07 | DINNER.

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𝐉𝐎𝐒𝐇 𝐁𝐄𝐀𝐔𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏
"And ten thousand lifetimes later
When she walks through the door"

Eu havia passado a manhã inteira na empresa e consegui uma folga pela tarde para poder preparar o jantar, visto que Any iria vir para o meu apartamento à noite.

As horas se passaram mais rápido que do que eu imaginei e quando percebi já eram 18:30h. Corri para o banheiro para tomar um banho e consegui arrumar a mesa a tempo. A campainha tocou logo depois, e assim que abri a porta uma Any sorridente estava na minha frente. Ela trajava um de seus vestidos vermelhos clássicos, um dos mais bonitos que eu já tinha visto.

— Boa noite, Beauchamp. — Ela disse e me entregou uma garrafa de vinho. — Esse é um dos meus preferidos, espero que goste.

— Muito obrigado. Pode entrar. — Pedi e ela entrou, dando alguns passos.

— Uau, seu apartamento é muito lindo. — Any colocou a bolsa em cima de um dos banquinhos que ficavam na frente do balcão americano e continuou a observar o meu apartamento.

— Eu tive ajuda, mas queria que ficasse do meu jeito. — Respondi, indo até a cozinha verificar se a comida já estava no ponto certo.

Any andou mais um pouco até parar na frente da minha coleção de discos. Ela passou as mãos por algumas capas e continuou a analisar com os olhos.

— Você não tem jeito de que gosta de discos.

— Pois é. — Falei e ela se virou para mim.

— Podemos ouvir uma música?

— Sim, claro. Escolha a que você quiser. — Falei e nesse mesmo momento o forno apitou, indicando que o jantar já estava pronto. — A comida está pronta, vamos comer?

Ela assentiu com a cabeça e eu fui para a sala de jantar com a travessa nas minhas mãos. Assim que a coloquei em cima da mesa, Any me olhou em tamanha surpresa.

— O quê?

— Você tem mais algum talento escondido e quer me falar? — Ela perguntou e eu ri brevemente.

Coloquei as comidas nos pratos e assim que começamos a comer, Any me olhou outra vez.

— Josh, isso está muito bom! — Ela comeu mais uma porção. — Sério, muito bom mesmo.

— Obrigado, sweetie. — Agradeci e bebi um gole do vinho que ela tinha trazido. — O vinho realmente é muito bom, é suave, e eu particularmente prefiro assim.

Quando terminamos de comer, nos sentamos no sofá e começamos a conversar de coisas aleatórias. Era bom descobrir mais de Any, das suas preferências, seus gostos e sua vida. Contei algumas coisas sobre mim também e percebi que estávamos tendo uma conversa civilizada, sem provocações ou troca de farpas, e isso era bom.

— Any? — A chamei em um certo momento e ela se virou para mim. — Qual é a dos vestidos vermelhos?

— Uma vez, antes de morrer, a minha avó disse que vermelho combina comigo. A partir desse dia eu uso diariamente uma peça de roupa vermelha para lembrar dela, e como vestidos são as minhas peças favoritas, acabou que eles viraram a minha marca. Todos na empresa conhecem "a chefe de edição que só usa vestidos vermelhos". — Ela explicou, fazendo aspas com as mãos ao falar a última frase.

— Interessante. — Falei e ela sorriu para mim.

Percebi que a música que estava sendo tocada pelo toca-discos era Kiss and Say Goodbye, uma das minhas preferidas.

— Quer dançar? — Perguntei e estendi minha mão para Any.

— Não era você quem não sabia dançar? — Ela respondeu e levantou uma sobrancelha.

— Não posso perder a oportunidade de dançar uma das minhas músicas favoritas com você. — Respondi e ela finalmente pegou a minha mão.

Fomos para o meio da sala de estar e eu peguei em sua cintura, trazendo-a para perto de mim. Any apoiou sua cabeça no meu peito e eu comecei a guiá-la suavemente conforme o ritmo da música.

