➵ 20 | três lápides

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Any Gabrielly

Aquele silêncio já estava me agoniando. Os dois me encaravam como se esperassem que eu fizesse alguma coisa, mas eu estava travada.

— Estavam indo pegar o metrô? Eu as levo até em casa. — Will disse como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Eu ainda não sei quem é você, então não vamos entrar no seu carro. — Sabina falou o olhando com desconfiança.

Will abriu a porta do carro e saiu. Eu notei que ele estava bem diferente, mas ainda o reconheci. Eu reconheceria aquele olhar em qualquer lugar do mundo.

— Sou Willam Jones, mas você pode me chamar de Will. — ele estendeu a mão para Sabina, mas ela apenas arqueou a sobrancelha e não o cumprimentou. — Tudo bem. — ele sorriu e afastou sua mão. — Agora que sabe quem eu sou vai aceitar a carona?

— Tá brincando com a minha cara? — Saby continuava na defensiva. — Any, diz alguma coisa!

— É... eu... — eu continuei olhando Will como uma retardada, sem saber o que fazer.

— Any! — Saby me pressionou.

— A carona. — falei rápido. — Sim, eu aceito.

— Any, quem é ele? — Sabina ficou impaciente.

— Sua amiga está com um pouco de dificuldade de dizer, então acho melhor eu esclarecer isso. — Will começou a dizer. — Eu e Any namoramos no colegial. Faz um tempo que não nos vemos. Uns quinze anos?

— E por que você estava seguindo ela?

— Não queria assusta-las, eu só não sabia muito bem como iniciar uma conversa. Fiquei com medo de Any apenas me mandar pastar, então achei melhor observá-la e saber qual a melhor maneira de me aproximar.

— E você é o que? Psicopata?

— Policial, na verdade.

— Vamos logo. — falei dando a volta até a porta do carona. — Sabina, entra!

Algumas pessoas diriam que eu não deveria dar o braço a torcer tão fácil, mas à essa altura do campeonato já estava bem claro o quanto eu era curiosa. Achei que nunca mais veria Will e de repente ele me encontra na maior cidade do mundo e age naturalmente, como se estivesse apenas fazendo uma visita amigável. Eu precisava entender o que ele queria.

Sabina sentou no banco de trás, atrás do motorista. Eu sabia que ela ainda estava desconfiada e não parou de encara-lo pelo retrovisor durante todo o caminho. Foi meio assustador para mim quando eu tentei explicar o caminho e ele disse que já sabia.

Não conversamos, eu não queria fazer aquilo na frente de Saby, não sem antes contar para ela todos os detalhes sórdidos da minha vida. Quando Will estacionou em frente ao meu prédio, eu virei para olhar a minha amiga.

— Pode subir, eu vou depois.

— Não sei se é uma boa ideia te deixar sozinha com um cara que te seguiu por semanas. — ela disse.

— Por favor, Saby, eu prometo subir daqui a vinte minutos, sã e salva.

Ela olhou para ele e depois para mim, parecendo analisar a situação, mas enfim soltou um longo suspiro e assentiu com a cabeça.

— Se passar de vinte minutos, eu desço aqui com um taco de beisebol. — falou antes de abrir a porta do carro e entrar no prédio.

— O que você quer? — vociferei assim que nos vimos sozinhos.

Doce Amargo(Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora