PRÓLOGO.

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"ESTÁ TÃO ESCURO"

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"ESTÁ TÃO ESCURO"

O CHÃO ERA UM BREU aos olhos do garoto, a luz da lua não era fervorosa o suficiente para iluminar a imensa mata em que se encontrava, e por não conseguir passar pela barreira sombria das árvores e iluminar a grama baixa, transformava tudo em uma escura, fria e imensurável floresta. Eram várias as vezes em que ele tropeçava ou machucava os pés descalços por enxergar apenas silhuetas que não eram confiáveis, mas a lua estava lá; direcionada em suas costas, seu brilho leitoso se derramava, mas era sugado pela escuridão do céu.

Escuridão essa que não era o problema, nem a floresta ─ ou a sua falta de sapatos, ─ o problema era o motivo dele se encontrar naquelas circunstâncias, um motivo tenebroso.

Tinha alguém que o fazia se sentir vulnerável à cada segundo, exposto, mesmo estando entre troncos e mais troncos tortuosos. Seu coração aumentara as batidas rápido, muito rápido. A certeza em saber que era um alvo, e o fato de não conseguir ver o seu próprio nariz naquela mata o emoldurava em pavor e agonia. Tudo que ele queria era escapar dali, e encontrar um sinal de vida seguro, algo além daquela... floresta macabra.

Porém, mesmo ansiando pelo sol, não tinha certeza se ele estava perto de nascer, pois a lua continuava estática naquele manto preto sobre sua cabeça.

As suas pernas doíam, a fome amargava na boca como veneno. Ele começava a se arrepender de ter fugido, porque, mesmo que voltasse naquele mesmo instante, ainda seria pego, e castigado, severamente. Nunca se arrependera tanto de aceitar uma proposta, mas, no momento, se culpar não ajudaria em nada.

Então ele a viu: a luz.

Ela era quase bloqueada pelas árvores, mas seus braços luminosos, quentes e amarelados, estavam abertos, o convidando para um abraço caloroso.

"Estou tão cansado" ele pensou, e pensou também que poderia aguentar correr mais um pouco, apenas para alcançar aquele brilho de esperança.

Chegando lá, parou. Apoiou as mãos nos joelhos, recuperando o fôlego que havia perdido, e ergueu a cabeça para ter um vislumbre do lugar para qual a luz tinha o levado. Suas pernas tremiam cruelmente, quase sem forças. Cicatrizes grotescas ─ talhadas há pouco tempo ─ manchavam dos joelhos até os calcanhares.

CORVO BASTARDO ⎯ outonos passadosOnde histórias criam vida. Descubra agora