➵ 46 | muletas

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Josh Beauchamp

Fui até o refeitório e peguei um suco de laranja para Any. Estava retornando para o quarto dela quando avistei Sabina vindo da recepção. Não era nenhuma surpresa que ela estivesse com um olhar de pânico. Assim que me viu, ela correu até mim.

— Elas estão bem? — perguntou.

— Sim. A Sofya está no refeitório comendo e a Any está no quarto. Ela levou um tiro na perna, mas não foi nada demais.

— Um tiro? Nada demais? Ela está grávida! — berrou.

— Eu sei. Calma. — apoiei uma das minhas mãos em seu ombro. — Não foi nada grave e ela vai receber alta ainda hoje. Vamos, eu estou indo levar um suco pra ela.

— Eu juro que se a Lívia ou o Will aparecessem na minha frente eu ia mostrar como se deixa alguém cego com uma pancada na cabeça. — esbravejou enquanto caminhávamos pelo corredor.

— Saby, que tal um calmante? Estamos em um hospital, sabe...

— Olha, eu sou o extremo oposto da Any. Os limites dela são bem altos, mas os meus são curtos.

— Isso é perceptível. — ri, abrindo a porta do quarto. — Ny, eu... — parei de falar ao notar o local vazio. — Ué?

— Você disse que ela levou um tiro na perna, então como ela saiu andando?

— Ali está a resposta. — apontei para o armário aberto e apenas uma muleta sem o seu par lá dentro. — Ai, Any, o que você foi aprontar? — murmurei saindo para o corredor.

Eu e Sabina começamos a procurar pelos corredores, olhando sutilmente para os quartos e perguntando para os enfermeiros se não haviam visto ela. E foi aí que nós chegamos até o corredor onde ficava o quarto de Lívia. Um policial estava batendo furiosamente na porta que aparentemente estava trancada.

— Parece que a encontramos. — falei.

— Quem está naquele quarto? — Sabina perguntou me seguindo.

— Lívia. E há poucos minutos, eu e Any descobrimos que foi a Lívia a responsável por amputar a perna da Sofya.

— Puta que pariu. — Saby arregalou os olhos. — Isso é algo que com certeza ultrapassaria os limites da Any.

— Senhorita, eu só vou falar mais uma vez! — o policial gritou. — Se não abrir a porta agora, eu irei arrombar.

— Com licença. — o chamei. — O que está acontecendo?

— Uma maluca entrou lá dentro e se trancou com a meliante.

— Ela não é maluca, só está querendo acertar algumas coisas. — eu disse enquanto pegava a minha carteira. — Eu posso resolver isso, não se preocupe. — tirei duas notas de cem e ofereci para ele. — Vai tomar um café.

O homem me olhou com um pouco de desconfiança, mas pegou as notas, deu as costas e saiu andando.

— Ok, isso foi muito legal. — Saby disse. — Mas você poderia ter sido preso por subornar um policial.

— Eu fui criado por Ron Beauchamp. Reconheço um corrupto quando vejo um.

— Tá bom, Christian Grey, agora tira a Any de lá.

— Any? — bati na porta. — O policial foi tomar um café. Você pode sair.

Ouvimos ela mexer na porta, então a maçaneta girou e ela finalmente abriu. Estava com um olhar travesso, um pouco ofegante e as bochechas levemente vermelhas. Olhei diretamente para o seu punho, agora com fortes hematomas nos ossos dos dedos, a mão coberta de sangue que com certeza não era dela.

Doce Amargo(Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora