1 ❝ despertar sublime ❞

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【༄】

"Embora estejamos presos à história que devemos contar

Quando eu vi você, bem, eu sabia que a contaríamos bem

Com um sussurro, nós domaremos os mares violentos

Como uma pena, trazendo reinos de joelhos"

— Turning Page (Sleeping At Last)

Jeon Jeongguk viu a cor vermelha pela primeira vez aos treze anos. Antes disso, o mundo era apenas cinza. Era sem forma e vazio. Para ele e sua irmã mais nova, a Terra inteira ficava dentro da enorme floresta em que viviam. Era uma cabana pequena, particularmente fria nos invernos mais rigorosos, mas tinha cheiro de bacon e de lar. Jeongguk queria que ela também tivesse cheiro de família grande, com suores distintos misturados, mas descobriu cedo demais que a vida não era completamente boa para todas as pessoas.

— Eu quero uma carne melhor, a última que você me vendeu tinha gosto de peixe. — Jeongguk disse para o vendedor da barraca de carne da cidade. — Eu vou saber se estiver me enganando.

— Claro. — O homem resmungou. Estava contrariado, mas também estava tempo demais encarando a cicatriz que Jeongguk tinha no olho direito e, isso deve tê-lo assustado. — Eu vou cortar uma para você agora mesmo.

— Ótimo.

A vida não ser completamente boa para todas as pessoas, em sua mente de criança, significava que não ter pais e ser abandonado em um lugar tão vazio fazia parte do lado obscuro da lua, que na época ele usava para descrever a vida em si. Sua vida era uma lua, seu mundo era uma floresta, e o lado obscuro da lua carregava a morte precoce dos pais e o abandono dos parentes. O lado claro, a parte "de sorte" da vida, envolvia sua pequena irmã e suas habilidades de sobrevivência; caça, leitura de estrelas, criação do fogo e reformas na cabana eram só as principais, porque Jeongguk também sabia contar e falar, o que não era muito útil fora da cobertura das árvores.

As idas até a cidade tornaram-se raras quando, após sair para vender alguns legumes na feira, sua irmã foi atacada por um grande lobo branco. Foi a primeira vez que Jeongguk viu o vermelho em toda a sua imponência. Também foi a primeira vez que Jeongguk percebeu que existiam outras cores no mundo, e que nem todas seriam inofensivas como o seu confortável cinza.

— Obrigado pela sua tremenda falta de educação, senhor. — Jeongguk puxou o saco ensanguentado de carne, o tipo de carne que ele geralmente não conseguia em caças, e começou a caminhar de volta para casa. — Patife golpista.

Na noite em que sua irmã foi morta, a lua brilhava forte no céu descoberto. Jeongguk tinha uns trocados no bolso do casaco de pelo de urso e carregava uma pequena boneca de pano. Cristal tinha apenas cinco anos e sempre ficava sozinha porque Jeongguk não conseguia andar no meio da multidão segurando a garotinha pelo pulso, era trabalhoso e cansativo. Na época, com uma mente de criança, Jeongguk não sabia que deixar uma menina tão nova por conta própria seria perigoso, afinal, ela estava protegida pela floresta, o lar dos dois desde o nascimento.

Raízes de Sangue | taekook α β ΩOnde histórias criam vida. Descubra agora