplesmente anulou todas essas condições. Eu queria rir, gargalhar, pular de um lado para o outro.

DEUS! Eu estou tão feliz que mal posso me conter.

Aos poucos o sol começou a esfriar e a tarde a passar, tentei tocar piano e brincar com Heitor, mas tudo me deixava ainda mais ansiosa e com os pensamentos no homem de cabelos escuros como a noite. Quando me sentei no sofá, cansada de esperar, as batidas na porta soaram como as do meu coração e em instantes já estava de pé para recebê-lo com um sorriso.

"Pronta para ir, Eleonor?" - a voz grossa me perguntou e eu confirmei com um sorriso amplo. Ir embora não é assustador!

"Não gostaria de esperar um pouco mais, Duque? Deve estar cansado." - papai até tentou para que ele ficasse mais um tempo, mas meu marido estava irredutível quando a esperar.

"Perdoem minha falta de educação, mas eu realmente prefiro não adiar essa viagem por mais tempo. Existem alguns assuntos de extrema importância para que eu cuide em Sussex e não posso demorar por mais tempo, em algum tempo vamos fazer uma visita e estaremos mandando notícias."

"Tudo bem. Tenham uma boa viagem." - meu pai disse e lhe dei um abraço de despedida, junto com um beijo na bochecha e um afago no pequeno Heitor.

"Eu vou poder te visitar tia Elle?" - a voz infantil era tão doce e tristonha, que não me contive em ajoelhar para ficar até sua altura e fiz um carinho em suas bochechas.

"Sempre que quiser pequeño." - deixei um beijo em sua bochecha e me ergui, pegando a mão de Sakusa estendida para mim. - "Tchau papai. Tchau meu bem."

Dei as costas para todos naquela casa e deixei que Kiyoomi me guiasse até sua carruagem já preparada, sendo recebida pelo lacaio que abriu a porta e me ajudou a subir primeiro. Acomodei-me no banco macio e meu marido se sentou em minha frente, para segundos depois estarmos em movimento.

"Essa viagem é bastante longa, por isso durante a madrugada precisaremos dar uma pausa para descansar e não forçamos demais os cavalos." - o tom despreocupado me fez sorrir e confirmar com a cabeça.

"Não tem problema. Vou levar como uma experiência de vida." - ele abriu um sorriso bonito e virei meu rosto para a janela, observando como as casas estavam se tornando mais espaçadas e as ruas mais vazias e tranquilas, em pouco tempo já estávamos viajando por longas e intermináveis propriedades rurais.

"Mi Bella?"

"Sim?" - encarei os olhos escuros e as pintinhas à mostra, não mais escondidas pelos cachos jogados para trás.

"Gostaria de jogar?"- tombei a cabeça sem entender onde ele gostaria de chegar e me limitei a perguntar qual tipo de jogo seria. - "É algo simples, para podermos nos conhecermos mais. Vamos começar com perguntas simples."

Fragilidade - Sakusa Kiyoomi x Female OCOnde histórias criam vida. Descubra agora