Lua crescente convexa

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— Ai! — Bufei entre risadas nervosas enquanto tampava minha faceta para que ela não me veja.

— O que? — Brincou corando levemente.

— Não, é que — Balbuciei cuspindo palavras nas quais nem eu pude entender.

A fixei e empurrei levemente seu rosto com a outra mão, a mesma riu segurando meus dedos, a ponta de meu dedo indicador e médio rasparem por seus lábios rapidamente, as puxei da mesma velocidade quando suas risadas aumentaram.

Me virei sentindo meu rosto queimar.

— Ei — Cutucou meu ombro, me direcionei a sua frente, remexendo o colar.

— Você gostou? Da gente saindo juntas? — Sua voz parecia soar como se ela estivesse nervosa.

Olhei para meus pés descalços pensando.

— Sim, gostei sim — Sorri aos olhares para ela.

— Certo, só mais uma perguntinha!

— Fala! — A encarei sorridente.

— O que é um Jardim de estrelas? É tipo uma galáxia ou algo assim? — Franziu a testa.

— Era um lugar que gostávamos de ir, é literalmente um tapete de estrelas sólidas que dava pra andar e ficar em cima. Chamamos de jardim porquê ficávamos deitadas juntas olhando para as vias lácteas, como num jardim. — Expliquei me recordando das nossas doces memórias, nas quais ela perdeu.

— Como que sabes?

— Ah, foi a primeira coisa que eu me lembrei, eu acordei num jardim, não lembro aonde agora, mas eu senti que caia e eu vi estrelas antes de cair num jardim.

— Espera... Como a pessoa que você tá morreu? — Me aproximei mais

— O que?

— Pra ficar na terra, o melhor jeito é ocupando um corpo de uma pessoa que morreu recentemente e reutilizar o corpo dela. A garota que eu vim, pelo jeito teve uma overdose, como você morreu?

— Acho que, a sensação de mim caindo foi isso, talvez eu tenha caído de um lugar alto...Ou me jogado, mesmo que senti sem chão, eu me senti tipo, eufórica.

Não soube o que dizer, também não sabia se a morte dessa garota que estou morreu ou se matou. Mas provavelmente foi a segunda opção.

— Podemos ir? Estou com frio e não curto muito ficar na rua de noite. — Comentou gentilmente, assenti calmamente, não via problema de ir.

Caminhamos em direção ao hotel, percebi uma mudança, ela parecia assustada? Achei melhor não falar nada, não queria deixa-la desconfortável.

Entramos no local e subimos pelo elevador, quando fiquei em frente a minha porta, a encarei.

— Bem — Começou a mesma ainda assim tensa. — Boa noite — Concluiu.

— Boa noite — Respondi entrando.

Com a porta fechada as minhas costas, joguei a bolsa na poltrona e me lancei na cama abraçando os travesseiros com o cenho rosado e meu peito turbinado de emoções.

Tive que fazer esforço para levantar-me, no banheiro refleti sobre tudo ao relaxar sob as espumas com cheiro de jasmins na banheira, após isto troquei de roupa para uma mais confortável e preparei meu jantar, não ia ser perfeito tanto quanto o lanche, mas serve.

Satisfeita, com um livro nas mãos, aconcheguei-me na cama viajando pelas visões humanas.


A garota lunarOnde histórias criam vida. Descubra agora