I had to meet you here today. — Cantarolei, enquanto o cheiro do cabelo de Any invadia as minhas narinas. — There's just so many things to say...

Continuamos a dançar lentamente e os nossos corpos estavam colados. Any estava com os olhos fechados e eu a apreciei, constatando que ela era a mulher mais linda que eu já tinha visto na minha vida. Já não era segredo nem para mim mesmo, eu estava apaixonado por Any por tanto tempo que só de vê-la normalmente meu coração já batia descompassado.

A música era contagiante e me fez agir por impulso, por isso encostei meus lábios nos dela, que abriu os olhos assustada mas logo depois os fechou novamente, se entregando ao beijo. Nós nós beijamos por algum tempo, mas não foi nada comparado ao beijo do elevador.

Dessa vez parecíamos que estávamos conectados, na mesma sintonia. Paramos de nos beijar e eu olhei fixamente para ela, que sorriu para mim. Foi no mesmo momento em que o verso Let's just kiss and say goodbye (Vamos apenas nos beijar e dizer adeus) tocou.

Nos separamos e Any foi em direção ao banquinho pegar sua bolsa.

— Obrigada pelo jantar, Josh. Foi maravilhoso. — Ela disse e colocou a bolsa no ombro. — O dia é amanhã, certo?

— Isso mesmo. Até amanhã, sweetie. — Confirmei e ela sorriu, abrindo a porta.

— Até amanhã, Beauchamp. — Falou e foi embora.

Eu estava fodido. Tinha certeza de que não conseguiria ter uma noite com Any e fingir que nada tinha acontecido. Não poderia agir assim enquanto estivesse apaixonado por ela.

Decidi ligar para Noah para dizer que iria desistir dessa proposta e não me importava o que ele pensasse, eu só não queria me enganar mais do que já estava. Ele atendeu no terceiro toque.

Oi! Como foi o jantar? Vocês se diverti...

— Noah, cancele a noite de amanhã. Eu não quero mais fazer isso. — O interrompi.

O quê? — Ele perguntou, incrédulo.
Josh, você não pode desistir agora. Não depois de tudo.

— Por que isso é tão importante para você? É sobre a minha vida que estamos falando, sobre os meus sentimentos. — Suspirei. — Eu não posso viver sabendo que tive Any por uma noite e que ela nunca mais poderá ser minha, apenas por uma merda de contrato.

Não é por causa do contrato, Josh. Você mesmo disse que Any não é mulher de relacionamentos sérios, ou não se lembra disso?

— É claro que eu me lembro, e ela realmente não é. — Respirei fundo antes de continuar. — Nosh, eu estou apaixonado por Any, e não é de agora.

Eu sei disso, Josh. Mas pense bem, certo? Se eu fosse você não iria desperdiçar essa chance.

— Você sabe o porquê de eu estar sem transar há todo esse tempo? Porque eu sempre penso nela, por mais que eu nunca tenha passado uma noite com ela para poder compará-la com qualquer outra mulher. — Eu não tinha me dado conta de que a minha voz tinha se elevado tanto. — Isso pode parecer loucura, mas é isso.

Ouvi meu amigo praguejar baixinho do outro lado da linha.

Josh, faça o que você quiser. Eu vou deixar o contrato aqui, se você quiser, tudo ainda estará de pé. Tchau, tenha uma boa noite. — O moreno desligou.

Deixei o celular em cima da mesa e olhei para a porta. Any havia deixado entreaberta, então fui até a mesma para fechá-la.

A única coisa que eu não sabia era que a morena estava lá encostada e provavelmente ouviu tudo o que eu tinha dito para Noah. Ela me olhou nos olhos rapidamente antes de sumir pelas escadas.

— Merda! — Exclamei assim que fechei a porta atrás de mim.

Any agora sabia que eu era apaixonado por ela e o motivo de eu estar há tanto tempo inativo. Não poderia ter coisa pior.

𝗿𝗲𝗱 𝗱𝗿𝗲𝘀𝘀 | 𝗯𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora